Corinthians 0 x 0 Santos
Data: 27/10/1996, domingo, 17h00.
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª fase – turno único – 16ª rodada
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo, SP.
Público: 9.099 pagantes
Renda: R$ 104.245,00
Árbitro: Cláudio Vinícius Cerdeira (RJ).
Cartões amarelos: Bernardo, Souza e Ricardo Mendes (C); Rogério Seves, Ânderson, Alessandro e Marcos Assunção (S).
CORINTHIANS
Ronaldo; Villamayor (Ayupe), Gino, Henrique e Silvinho; Bernardo (Jorginho), Marcelinho Paulista, Souza e Ricardo Mendes; Mirandinha e Caju (Alcindo).
Técnico: Nelsinho Baptista
SANTOS
Edinho; Ânderson Lima, Sandro, Jean e Rogério Seves (Gustavo Nery); Marcos Assunção, Vágner, Piá e Jamelli (Robert); Alessandro e Edgar Baez (Camanducaia).
Técnico: José Teixeira
Times erram, e clássico acaba sem gols
Falhas seguidas dos jogadores de Corinthians e Santos e até do juiz estragam a partida, que termina sob vaias
No “clássico dos erros”, Santos e Corinthians empataram ontem em 0 a 0, no Morumbi. Os jogadores dos dois times e o juiz Cláudio Cerdeira contribuíram para a partida acabar sob vaias.
O Corinthians termina a semana dos clássicos com três empates (São Paulo, Palmeiras e Santos) e seis pontos desperdiçados. Com 25 pontos, está em décimo, fora da zona de classificação.
O Santos, por outro lado, voltou a ficar ameaçado pelo rebaixamento.
O primeiro tempo foi pobre em lances de emoções e cheio de erros ambos os times. Até os 30min, o melhor lance foi criado por um erro do zagueiro santista Jean. Por causa dele, Caju cruzou da esquerda, mas Mirandinha chegou atrasado na bola.
No Corinthians, o volante Bernardo, sem condição física de jogar, distribuía pontapés.
No Santos, Alessandro e Jamelli até que criaram chances, mas a dupla de zagueiros, Jean e Sandro, cometeu vários erros. Edinho teve que disputar bola fora da área para consertar um erro de defesa.
Até o juiz Cláudio Cerdeira errou. Ele deixou de dar vários cartões amarelos e dois pênaltis, um para cada lado: Piá, aos 30min, e Ricardo Mendes, aos 39min.
No segundo tempo, com Jorginho e Alcindo nos lugares de Bernardo e Caju, respectivamente, o Corinthians melhorou. O time só não marcou porque Alcindo, Mirandinha e Souza erraram passes decisivos e finalizações. Por isso, o Santos se safou três vezes de sofrer gols.
Mas as entradas de Robert (23min) e Camanducaia (33min) mudaram o jogo. Foi o Santos que criou chances, mas Camanducaia e Alessandro chutaram sempre no corpo de Ronaldo. O goleiro corintiano fez quatro defesas. Na última, levou uma bolada na genitália.
Se os times melhoraram, o juiz Cláudio Cerdeira continuou errando. Ele deixou de dar cartões amarelos para ambos os times.
Santos, agora, teme até o rebaixamento
O empate no clássico de ontem complicou, e muito, a situação do Santos no Brasileiro.
Com 17 pontos, em 20º lugar, e com remotíssimas chances de classificação, o time passa agora a correr risco de rebaixamento.
No próximo domingo, sem Marcos Assunção e Ânderson, suspensos, o Santos enfrenta o Bragantino, que tem 14 pontos e é um adversário na luta contra o descenso.
Antes, na quinta-feira, em Uberlândia (MG), a equipe enfrenta o Vélez Sarsfield, da Argentina, pelas semifinais da Supercopa.
“Poderíamos priorizar e pensar somente na Supercopa, mas, como nos aproximamos do grupo de baixo do Brasileiro, não podemos bobear”, disse o meia Jamelli.
O técnico José Teixeira concordou. “Temos que jogar tudo também contra o Bragantino. Não resta outra alternativa.”
Santos muda distribuição tática para sair da crise (Em 27/10/1996)
Com a presença do atacante Edgar Baez, o Santos apresenta uma nova proposta tática. Com o paraguaio em campo, Alessandro e Jamelli poderão se preocupar com a construção das jogadas. Sem ele, os dois eram os responsáveis pela finalização a gol.
“Meu desempenho deve melhorar”, comentou Jamelli. “Não vou ficar isolado na frente.”
“Treinei apenas uma vez com Baez, mas senti que é um jogador habilidoso, que sabe se posicionar na área”, afirmou Alessandro.
Para o técnico José Teixeira, que está ameaçado no cargo, o jogo será decidido no meio-campo. O treinador diz que ainda acredita na classificação, apesar de o Santos, com 16 pontos, estar ameaçado pelo rebaixamento.
“Está difícil, mas dá para reverter a situação. Ninguém acreditava que o Santos pudesse chegar à semifinal da Supercopa”, lembrou, referindo-se ao outro torneio que o time disputa.
“Foi importante a classificação na Supercopa. O grupo está animado. O resultado pode aparecer a partir do jogo contra o Corinthians”, disse Jamelli.
Corinthians pega um Santos desesperançado
Eis a grande chance de o Corinthians embalar na direção da classificação, posto que o Santos surge hoje à sua frente já desesperançado do Brasileirão e um tanto envergonhado pela maneira como permaneceu na Supercopa -levou um sufoco do Nacional, em Medellín, perdeu de 3 a 1 e sobreviveu graças a um erro do juiz na decisão por pênaltis.
Tudo isso porque o técnico Teixeira resolveu adotar vexaminosa retranca. Mais que vexaminosa: ineficiente, como quase toda retranca.
Ah, sim, pode-se dizer que o Corinthians de Nelsinho também escapou de uma derrota diante do Palmeiras protegido por feroz ferrolho e com a ajuda do juiz, que anulou gol legítimo de Cléber. A diferença é que o Corinthians, todos sabem, tecnicamente, é muito inferior ao Palmeiras. Além do mais, teve um jogador expulso, e não lhe restou, assim, outra alternativa. Até então, tinha um plano de jogo -mesmo defensivo- que lhe permitia estabelecer um certo equilíbrio.
O fato é que tanto Corinthians quanto Santos, ao longo desta temporada, vinham sofrendo da carência agressiva de um centroavante. Mirandinha já conferiu um mínimo de contundência ao ataque mosqueteiro. Espera-se que o mesmo aconteça com o Santos na estréia do paraguaio Baez.
Assim, apague-se o que aconteceu durante a semana.
Paraguaio Baez estréia hoje
Com a documentação legalizada e a inscrição liberada pela Confederação Brasileira de Futebol, o paraguaio Edgar Baez estréia hoje no ataque do Santos.
Apesar de não prometer gol, diz ser o jogador de área de que o time precisa.
Repórter – Como é para você estrear contra o Corinthians, o maior rival do Santos?
Baez – Toda estréia gera ansiedade, representa responsabilidade. Ainda mais sendo um clássico tão importante.
Repórter – Você é melhor que o Batistuta e o Zamorano?
Baez – Não, nunca disse que era melhor do que os dois. Falei que o meu estilo de jogar é uma mescla dos de Zamorano e Batistuta.
Repórter – Você acha que fará um gol no clássico?
Baez – Não prometo gol, mas acho que seria muito lindo marcar um gol no Corinthians.
Repórter – Você será o salvador da pátria?
Baez – Não, mesmo porque o Santos não precisa de salvador da pátria. Precisa de um goleador. Assisti aos últimos jogos e observei que o Jamelli e o Alessandro não são jogadores de área. Eles são preparadores de jogada.
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