Jogos inesquecíveis
Santos 0 x 0 Portuguesa – 2 x 0 nos pênaltis
Data: 26/08/1973
Competição: Campeonato Paulista – Final
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo, SP.
Público: 116.156 pagantes
Renda: Cr$ 1.502.555,00
Árbitro: Armando Marques
SANTOS
Cejas; Zé Carlos, Carlos Alberto, Vicente e Turcão; Clodoaldo e Léo; Jair (Brecha); Eusébio, Pelé e Edu.
Técnico: Pepe
PORTUGUESA
Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco e Basílio; Xaxá; Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho.
Técnico: Otto Glória
Armando Marques rouba a cena e divide o título do Campeonato Paulista de 1973
Zé Carlos perdeu o primeiro pênalti, que Zecão defendeu. Isidoro perdeu o segundo, que Cejas defendeu. Carlos Alberto fez o primeiro do Santos, a seguir. Calegari falhou na cobrança seguinte. Depois Edu fez o segundo gol do Santos e Wilsinho mandou a bola na trave.
Armando Marques, errando, apontou o Santos como campeão. No entanto, o regulamento determina que cinco devem ser as cobranças para cada equipe e, até então, cada time havia cobrado apenas três penalidades, restando um total de quatro pênaltis, dois para cada time. Como o Santos estava com vantagem de 2 a 0, ainda havia a possibilidade de novo empate, desde que a Portuguesa convertesse os dois pênaltis restantes e desde que o Santos jogasse fora duas oportunidades. Se o empate ao final dessa serie fosse caracterizado, a disputa de titulo prosseguiria, com a cobrança alternada de pênaltis.
Como Armando Marques resolveu encerrar com a série de cobranças, o Santos passou a comemorar a conquista. Os jogadores choravam e corriam, davam inclusive a volta olímpica. Os jogadores se retiravam aos vestiários, também chorando.
A confusão foi formada depois, quando Armando Marques, procurado por José Ermírio de Moraes Filho e por Paulo Machado de Carvalho, reconheceu o seu erro. Chegou-se a afirmar que as equipes voltariam ao campo e que as penalidades restantes seriam cobradas. Mas a Portuguesa não concordou com essa decisão. Os jogadores se trocavam rapidamente e deixavam o estádio, enquanto que os refletores do Morumbi eram apagados. Também os jogadores do Santos, tomando conhecimento da confirmação do erro por parte de Armando Marques, deixaram as comemorações, trocaram de roupa e começaram a se dirigir para o ônibus.
Enquanto isso, havia o corre-corre de dirigentes; do Santos, da Portuguesa, da Federação. Osvaldo Teixeira Duarte, assessorado pelo diretor jurídico, recusava-se a mandar a equipe para campo novamente, defendendo a tese da realização de uma nova partida:
“O senhor Armando Marques teve uma grande atuação. Mas falhou no momento da cobrança de penalidades e, inclusive, reconheceu o seu erro. Agora, nós da Portuguesa vamos dar entrada de um recurso na Federação Paulista de Futebol, pedindo a anulação da partida, com o base no erro de direito do juiz. O regulamento manda que sejam cobradas cinco penalidades por equipe e ele foi desrespeitado. Não podemos aceitar uma solução que nos prejudique”.
O presidente da Federação Paulista de Futebol, procurando contornar o problema, entendia que a solução deveria surgir hoje, quando de uma reunião com os dirigentes:
“Realmente, o senhor Armando Marques se equivocou. Agora precisamos encontrar a solução. Entendo que a partida terminou e que houve falha na cobrança de penalidades. Assim sendo, os penais restantes devem ser cobrados, em outra data. Mas para mim não existe possibilidade de anulação de partida, porque ela foi legal. A cobrança de pênaltis é parte extra e entendo que Pelé, Leo, Cabinho e Basílio devem cobrar os pênaltis que faltam”.
O público já estava longe do estádio, tentando encontrar melhor maneira de fugir do congestionamento. Alguns ainda comemoravam o titulo conquistado pelo Santos, não sabendo que nada ficara decidido. Os que levaram rádios portáteis acompanhavam o noticiário. O recorde de público e de renda provou o interesse pelo jogo e o congestionamento era esperado.
Armando continuava no seu vestiário, protegido por policiais. Mas não houve nenhuma manifestação hostil contra ele.
Pepe, tomando conhecimento do rumo dos acontecimentos, se mostrava contrário à idéia de novo jogo (“Se tiver que jogar de novo, não jogo”). No fim, os dois presidentes conseguiram se encontrar. E uma rápida reunião foi realizada. A Portuguesa concordou em não entrar com o recurso. O Santos aceitou dividir o titulo com o clube adversário. E a Federação proclamou ambos campeões, para evitar a ação do Tribunal de Justiça Desportiva que demandaria em muito tempo e por problemas originados pela ausência de datas disponíveis, caso fosse resolvido que novo jogo devesse ser realizado.
Ouça o áudio abaixo:
Em 28/09/2008 na Rádio Jovem Pan, no quadro Meu Dia Inesquecível no Mundo da Bola, o convidado foi o ponta esquerda Edu, que comentou a final e o erro do juiz Armando Marques.
1 comentário em “26/08/1973 – Santos 0 x 0 Portuguesa – 2 x 0 pênaltis – Campeonato Paulista”
Estava com 11 anos e visitava meus irmãos que moravam em São Paulo. Fomos ao jogo e chegamos cedo no Morumbi, logo após o almoço, meio dia. Tinha tanta gente na arquibancada que não tinha como sair pra ir ao WC. O jeito era fazer uma rodinha e fazer ali mesmo kkkkkk… um grande jogo do Santos… se não me falha a memória foram 4 bolas na trave. No estádio comemoramos a festa do título do Santos. Somente quando estávamos quase chegando em casa, que descobrimos pelo rádio que o juiz tinha errado a contagem dos pênaltis… rsrsrsrs