Santos 3 x 1 Bahia
Data: 25/10/1997, sábado, 21h40.
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª fase – 22ª rodada
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 5.440 pagantes
Renda: R$ 57.450,00
Árbitro: Antonio Pereira da Silva (GO).
Cartões amarelos: Sandro, Marcos Bazílio e Müller (S); João Antonio e Grotto (B).
Gols: Róbson Luis (20-1) e João Santos (34-1); Arinélson (06-2) e Dutra (48-2).
SANTOS
Zetti; Ânderson Lima, Sandro, Ronaldão e Dutra; Narciso, Marcos Assunção (Baiano), João Santos (Arinélson) e Caíco (Marcos Bazílio); Müller e Caio.
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
BAHIA
Willian Andem; Odemílson, Grotto (Fabão), Parreira e Marcos Adriano (Bruno Carvalho); Lima, Ney Santos, João Antonio (Edu Lima) e Róbson Luis; Zinho e Guga.
Técnico: Jair Pereira
De virada, Santos vence e está perto da segunda fase
Mesmo desperdiçando muitas chances, o Santos derrotou o Bahia por 3 a 1, de virada, ontem, e subiu para o quinto lugar do Brasileiro. Com 37 pontos e três jogos a fazer, o Santos está quase na segunda fase.
O Bahia, com 25 pontos e mais seis a disputar, está ameaçado de rebaixamento.
O atacante Muller levou o terceiro cartão amarelo e está fora do próximo jogo da equipe, contra o Vitória, em Salvador.
No primeiro tempo, o ataque santista desperdiçou pelo menos seis chances. Em três, a bola se chocou com a trave.
O Santos se lançou ao ataque desde o início, pelo meio e pelos lados. Os jogadores do Bahia, em resposta, ficavam recuados e fechavam os espaços.
Mas, aos 8min, a defesa do Bahia, a mais vazada do campeonato, falhou. O atacante Muller recebeu nas costas do zagueiro Parreira e, livre, chutou na trave.
Cautelosos, os baianos não conseguiam entrar na área santista e só ameaçavam em chutes de longe. Num deles, saiu o gol baiano. Aos 20min, o time trocou passes rápidos na intermediária santista, até que o meia Róbson Luís chutou de pé esquerdo no canto de Zetti.
Aos 22min, o Santos quase empatou. Caio driblou Grotto na área e chutou colocado, mas a bola foi de encontro à trave. Nos minutos seguintes, o Santos manteve a pressão, finalizou várias vezes, mas o goleiro camaronês William Andem impediu o empate.
Aos poucos, a torcida começou a se irritar com o time, especialmente com os erros do lateral-direito Ânderson no ataque. Mas o técnico Luxemburgo mandou o time insistir pela direita e, num desses ataques, o Santos empatou.
Numa tabela pela direita, a bola sobrou para Ânderson. Ele cruzou a meia altura. O meia João Santos, cuja escalação foi decidida horas antes do jogo, se antecipou e chutou antes que a bola caísse: 1 a 1.
No segundo tempo, com Arinelson no lugar de João Santos, o time santista aumentou a pressão.
E foi dele o segundo gol. Aos 8min, Arinelson lançou Muller pela direita. Acompanhou a jogada e, quando Caio errou o chute, mandou a bola às redes.
Aos poucos, o jogo caiu de ritmo. O Santos foi dando espaço para os contra-ataques do Bahia, que, no entanto, não soube aproveitá-los.
Aos 26min, Caio impediu um gol do Santos. Ânderson chutou, a bola iria entrar, mas Caio, mesmo impedido, tocou para as redes. O juiz anulou o lance.
Aos 43min, quase saiu o empate. O goleiro Zetti falhou, a bola sobrou para Róbson Luís, que, à frente do gol, chutou no travessão.
No fim do jogo, aos 48min, Caio foi lançado, a defesa baiana parou, Andem o desarmou com um carrinho, e Dutra, quase no meio de campo, marcou por cobertura.
Depois de cirurgia, lateral faz gol e chora
O lateral-esquerdo Dutra chorou ao comemorar seu primeiro gol com a camisa do Santos. Foi abraçado pelos companheiros e aplaudido de pé pela torcida.
Aos 48min do segundo tempo, após rebote do goleiro, Dutra marcou quase do meio-campo.
“Foi uma bênção de Deus. Fiquei nove meses parado, recuperando-me da cirurgia no joelho esquerdo. Passei por momentos de indefinição na carreira. Consegui dar a volta por cima”, disse Dutra.
Ele também recebeu elogios do técnico Vanderley Luxemburgo. “O gol de Dutra foi muito bonito. Merece uma placa. Ele chutou consciente, uma batida bonita na bola. Fechou o caixão do Bahia.”
O atacante Muller e o volante Marcos Bazílio receberam o terceiro cartão amarelo e cumprirão suspensão.
Luxemburgo bate recorde no Santos contra baianos (em 25/10/1997)
O Santos precisa vencer o Bahia, às 21h40, na Vila Belmiro, para ficar mais perto da classificação para a próxima fase do Campeonato Brasileiro. O time baiano luta para fugir da ameaça de rebaixamento.
O técnico Vanderlei Luxemburgo tem motivação especial nesta noite. Completa 77 partidas no comando do Santos, superando a marca estabelecida pelo técnico Pepe, que dirigiu a equipe santista em um total de 76 jogos. Será o técnico que dirigiu o Santos mais vezes nos últimos dez anos.
Luxemburgo estreou em 11 de janeiro deste ano vencendo a seleção de Atibaia por 3 a 0, em amistoso. Em 284 dias, obteve 39 vitórias, 19 empates e 18 derrotas. O índice de aproveitamento do time foi de 59,6% dos pontos disputados.
Pepe teve o aproveitamento de 49% dos pontos disputados, com 26 vitórias, 33 empates e 17 derrotas. Permaneceu 399 dias no cargo.
Até ontem, o time para enfrentar o Bahia não estava definido.
“Quero pensar mais na formação do meio-campo. Posso escalar Arinélson ou Alexandre no lugar do João Santos, dando mais velocidade ao meio-campo”, disse Vanderlei Luxemburgo.
A intenção do técnico é evitar que Caio e Muller fiquem isolados à frente da defesa adversária. “O professor Vanderlei tem conversado muito com o grupo. Ele quer o Caíco encostando mais no ataque, buscando o toque de bola. Conversando, vamos longe”, disse o centroavante Caio.
Nas conversas com a equipe, Luxemburgo tem tentado dar confiança aos jogadores. “É importante o jogador se imaginar campeão. Sentir a responsabilidade, lutar pelo objetivo. Isso tem que estar dentro de cada um de nós”, disse o treinador.
O zagueiro Sandro, que substitui Jean, punido com o terceiro cartão amarelo, não se mostra preocupado com Guga, principal atacante adversário, cujo ponto forte é o cabeceio. “Ele não terá moleza”, diz.
Sandro ainda não atuou ao lado de Ronaldão no Brasileiro. “Isso não preocupa. Vale a determinação, a conversa em campo. O Ronaldão é experiente, facilita para qualquer companheiro”, disse o zagueiro.
Depois do Bahia, o Santos enfrenta o Vitória, em Salvador. Os dois últimos jogos nesta fase serão disputados na Vila Belmiro -Cruzeiro e América-RN.
Para presidente santista, Pelé não mais exige clube-empresa
O presidente do Santos, Samir Abdul Hak, disse ontem que é contra a obrigatoriedade da transformação dos clubes -ou de seus departamentos de esporte profissional- em empresas.
“Defendo que essa questão seja opcional. Até o Pelé já reviu sua posição”, disse Hak, o presidente de clube mais próximo de Pelé.
Mesmo divergindo daquilo que o próprio Pelé considera o ponto central de seu projeto de lei, Hak disse que apóia a iniciativa e que votou contra a campanha publicitária em prol de mudanças no texto, que está nos jornais desde ontem e é encomendada pelos clubes da Série A do Brasileiro.
“Votei contra, perdi e aceito a decisão da maioria”, disse à Folha, acrescentando que o projeto precisa ser melhorado.
Hak disse ser favorável ao fim do passe, mas exigiu mais garantias para os clubes. Ele também criticou o voto unitário nas eleições para federações e confederações.
“O Central de Caruaru não pode ter o mesmo que o Corinthians.” O Central é o clube de coração do relator do projeto na Câmara, deputado Tony Gel (PFL-PE).
Amigo e advogado de Pelé, Hak chegou à cúpula do Santos com o apoio da pessoa mais famosa do clube. Em 1993, Pelé apoiou um grupo encabeçado pelo empresário Miguel Kodja, que afirmava ter como projeto a recuperação do clube. Hak foi indicado candidato a vice na mesma chapa.
Em outubro de 1994, pressionado por um escândalo -descobriu-se que o bingo do clube havia gerado um rombo R$ 1 milhão-, Kodja renunciou, e Hak assumiu. No início de 1996, foi eleito para o primeiro mandato. A próxima eleição será em 1998.
Fonte: Estadão
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