A diretoria do Santos anunciou ontem a saída de Giba do cargo de treinador da equipe. A derrota no sábado à tarde para o Goiás, por 3 a 1, foi o estopim para a queda do treinador -jogadores, torcida e dirigentes criticaram o técnico duramente após o jogo.
Existe a possibilidade de Giba assumir outra função no clube, como coordenador técnico. Mas a confirmação depende de um acordo entre ele e Marcelo Teixeira, presidente do Santos, no final da semana. Teixeira está nos EUA e volta quinta ou sexta-feira.
Giba não adiantou ontem se aceitará a proposta. Ele iria viajar a Campinas, onde mora, e tomar uma decisão com sua família.
Os nomes mais cotados para substituí-lo no cargo de técnico do Santos são Renê Simões, Paulo César Carpegiani e Oswaldo Alvarez -o ex-técnico corintiano já tinha sido cogitado para assumir o posto em maio, quando o antecessor de Giba, Carlos Alberto Silva, foi demitido.
Até a noite de ontem, a diretoria santista não havia confirmado quem seria o novo técnico. Antes de ser convidado para comandar o time principal, Giba treinava a equipe de juniores do Santos.
Com 24 pontos na Copa João Havelange, o Santos não vence há cinco jogos -foram três derrotas e e dois empates.
De acordo com os diretores do clube, a decisão de afastar Giba é decorrência dos resultados negativos da equipe e não está relacionada às críticas feitas pelos jogadores santistas ao treinador.
Durante as substituições e no final da partida de sábado, contra o Goiás, Giba foi duramente criticado pelos jogadores e até mesmo pelo diretor de futebol do clube, Paulo Ferreira.
O primeiro a se mostrar descontente com o treinador foi o atacante Edmundo. Ao perceber que a placa de substituição tinha seu número, ele olhou para o banco de reservas e deixou o campo fazendo caretas e reclamações.
Antes de descer para o vestiário, Edmundo -que não queria falar com os repórteres- parou à beira do campo e solicitou a policiais do Batalhão de Choque que o escoltassem até o túnel para evitar o assédio da imprensa.
A atitude de Dodô foi bem mais agressiva que a de seu companheiro de ataque. Logo que foi substituído, ele chegou até o banco de reservas e, em voz alta, perguntou ao técnico: “Pô, Giba, por que você me tirou?” O treinador preferiu não responder e continuou assistindo à partida.
Quem também demonstrava estar revoltado com o desempenho do time era o diretor de futebol Paulo Ferreira. Em entrevista após a derrota, ele falou que nada justificava tantos fracassos.
“A situação está insustentável. Temos de sentar e ver urgentemente onde está o problema, porque nada justifica essa fase pela qual estamos passando”, afirmou.
“Se em algum momento eu perceber que estou atrapalhando, podem ter certeza de que peço demissão”, disse Giba, ao término da partida.
Técnico começou como interino
Em pouco mais de cinco meses, o técnico Giba passou de principal revelação do Campeonato Paulista à vítima preferencial da ira dos torcedores santistas.
O ex-lateral, que teve a melhor fase da sua carreira como jogador no Corinthians, assumiu o Santos em maio, depois da demissão de Carlos Alberto Silva.
No Campeonato Estadual, inicialmente como interino, levou um time antes desacreditado à final da competição, o que não acontecia desde 1984.
No Paulista-2000, dirigiu o time oito vezes, vencendo quatro jogos e perdendo apenas um, na decisão contra o São Paulo.
Com a boa performance na competição, foi efetivado no cargo, mas a decadência não demorou para chegar.
Depois de pregar que estava cumprindo um trabalho nunca antes feito no clube, Giba fracassou nas semifinais da Copa do Brasil, quando o Santos foi eliminado pelo Cruzeiro.
Na ocasião, pela primeira vez, foi chamado de “burro” pelos torcedores, revoltados com a fila do Santos, que não ganha um título importante desde 1984.
Mas foi no Campeonato Brasileiro que Giba perdeu todo o seu prestígio. Além da campanha pífia, o time só ganhou 44% dos pontos que disputou, o treinador se desentendeu com as principais estrelas do time.
Na partida contra a Ponte Preta, criticou as falhas do goleiro Carlos Germano, causando a ira dos outros jogadores da equipe, como o volante Rincón.
Giba reclama de desmando e rejeita cargo (Em 24/10/2000)
O técnico Giba esteve ontem no CT do Santos para se despedir dos jogadores, mas saiu pelo portão do fundo, sem dar entrevistas. Abordado por jornalistas em seu carro, na rua, ele fez um sinal com as mãos mostrando que não iria falar.
Pela manhã, Giba disse que não aceitará uma eventual proposta para continuar no Santos em outra função. “Sou treinador de futebol profissional. Tenho uma carreira pela frente”.
Giba disse ter recebido no domingo um telefonema do presidente Marcelo Teixeira, que teria garantido a ele a permanência pelo menos até o retorno do dirigente dos EUA.
“Dormi empregado e acordei demitido”, disse o técnico, que só tomou conhecimento da dispensa ao ter recebido ontem a comunicação de que não iria comandar o treinamento à tarde. “A última orientação que tive foi para não dirigir o treino. Então, entendo que não sou mais o treinador”, declarou.
Nos 34 jogos em que dirigiu o Santos, Giba ganhou 14, empatou 11 e perdeu 9. Ele assumiu no início de maio, no lugar de Carlos Alberto Silva.
Vindo da equipe de aspirantes, Giba acabou levando o Santos à final do Paulista, contra o São Paulo, mas não conseguiu conquistar o título. Nas duas partidas finais, perdeu uma e empatou a outra.
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