Sport Recife 3 x 1 Santos
Data: 15/11/1998, domingo, 18h30.
Competição: Campeonato Brasileiro – Quartas de finais – Jogo 1 de 3
Local: Estádio Ilha do Retiro, em Recife, PE.
Público: 11.295 pagantes
Renda: R$ 137.925,00
Árbitro: Luciano Augusto de Almeida (DF).
Cartões amarelos: Russo (SR); Argel, Narciso, Eduardo Marques e Viola (S).
Gols: Róbson (20-2), Wallace (23-2), Lima (49-2, de pênalti) e Argel (60-2).
SPORT RECIFE
Bosco; Russo, Alexandre Lopes, Ronaldo e Edson; Sangaletti, Wallace, Lima e Jackson; Leonardo (Valdomiro) e Irani (Róbson).
Técnico: Mauro Fernandes
SANTOS
Zetti; Baiano, Jean, Argel e Athirson; Marcos Bazílio, Narciso, Eduardo Marques (Élder) e Robson Luís; Messias (Jorginho) e Viola.
Técnico: Emerson Leão
Sport vence Santos em meio a tumulto
Jogo é interrompido por 21 minutos após discussão entre o santista Viola e um fotógrafo, à margem do campo
O Sport venceu ontem o Santos por 3 a 1, em Recife, no primeiro confronto das equipes pelas quartas-de-final do Brasileiro. Com o resultado, o time pernambucano só precisará vencer mais um jogo para passar às semifinais.
A derrota obriga o Santos a obter pelo menos um empate na próxima partida, na Vila Belmiro. Com isso, forçaria a realização de um terceiro confronto, em Santos.
Houve confusão em campo e o jogo foi paralisado por 21 minutos no segundo tempo. Jornalistas, policiais e jogadores se envolveram no conflito, criado após a marcação de um pênalti a favor do time pernambucano.
O Sport começou a partida melhor, aproveitando o toque de bola rápido de seu meio de campo. O time perdeu pelo menos quatro chances de gol no primeiro tempo.
A melhor delas foi desperdiçada por Ronaldo, aos 33min. Zetti não conseguiu interceptar um cruzamento na pequena área e o zagueiro cabeceou a bola na trave.
Com um esquema cauteloso, o Santos procurava congestionar a intermediária. Os meias Eduardo Marques e Messias auxiliavam Marcos Basílio na marcação de Jackson, Leonardo e Wallace.
Isolado na frente, Viola era pouco acionado. O time paulista só criou duas chances de gol na primeira etapa, em contra-ataques desperdiçados pelo próprio Viola e Robson Luis.
“Nossa intenção era jogar no contra-ataque, mas não poderíamos recuar tanto”, disse o técnico do Santos, Leão, no intervalo.
No segundo tempo o treinador santista substituiu Messias pelo meia Jorginho, na tentativa de melhorar o toque de bola da equipe. Foi o Sport, no entanto, quem voltou a perder gols, principalmente com Jackson, Irani e Leonardo.
Apesar da pressão, o time pernambucano só fez seu primeiro gol aos 20min, por intermédio de Robson, que havia entrado minutos antes no lugar de Irani. Jackson lançou Leonardo e o atacante tocou de calcanhar para o centroavante chutar e marcar.
Três minutos depois, novamente Jackson lançou para Wallace fazer o segundo gol. Aos 28min, o lateral Russo foi derrubado na área por Zetti e houve confusão.
Os jogadores do Sport reclamaram pênalti e os santistas, impedimento. Viola foi reclamar com o bandeirinha e iniciou discussão com um fotógrafo.
A Polícia Militar entrou em campo para abafar a confusão e o o jogo acabou sendo paralisado.
Apesar do grande tumulto, nenhum jogador foi expulso. Apenas o meia Sangaletti, do Sport, recebeu um cartão amarelo por ter discutido com o juiz ao entender que ele tivesse anulado a marcação do pênalti.
No reinício da partida, o meia Lima, na cobrança do pênalti sofrido por Russo, marcou o terceiro gol do time pernambucano.
Com uma hora de jogo, o zagueiro Argeu, de cabeça, descontou para o Santos. O time paulista ainda perdeu mais uma chance, nos instantes finais da partida. Viola, de cabeça, arrematou um cruzamento na trave do goleiro Bosco.
PM agride santistas no campo
Pelo menos dois jogadores santistas, Viola e Argel, e o técnico do time, Emerson Leão, sofreram agressões de policiais militares e fotógrafos no segundo tempo do jogo de ontem, no estádio da Ilha do Retiro.
A confusão começou aos 28min, logo após a marcação do pênalti contra o Santos. Viola começou a discutir com um fotógrafo e a Polícia Militar, até então à margem do campo, decidiu intervir.
Viola passou a discutir com policiais e recebeu pelo menos dois golpes de cacetete na cabeça, dentro da grande área.
O zagueiro Argel, um dos líderes do grupo de jogadores santistas, tomou a frente da confusão e também foi agredido por policiais com golpes na cabeça.
Com a invasão de campo por policiais, repórteres e fotógrafos, o jogo foi paralisado pelo juiz Luciano Augusto Almeida.
Tanto o técnico santista, Leão, como seu colega do Sport, Mauro Fernandes, entraram no gramado para separar seus jogadores da confusão. Enquanto gritava com o árbitro, Leão foi agredido por um fotógrafo com sua máquina.
Ainda durante o jogo, o treinador santista teria insinuado que Almeida pode ter problemas se for apitar na Vila Belmiro algum dos dois jogos restantes de sua equipe nas quartas-de-final. O estádio do Santos teve capacidade de público liberada para 26 mil pessoas e receberá a próxima partida entre as duas equipes nessa fase, no próximo domingo.
“O bandeirinha atrapalhou o lance. Ele levantou a bandeira, o Zetti parou, mas o juiz mandou seguir”, disse Leão, técnico do Santos, sobre o lance que deu origem ao terceiro gol do Sport.
“A polícia de Recife é despreparada. Isso não existe no futebol”, disse indignado o centroavante Viola, após enfrentar policiais militares no estádio da Ilha do Retiro.
Sport e dependência da Vila desafiam Santos em Recife (Em 15/11/1998)
Equipe paulista não vence uma partida há 50 dias fora de seu estádio
O Santos terá que mostrar hoje sua capacidade de superar a “dependência em relação à Vila Belmiro” para vencer o Sport, em Recife, em seu primeiro confronto das quartas-de-final do Brasileiro.
Por ter feito melhor campanha, os santistas terão o mando do segundo e do terceiro jogo. Este ocorrerá se os dois primeiros não tiverem o mesmo vencedor.
No início da competição, o Santos finalmente mostrou que era capaz de vencer fora de seu estádio, um dos maiores problemas nas temporadas anteriores, especialmente em 1997, sob o comando de Wanderley Luxemburgo.
Nas primeiras 14 rodadas do Brasileiro deste ano, o Santos fez sete jogos fora -conseguiu cinco vitórias, um empate e uma derrota.
A situação se inverteu nos últimos 50 dias. A última vitória santista ocorreu no dia 26 de setembro, 2 a 0 sobre o Corinthians, no Pacaembu, em São Paulo.
Desde então, como visitante, o time fez quatro jogos, com dois empates (1 a 1 com o Coritiba e 2 a 2 com o América-RN) e duas derrotas (3 a 1 para o Vasco e 2 a 1 para o Botafogo).
Para o técnico Emerson Leão, os frequentes desfalques, motivados por contusões e suspensões, fizeram o time perder parte da capacidade de jogo coletivo demonstrada no início da competição, qualidade mais marcante do Santos.
“Temos de admitir que perdemos um pouco no conjunto. Éramos um time mais batedor, mais compacto”, declarou o treinador.
O Santos teve a seu favor, segundo o técnico, o fato de não figurar no início entre os favoritos para a conquista do título. “No começo, ganhamos mais fora também porque o pessoal não acreditava muito no Santos.”
Para o zagueiro Argel, para voltar a vencer, o time terá de aplicar a mesma fórmula usada na metade inicial do Brasileiro -eficiência na marcação e nos contragolpes. “Foi assim que ganhamos tantos jogos fora da Vila Belmiro.”
O problema para recuperar o conjunto acontece porque dois dos jogadores-chave, o próprio Argel e o meia Jorginho, ficaram quase dois meses parados, por lesões, e só voltaram ao time na quinta-feira, quando a equipe perdeu para o Botafogo, em Niterói.
Leão também está insatisfeito com os substitutos de Aristizábal e Lúcio, que sofrem contusões, que os tiraram da competição. Os mais criticados no último jogo foram o meia Robson Luiz e o atacante Alessandro, a quem Leão atribuiu a culpa pelo segundo gol carioca.
Por isso, há possibilidade de o time sofrer modificações no meio-campo e no setor ofensivo. O meia Eduardo Marques, que vinha substituindo Jorginho, mas não atuou contra o Botafogo, pode jogar ao lado do próprio Jorginho.
O meia Messias, que no Rio atuou na lateral esquerda, também pode jogar.
Viola nega pretensão de ser artilheiro
A eliminação do Atlético-MG aumentou a chance de o atacante Viola se tornar, pela primeira vez, o artilheiro do Brasileiro. Ele tem 17 gols, um a menos do que Valdir, do time mineiro.
Mesmo nessa situação, Viola nega que esteja preocupado com a disputa. “Independentemente de ser artilheiro, quero ser campeão”, afirma.
Repórter – Quando o campeonato começou, o Santos não era apontado como um dos favoritos. Ainda continua assim?
Viola – Com trabalho e dedicação, provamos que somos um time grande, mesmo sem estrelas. Mas ainda corremos por fora.
Repórter – Quais são, então, os favoritos?
Viola – Acho que todos têm chances de vencer e poder disputar a Libertadores.
Repórter – A eliminação do Atlético-MG te ajuda a superar o Valdir e se tornar o artilheiro do campeonato?
Viola – Nunca me preocupei em ser artilheiro, em estar brigando com alguém. Uma equipe que quer ser campeã não pode depender só do centroavante. Do lateral-direito ao ponta-esquerda, todos têm de fazer gols.
Repórter – No Santos, o único jogo em que foi vaiado foi justamente contra o Sport (0 a 0), quando perdeu um pênalti. Isso cria um desafio especial para a próxima partida?
Viola – Desafio, nunca. O problema com aquela meia dúzia não aconteceu mais. Todos perceberam que eram pessoas que queriam nos prejudicar.
Repórter – Nos jogos em que não marcou gols, você disse que a bola não chegara ao ataque. Isso muda com a volta do Jorginho?
Viola – Não me lembro de ter dito isso, mas é lógico que o Jorginho tem uma experiência boa, vinha jogando com um entrosamento maior. Mas, se a bola não chegar, vou tentar buscar, abrir espaços para que meus companheiros também possam fazer gols.
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