Cruzeiro 1 x 0 Santos ( 3 x 4 nos pênaltis )
Data: 13/09/2006, quarta-feira, 22h00.
Competição: Copa Sul-Americana – Fase preliminar – Jogo de volta
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, MG.
Público: 4.278 pagantes
Renda: R$ 18.620,00
Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (PE)
Cartões amarelos: Gladstone (C); Wellington Paulista e Heleno (S).
Gols: Wagner (05-2).
CRUZEIRO
Fábio; Gabriel, Thiago Heleno, Gladstone e Júlio César; Fábio Santos, Élson, Martinez (Sandro) e Wagner; Geovanni e Carlinhos Bala (Diego).
Técnico: Oswaldo de Oliveira
SANTOS
Felipe, Ronaldo Guiaro, Luiz Alberto e Domingos; Paulo (Dênis), Heleno, Cléber Santana, Rodrigo Tabata (Kléber) e Carlinhos; André Oliveira (Jonas) e Wellington Paulista
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Nos pênaltis, Santos elimina Cruzeiro e segue na Sul-Americana
O Santos segue na Copa Sul-Americana e vai enfrentar o argentino San Lorenzo, no próximo dia 27, em Buenos Aires. O Peixe garantiu sua vaga na fase internacional da competição, nos pênaltis (4 x 3), depois de ser derrotado, por 1 x 0, no tempo normal, nesta quarta-feira, no Mineirão. Dessa forma, houve uma inversão no resultado do jogo de ida, que tinha sido ganho pelo time santista, também por 1 x 0, no Pacaembu.
O time santista jogava pelo empate e podia perder até por um gol de diferença, desde que marcasse no Mineirão, o que acabou não acontecendo. Sem a sua força máxima, repetindo procedimento do primeiro jogo, o Peixe atuou com o regulamento debaixo do braço e priorizou a marcação. Só passou a atacar depois que o Cruzeiro marcou o seu gol, recorrendo até mesmo a jogadores titulares, como o lateral-direito Dênis, que substituiu a Paulo.
Só que o time de Vanderlei Luxemburgo não teve a força ofensiva necessária para conseguir o empate, que garantiria a vaga nos 90 minutos, obrigando a decisão pelos pênaltis. Quando o Peixe conseguiu finalizar, o goleiro Fábio, da Raposa, teve boa participação. Já o Cruzeiro também criou chances para ampliar o placar, mas faltou pontaria a seus atacantes. Quando o chute saiu certo, o jovem goleiro Felipe apareceu bem. Aos 45min, ele salvou o gol em chute de Fábio Santos.
O Cruzeiro não conseguiu a vaga nos pênaltis, mas, pelo menos quebrou o jejum de vitórias no Mineirão. O clube celeste não conseguia ganhar nesse estádio desde os 2 x 0 sobre o Corinthians, pela 11ª rodada do Nacional, em 12 de julho. Desde então, foram cinco empates e uma derrota. A vitória sobre o São Caetano, por 3 x 0, a única no período, foi no Independência.
A vitória sobre o Santos e a classificação para enfrentar o San Lorenzo, eram consideradas fundamentais para amenizar a crise no Cruzeiro e ajudar na reação no Brasileiro, a partir do jogo contra o Palmeiras, no próximo domingo, novamente no Mineirão. A estréia do lateral-direito Gabriel e o retorno de cinco titulares, que estavam contundidos, casos de Thiago Heleno, Fábio Santos, Martinez e Wagner não garantiram a vaga.
Já o Santos, que ocupa a terceira colocação no Brasileiro, com 39 pontos, a quatro do líder São Paulo, havia priorizado a competição nacional, embora considerasse importante seguir na Sul-Americana. No próximo domingo, o time santista pega a Ponte Preta, em Campinas, enquanto a Raposa recebe o Palmeiras, no Mineirão.
O jogo
Obrigado a vencer, o Cruzeiro tomou a iniciativa do ataque, logo no início da partida, procurando arriscar chutes de longa e média distâncias. Em cinco minutos, o time celeste já havia batido duas vezes, de longe, para fora, mas com algum perigo para o goleiro Felipe. Na primeira vez, a 1min, foi Martinez quem chutou e, na segunda, foi Geovanni, com a bola indo para escanteio.
No minuto seguinte, o Peixe levou um susto, quando o volante Fábio Santos, um dos quatro jogadores que voltou após ausência por contusão, tentou um passe e a bola desviou em Luiz Alberto, encobrindo por pouco o gol defendido por Felipe. O começo da partida foi caracterizado por um Santos muito cauteloso, que praticamente não atacava, e um Cruzeiro tentando impor um ritmo mais veloz de chegada à frente.
Aos 16min, quando Carlinhos Bala chutou de dentro da grande área, o Cruzeiro já havia finalizado cinco vezes, contra nenhuma do time santista. Mas, se o time mineiro demonstrava qualidade para criar jogadas ofensivas, não mostrava pontaria nas conclusões. A primeira vez que uma finalização teve a direção certa, foi aos 19min, quando o baixinho Carlinhos Bala conseguiu cabecear, mas tocou fraco na bola, facilitando a defesa de Felipe.
O goleiro Fábio, do Cruzeiro, por sua vez, tinha pouco trabalho. A primeira vez que interferiu foi aos 23min, em um cruzamento da esquerda, quando colocou a escanteio. Já a equipe celeste seguia finalizando. Aos 27min, Ronaldo Guiaro tentou cortar um chute de longe e ajeitou para Carlinhos Bala, que demorou para arrematar, permitindo a recuperação do zagueiro santista.
A partida, a partir dos 30min, caiu muito o ritmo, tornando-se monótona e sem qualidade. Os dois times erravam muitos passes – 18 pelo Cruzeiro e 14 do Santos -, além de permitirem muitas recuperações de bola por parte do adversário: 13 do Peixe, contra 10 da Raposa. Os donos da casa, que no início, tentavam as jogadas de linha de fundo, especialmente pela direita, com o estreante lateral Gabriel, passaram a concentrar as jogadas pelo meio.
Nos primeiros 45min, o time de Oswaldo de Oliveira finalizou 12 vezes, 11 delas para fora, enquanto a equipe de Vanderlei Luxemburgo arrematou apenas três vezes, duas sem direção e uma facilmente defendida por Fábio. O primeiro chute a gol do Peixe aconteceu somente aos 33min, por intermédio de Cléber Santana, que errou por muito o alvo.
Wellington Paulista, único atacante escalado por Luxemburgo, reconheceu que o time finalizou pouco. “Temos de chegar mais de trás, tocando a bola para chegarmos em condições de finalizar”, afirmou. Já o volante Fábio Santos observou os erros de conclusão. “Estamos pecando na finalização e isso não pode acontecer em um jogo tão difícil. É preciso mais concentração”, analisou o jogador cruzeirense.
O Cruzeiro voltou com a mesma formação para o segundo tempo. “Não foi ruim, tivemos domínio, mas precisamos intensificar a nossa movimentação para ganhar a partida”, analisou Oswaldo de Oliveira. Já o Santos mexeu em duas posições. Entraram Kléber e Jonas para as entradas de Rodrigo Tabata e André Oliveira. “Vamos forçar o ritmo no meio, pois o Cruzeiro tem jogadores voltando e podem sentir”, justificou Vanderlei Luxemburgo.
O reinício da partida não foi diferente. O Cruzeiro tentando tomar a iniciativa ofensiva e arriscando os chutes de longa distância, como aos 4min, com Élson, enquanto o Santos seguia priorizando a defesa. Aos 6min, o time da casa marcou o seu gol. Heleno fez falta em Fábio Santos, que foi batida rapidamente. Gabriel avançou pela direita e cruzou para Wagner marcar. Felipe ainda tocou na bola, mas não evitou o gol, em lance muito reclamado pelos jogadores santistas e por Vanderlei Luxemburgo.
Após o gol celeste, o Santos modificou a sua postura, passando a ter mais pressa e também a atacar mais. Cléber Santana em chute forte ameaçou o goleiro Fábio. O Cruzeiro, entretanto, teve mais espaços nos contra-ataques e quase ampliou, aos 16min, quando o zagueiro Thiago Heleno, duas vezes, finalizou, mais não conseguiu acertar o gol. Aos 19min, o goleiro da Raposa bobeou, em bola recuada para ele, e quase permitiu o empate santista.
Mais ofensivo, o Peixe criou oportunidades para empatar a partida. Aos 26min, Kléber cruzou e Jonas cabeceou bem, obrigando o goleiro Fábio a difícil defesa, colocando a bola para o escanteio. Mas se o Santos atacava, a esse momento o Cruzeiro contra-atacava, deixando o jogo aberto. Apesar da pressão final, o time mineiro não conseguiu o segundo gol e a decisão foi mesmo para os pênaltis.
Santos condena atuação de árbitro
A decisão do árbitro Wilson Souza Mendonça em dar prosseguimento ao lance que originou o gol do meia cruzeirense Wagner revoltou o técnico do Santos, Vanderlei Luxemburgo, e o capitão da equipe, o zagueiro Luiz Alberto. Com a vitória da Raposa no tempo normal, a decisão da vaga foi decidida somente nas penalidades, com êxito santista, que alcançou a etapa internacional da Copa Sul-Americana.
Luxemburgo não economizou críticas ao juiz da partida, classificando Mendonça como arrogante, confuso e complicado. Segundo Luxa, o árbitro acumula diversos afastamentos no quadro de arbitragem devido a sucessivos erros cometidos em campo.
“Ele nos prejudicou mais uma vez. O Wilson tava com o apito na boca à espera do atendimento médico e não poderia ter deixado seguir a jogada. Ele é um pouco complicado e arrogante, apitando como se fosse o senhor do espetáculo. Tem sido afastado constantemente”, esbravejou Luxa.
Não bastasse a reclamação sobre a feitura do gol do Cruzeiro, o comandante alvinegro também considerou estranha a decisão de Mendonça em determinar as cobranças de penalidades no lado em que a torcida local era maior. “Ele escolheu as cobranças no lado da torcida do Cruzeiro. Qual o critério ele adotou para mandar os pênaltis a favor do Cruzeiro?”, indagou.
A jogada que resultou no gol do cruzeirense Wagner ocorreu após uma cobrança de falta rápida, cometida pelo volante Heleno no meio-campista Fábio Santos na segunda etapa. O atleta santista aguardava o atendimento médico em virtude da entrada ríspida no atleta da Raposa, entretanto, Mendonça deu prosseguimento ao jogo autorizando a cobrança da falta mesmo afastada do local onde originou a falta.
A bronca com Wilson de Souza Mendonça não ficou restrita ao técnico Luxemburgo. O zagueiro Luiz Alberto avalia que o árbitro deveria interromper a seqüência da jogada que culminou no gol adversário.
“Que eu saiba, quando um jogador está no chão sentindo muitas dores, o árbitro tem o dever de esperar um pouquinho. E pior é que depois ele acompanhou o lance com as mãos na cintura, totalmente fora da jogada. Não sei o que passa nas cabeças desses árbitros. Para completar, ele mandou cobrar os pênaltis no lado do Cruzeiro”, criticou Luiz Alberto à rádio Itatiaia.
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