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07/05/2003 – Santos 2 x 2 Nacional-URU – 3 x 1 pênaltis – Copa Libertadores

Santos 2 x 2 Nacional – 3 x 1 nos pênaltis

Data: 07/05/2003, quarta-feira, 21h40.
Competição: Copa Libertadores – Oitavas de final – Jogo de volta
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 20.000 pagantes
Renda: R$ 285.094,00
Árbitro: Héctor Baldassi (ARG)
Cartões amarelos: Elano, André Luís, Alex, Ricardo Oliveira, Paulo Almeida (S); Eguren, Benoit, Machado, Curbelo e Peralta (N).
Gols: Ricardo Oliveira (09-1), Eguren (38-1) e O´Neill (41-1); Eguren (19-2, contra).
Pênaltis: Ricardo Oliveira, Elano e Renato (S) marcaram. Munúa marcou; Peralta, Morales e Juárez (N) desperdiçaram.

SANTOS
Fábio Costa; Elano, Alex, André Luis e Léo; Paulo Almeida, Renato, Nenê (Douglas) e Diego; Robinho e Ricardo Oliveira.
Técnico: Emerson Leão

NACIONAL-URU
Munúa; Benoit, Machado, Curbelo e Leites; Scotti, Vanzini (Juarez), Eguren e Morales; O’Neill (Mendez) e Alvez (Peralta).
Técnico: Daniel Carreño



Em jogo dramático, Santos consegue a classificação nos pênaltis

A classificação do Santos para as quartas-de-final da Taça Libertadores não poderia ter sido conquistada de forma mais dramática. Depois de abrir o placar, o time sofreu a virada do Nacional ainda no primeiro tempo, conseguiu o empate de 2 a 2 na etapa final e venceu na disputa por pênaltis.

Como na finalíssima do Brasileiro-2002, o atual campeão nacional demonstrou maturidade nos momentos mais complicados da partida desta quarta-feira e manteve o sonho do tricampeonato. O próximo adversário será Deportivo Cali ou Cruz Azul, que empataram em 0 a 0 no primeiro jogo, no México.

O goleiro Fábio Costa, que falhou no segundo gol dos uruguaios, se redimiu nos pênaltis e terminou como herói da classificação, como na final do ano passado. Ele defendeu três das quatro cobranças do Nacional enquanto o Santos marcou seus três.

“Gostaria de agradecer a torcida. Foi uma das emoções mais fortes da minha vida. Talvez um momento mais gostoso até que o título [do Brasileiro-2002]”, disse o goleiro, que antes das penalidades teve seu nome gritado pelos 20 mil torcedores que lotaram a Vila Belmiro.

O jogo

Impondo um forte ritmo no começo do jogo, o Santos deu a impressão que se classificaria com relativa facilidade. A principal arma nos minutos iniciais eram os cruzamentos de Elano, improvisado na lateral-direita no lugar de Reginaldo Araújo.

No primeiro levantamento, aos 5min, Ricardo Oliveira subiu sozinho e cabeceou no travessão. Quatro minutos depois, em jogada semelhante, o atacante se antecipou à zaga uruguaia e marcou.

Depois de abrir o placar o Santos quase aumentou a vantagem. Primeiro com o zagueiro Alex, que cobrou falta com força de longa distância e acertou o travessão. Em seguida, após troca de passes no ataque, Ricardo Oliveira chutou forte para fora, assustando o goleiro Munúa.

O Nacional só começou a jogar aos 33min, quando O’Neill (o melhor do time) cobrou falta direto e obrigou Fábio Costa a fazer grande defesa.

A surpreendente virada veio em três minutos. Após cobrança de escanteio, Eguren acertou uma linda bicicleta e marcou um golaço aos 38min. Logo a seguir, O’Neill bateu falta direto e Fábio Costa, que colocou apenas um jogador na barreira, não evitou o gol.

A Vila Belmiro, que estava em festa no começo do jogo, ficou em silêncio no final do primeiro tempo. No retorno do intervalo, a torcida passou a incentivar e o time voltou a dominar a partida.

Diego e Robinho tiveram as primeiras boas chances, mas falharam na conclusão. Mas aos 19min o Santos contou com a ajuda de Eguren, que marcou contra, e empatou a partida. No lance, o zagueiro André Luís fez uma carga sobre o uruguaio, que acabou tocando de cabeça contra seu próprio gol.

A equipe da Baixada seguiu pressionando, quase marcou de cabeça com Alex, mas não evitou a disputa por pênaltis. A Vila voltou então a viver momentos de apreensão.

Mas o temor da torcida santista por uma eliminação começou a se diluir quando Fábio Costa defendeu a primeira cobrança, de Peralta. Depois, voltou a entrar em ação ao impedir o gol de Morales. O goleiro Munúa fez para o Nacional, mas Juárez também parou nas mãos de Fábio Costa.

Ao contrário dos uruguaios, os jogadores do Santos estavam com a pontaria afiada e Ricardo Oliveira, Elano e Renato marcaram para levar o clube às quartas-de-final da Libertadores.

Fábio Costa garante sonho do Santos na Libertadores

Goleiro falha e permite virada do Nacional, mas defende três vezes na decisão por pênaltis e empurra campeão brasileiro para as quartas-de-final do torneio que só ganhou na era Pelé

Na falta de brilho de Diego e Robinho, Fábio Costa saiu como o herói iluminado da classificação do Santos ontem na Libertadores. Graças a três defesas do goleiro nas cobranças de pênaltis, o time de Leão mordeu a vaga para as quartas-de-final do torneio sul-americano eliminando o Nacional do Uruguai na Vila Belmiro.

A partida do Santos contra a equipe que quase arrancou a dentada o dedo de Diego no 4 a 4 em Montevidéu, no jogo de ida, acabou 2 a 2 em seu tempo normal.

No desempate dos pênaltis, se Fábio Costa garantiu a vitória defendendo, Ricardo Oliveira, Elano e Renato ajudaram com gols.

O Santos é o primeiro time brasileiro a se classificar para as quartas-de-final da Libertadores 2003. Seu adversário sai do confronto entre Cruz Azul e Deportivo Cali.

Ontem foi a primeira vez que o time da Vila Belmiro, que já foi bicampeão do torneio continental nos tempos que quem salvava era Pelé, experimenta a cobrança de pênaltis na Libertadores.

Para o jogo, Leão veio com um time bem ofensivo, com o atacante Nenê no lugar do lateral Reginaldo Araújo. Nos primeiros minutos, essa opção pelo ataque total prendia os uruguaios em seu campo. As bolas vinham pela esquerda (Nenê), meio (Diego) e direita (Elano), sempre resultando em jogada de perigo.

Aos 3min, Nenê arriscou de esquerda e quase marcou. Aos 5min, Elano cruzou para Ricardo Oliveira, sozinho, cabecear no travessão. E aos 9min, em jogada igual, a trave não salvou o Nacional. Elano fez o mesmo e Ricardo Oliveira também, desta vez de modo certeiro. Santos 1 a 0.

O mesmo apetite santista pelo ataque era nítido também na hora de cometer faltas. Tentando descontar o tratamento recebido no Uruguai na primeira partida, o time da Vila Belmiro aproveitaria a vantagem no placar para caprichar nas jogadas duras.

O Santos acabaria o primeiro tempo com cinco cartões amarelos, contra três dos “violentos” uruguaios. O final do jogo contabilizaria um total de dez amarelos, somando as duas equipes.

Essas jogadas faltosas iam municiando o Nacional, que tinha o meia O’Neill em noite feliz nas bolas paradas. Aos 38min, ele bateu escanteio da esquerda. Espirrada, a bola acabou para o meia Eguren empatar, de bicicleta.

Outro belo gol uruguaio veio aos 42min. O inspirado O’Neill ameaçou cruzar em cobrança de falta pela intermediária direita e bateu direto a gol, enganando Fábio Costa. Nacional 2 a 1.

“Todo mundo chegou ao vestiário com cara de bunda”, lembrou Leão. “O que eu fiz foi dar apoio.”

No segundo tempo, o Santos começou assustado, e o Nacional, fechado. Com Ricardo Oliveira anulado, Robinho errando e Diego mal, era preciso encontrar um meio para furar o bloqueio uruguaio. Aí o Santos “achou” mesmo o empate, aos 20min. André Luís e Eguren se agarravam na área pequena quando Elano cobrou falta da direita. A bola bateu na cabeça do uruguaio e entrou.

O empate inibiu as duas equipes, que pouco arriscavam. O Santos ainda poderia ter conseguido sua vitória no tempo normal, se o árbitro não interpretasse mão na bola de Ricardo Oliveira, em uma jogada aos 47min em que o lateral Léo marcou, em vão.

Assediado, Leão diz que o coração é Santos

Técnico admite contato com dirigentes do São Paulo, mas descarta, por enquanto, deixar órfãos os Meninos da Vila

O São Paulo quer Emerson Leão. O Santos até admite que pode perdê-lo. Mas a dramática vitória de ontem, sobre o Nacional, do Uruguai, pela Libertadores, pode ter garantido a sobrevida do técnico no clube da Vila Belmiro.

Os 3 a 1 nos pênaltis contra o time de Montevidéu devem minar as investidas do São Paulo sobre o treinador. Mesmo com uma boa proposta financeira, dificilmente ele sairia do Santos agora, com a classificação para as quartas-de-final da Libertadores da América.

“Convites e interesses de outros clubes me deixam profissionalmente feliz, mas meu coração só fica contente com o Santos em campo”, declarou o técnico, após o jogo de ontem, descartando uma mudança por enquanto.

O discurso poderia ser outro caso o Nacional tivesse vencido.

Leão já havia avisado a diretoria de que fora procurado pelo São Paulo. A cúpula santista já admitia perdê-lo por causa de dinheiro e demonstrava irritação com a sondagem do clube do Morumbi.

A principal preocupação da diretoria santista era com o valor da oferta ao técnico. Segundo o diretor de futebol do time da Vila, Francisco Lopes, as chances de Leão permanecer no Santos só dependeriam de nova proposta são-paulina, já que a primeira não teria sido “tão atraente”.

“Pelo que eu entendi da reunião franca que fizemos ontem [anteontem], os valores apresentados não foram os mesmos que são pagos para o Kaká e o Ricardinho. Acho que o Leão não vai trocar seis por meia dúzia. Mas nós sabemos que hoje ninguém joga futebol por amor à camisa. Queremos aqui só quem quer ficar no Santos. Se ele aceitar [o que ofereceram”, que seja feliz no São Paulo”, afirmou o dirigente.

Para deixar o Santos, Leão teria que pagar ao clube uma multa rescisória equivalente a três meses de seu salário -cerca de R$ 100 mil mensais livres não declarados. Um valor considerado “irrisório” para impedir uma negociação, segundo o diretor santista.

Irritado, Lopes considerou a postura do São Paulo antiética, já que os santistas estavam às vésperas de um jogo “importante e histórica” na Libertadores.

Apesar de Leão já ter deixado vazar a proposta são-paulina, a diretoria do clube do Morumbi tenta mostrar tranquilidade e sinaliza com a manutenção de Roberto Rojas, há cinco dias como interino, até conseguir fechar com o técnico “certo” para o clube.

Ontem, sob comando do chileno, o São Paulo empatou em 0 a 0 com o Goiás pela Copa do Brasil.

“Esperamos um técnico que tenha disputado decisões nos últimos tempos. É bom ter alguém no comando que nos dirija. Tenho certeza de que o São Paulo tomou a decisão certa”, disse o goleiro Rogério, capitão do time, após a partida, descrevendo o perfil de Leão. Naquele momento, o Santos ainda decidia sua vaga.

Mesmo com a pressão do grupo de jogadores e da torcida, o presidente Marcelo Portugal Gouvêa despachou normalmente e disse que não tem pressa para anunciar o novo treinador. O recado foi passado aos conselheiros, em reunião realizada anteontem.

Segundo o dirigente, o São Paulo não pode fazer as vias de laboratório e se apressar a contratar um técnico qualquer e se ver envolto a uma nova crise em breve.

Com a diretriz traçada pelo presidente, o diretor de futebol Carlos Augusto Barros e Silva embarcou para Goiânia, onde chefiou a delegação e assistiu ao jogo. Pela agenda, só haveria uma reunião de cúpula hoje, às 18h, para definir se o time participará ou não da Copa da Paz, na Coréia, em julho.

O vice-presidente do clube, Márcio Aranha, acredita que a política de Gouvêa é acertada. Rojas esteve bem contra o Figueirense no último domingo e, provavelmente, terá que comandar o time do banco de reservas contra o Atlético-MG, domingo, porque não haverá tempo hábil para o novo técnico trabalhar.

“Iluminado”, Fábio Costa vira ídolo de colegas

O técnico Emerson Leão classificou o momento de Fábio Costa durante a vitória na disputa por pênaltis sobre o Nacional, anteontem, como “iluminado”.

Para ele, ex-jogador da posição, o melhor que poderia ter acontecido para o goleiro aconteceu.

“O mais importante foi a recuperação dele na partida porque quando chegou ao vestiário estava muito triste”, disse Leão, em referência à falha de Fábio Costa no segundo gol do Nacional.

Na série de pênaltis, após o empate por 2 a 2, ele fez três defesas e classificou o time para as quartas-de-final da Libertadores.

Costa afirmou que o abatimento foi proporcional à dimensão da falha, que poderia ter deixado o Santos fora da Libertadores. “O abatimento era normal, mas a superação veio em dobro”, disse.

Um dia depois da jornada em que se converteu no herói da classificação, ele foi incensado pelos companheiros. “Não estive num dia inspirado, mas o Fábio voltou a salvar a gente, como já fez muitas vezes”, afirmou Robinho.

Estádio pode ser interditado

A pontaria da torcida santista se mostrou melhor que a do ataque de Leão no jogo de ontem. Mas isso pode ser prejudicial à sequência do Santos na Libertadores.

A Vila Belmiro corre risco de interdição por causa dos copos e chinelos atirados nos jogadores uruguaios e até no árbitro da partida, o argentino Héctor Baldassi, que foi atingido por recipientes com líquidos no primeiro tempo.

Na segunda etapa, o juiz chegou a interromper a partida por dois minutos, quando objetos lançados ao campo se confundiam com a bola na hora em que o Nacional cobraria uma falta.

No banco de reservas uruguaio, a chuva foi incessante, o que levou um representante do visitante a reclamar formalmente ao comissário da Conmebol. Já o atacante O’Neill fez cera simulando que fora alvejado. Na chegada à Vila, porém, o ônibus com o time estrangeiro foi alvo de pedradas.


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