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06/09/1998 – Santos 0 x 0 Sport Recife – Campeonato Brasileiro

Santos 0 x 0 Sport Recife

Data: 06/09/1998, domingo,
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª fase – 10ª rodada
Local: Estádio Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 15.080
Renda: R$ 157.520,00
Árbitro: Carlos Eugênio Simon

SANTOS
Zetti; Baiano, Jean, Argel e Athirson; Claudiomiro, Élder (Alessandro), Jorginho e Messias (Adiel); Lúcio e Viola.
Técnico: Emerson Leão

SPORT RECIFE
Bosco; Russo (Sauro), Marcio, Ronaldo e Jefferson; Sangaletti, Wallace, Lima e Jackson; Leonardo e Cris (Robson).
Técnico: Mauro Fernandes



Santos, invicto, deixa escapar liderança

Equipe fica no empate sem gols com Sport na Vila Belmiro e perde chance de passar o Corinthians no Brasileiro

O vice-líder Santos perdeu ontem, em casa, a chance de superar o Corinthians na classificação ao empatar em 0 a 0 com o Sport, terceiro colocado no Brasileiro. O time mostrou muito nervosismo nas conclusões de jogada e perdeu um pênalti, cobrado por Viola. O goleiro Bosco defendeu. O consolo para os santistas ficou sendo a redução da diferença em relação ao líder, que é de apenas um ponto (23 para 22).

Por seu lado, o Sport conseguiu um importante ponto fora de casa.

Não houve destaques individuais na partida, que reuniu dois times de destaque no Brasileiro cujos atletas não foram lembrados na convocação do técnico Wanderley Luxemburgo na seleção.

O primeiro tempo começou com o Santos dominando, enquanto a equipe pernambucana se defendia e buscava contra-ataques. O Santos tinha as cobranças de falta e escanteios do meia Messias como principal arma. Foi assim aos 15min, quando o zagueiro Argel foi à área e cabeceou após um levantamento de Messias.

Passados quatro minutos, o goleiro santista Zetti foi pela primeira vez acionado, depois de uma finalização de Jackson.

O placar parecia finalmente que iria mudar aos 25min, quando o juiz gaúcho Carlos Eugênio Simon indicou pênalti do zagueiro visitante Ronaldo sobre Viola. O atacante bateu no canto direito, e o goleiro Bosco defendeu.

Aos 36min, Viola finalizou para as redes, mas o juiz anulou o lance apontando impedimento.

Os dois lances infelizes acabaram retraindo os santistas, e o Sport se aproveitou disso. Aos 39min, o meia Lima cobrou uma falta próxima à trave de Zetti. Aos 44min, Jackson chutou uma bola que raspou no travessão santista.

A equipe da casa voltou para o segundo tempo com a responsabilidade de achar o gol que lhe daria a liderança do campeonato. Isso levou a erros no meio-campo e ataque. Tanto que a primeira chance de gol foi do Sport, com Jefferson chutando para fora.

O Santos foi à frente. Aos 8min, Lucio e Jorginho tabelaram e levaram perigo ao gol rival.

Aos 12min, Viola chutou para a defesa de Bosco. Passados dois minutos, um contra-ataque de Lúcio foi desperdiçado por Viola.

Com o nervosismo santista, o Sport voltou a ser o protagonista da partida depois dos 15min. O atacante Jackson entrou na área e chutou para a defesa de Zetti, aos 23min. No minuto seguinte, Lima chutou de fora da área uma bola que passou próxima ao travessão.

Aos 25min, nova oportunidade pernambucana, com Leonardo chutando para fora.

O Santos só aos 31min voltou a chegar à área rival: Viola dominou um cruzamento, driblou dois adversários, mas chutou por cima.

No minuto seguinte, o Sport teve outra oportunidade, com Wallace definindo de fora da área.

O Santos tentou mais uma vez aos 41min. Alessandro fez boa jogada na entrada da área e passou para Lúcio, que chutou para a defesa de Bosco.

Torcida põe culpa em Viola

O centroavante Viola foi o grande vilão para torcida santista ontem na Vila Belmiro. O atacante perdeu um pênalti e foi hostilizado ao final do jogo.

“Goleiro e centroavante não podem falhar. Que sirva de alerta para o Viola. Em questão de segundos, a torcida vaia e aplaude”, disse o técnico Émerson Leão, que também mostrou contrariedade com a atuação do atacante.

Viola tentou demonstrar tranquilidade mesmo após os protestos da torcida. “Cobrei o pênalti com tranquilidade, como sempre cobro. O goleiro foi bem, ele tem méritos. Entendo a revolta da torcida, mas tenho sete gols no campeonato. O que importa é que o Santos é vice-líder.”

Ao deixar o gramado em direção ao vestiário, Viola passou pelo constrangimento de ouvir torcedores gritarem refrões como “ôôô, Viola enganador” e “Viola, ou joga bola ou vai embora”.

A PM teve de intervir para acalmar os ânimos dos torcedores e garantir que os jogadores deixassem o vestiário sem serem molestados.

“O torcedor tem que entender que não tem jogo fácil no Brasileiro. O Santos fez a sua parte e o Sport fez a dele. O placar foi justo. Ainda somos o único invicto no campeonato”, disse o meia Lúcio.

O Santos volta a jogar pelo Brasileiro no próximo sábado contra o Grêmio, em Porto Alegre. O técnico Leão tem problemas para esse jogo. Jorginho e Élder receberam o terceiro cartão amarelo e estão suspensos. Narciso e Ânderson, no entanto, voltam. O primeiro estava suspenso contra o Sport por conta de uma expulsão.

Já Ânderson foi excluído do jogo por ter tomado, por conta própria, dois comprimidos de Nesaudina, remédio para dor de cabeça. O remédio tem alta dose de cafeína e o jogador poderia ser pego no antidoping.

Goleiro do Sport sai como herói

O goleiro Bosco, do Sport, teve seu dia de glória ontem, fazendo importantes defesas na partida contra o Santos em plena Vila Belmiro e desviando uma cobrança de pênalti santista.

Ao final da partida, Bosco foi o último jogador a abandonar o campo, de tanto que foi procurado pela imprensa e pela pequena torcida pernambucana presente no estádio santista.

“Os pênaltis não são minha especialidade, mas fui feliz hoje”, disse Bosco.

O goleiro do time pernambucano chegou até a dar autógrafos até para os torcedores santistas, junto ao alambrado da Vila Belmiro.

O Sport tem a defesa menos vazada do Campeonato Brasileiro até agora, com a média de 0,56 gol tomado por partida -o Juventude é o segundo colocado no quesito, com 0,67 por jogo.

A eficiência dos defensores pernambucanos foi aliada na partida de ontem às faltas. Tanto é assim que apenas o zagueiro Ronaldo não levou cartão amarelo na defesa visitante.

Mas os encontrões não aconteceram só entre atacantes santistas e zagueiros pernambucanos. Cris, do Sport, por exemplo, trocou empurrões com Argel, do Santos, sem que nenhum dos dois chegasse a ser advertido.

“O jogo foi muito disputado. Foi tão bom que eu até briguei com os zagueiros”, minimizou o atacante do Sport de Recife, que tem um jogo a menos que Corinthians e Santos.



Vila tem hoje clássico de emergentes (Em 06/09/1998)

Surpresas do Brasileiro, Santos e Sport disputam a vice-liderança do campeonato em partida de seis pontos

Santos e Sport fazem hoje à tarde, na Vila Belmiro, o “clássico dos emergentes” do Brasileiro, que coloca em disputa a vice-liderança do campeonato.

As duas equipes, que no início da competição não se encontravam entre as favoritas, mesmo sem grandes estrelas no elenco cresceram na tabela baseadas em esquemas táticos eficientes.

Um jogo que os santistas definem como uma partida de seis pontos. Embora ocupe o terceiro lugar no Brasileiro com 19 pontos -o Santos é o segundo, com 21-, a equipe pernambucana tem um jogo a menos (oito).

Os santistas querem a vitória para abrir uma vantagem mais larga sobre um adversário direto. A conquista de três pontos também permitirá desfazer a diferença que favorece o Sport -mesmo com um jogo a menos, o aproveitamento dos pernambucanos (79,1% dos pontos disputados) é superior ao do Santos (77,7%).

“O Sport é o adversário que está batendo de frente conosco. Depois dessa partida, não iremos mais encontrá-los nem eles vão encontrar a gente. Então, é jogo de seis pontos”, declarou o zagueiro Argel.

Para o meia-atacante Lúcio, a vitória anulará a vantagem do Sport de ter obtido um aproveitamento superior com um jogo a menos. “Será jogo de seis pontos porque quem ganhar abre uma boa margem sobre o outro e começa a disparar na classificação”, disse.

O lateral-esquerdo Athirson diz que a situação é semelhante à que o Santos viveu antes da partida contra o Inter, no último dia 30, quando o time gaúcho (quarto colocado) estava a dois pontos do Santos. A vitória por 2 a 0 manteve o adversário distanciado -hoje, a diferença é de três pontos.

“O jogo de hoje é um jogo-chave, como foi a partida contra o Inter. Somando pontos sobre os adversários diretos, poderemos chegar com mais rapidez à classificação”, disse Athirson.

Já o técnico do Sport, Mauro Fernandes, que refuta qualquer mudança específica em seu time para o jogo, se satisfaz com um empate, “um bom resultado”. “Mas a equipe vai entrar para ganhar”, garante o treinador.

O técnico Leão, do Santos, também prefere tratar a partida com um tom menos decisivo. Segundo ele, o objetivo é a manutenção do desempenho da equipe, que está invicta no torneio, com seis vitórias e três empates.

“Felizmente, o rendimento tem sido muito bom. Se mesmo assim temos que ganhar, já pensou o último colocado?”, indagou.

Hoje, Leão será novamente obrigado a modificar a equipe. Na décima partida do Santos, o time terá a décima formação diferente.

Equipe muda pela décima vez

Apesar da boa fase, o Santos não está conseguindo manter o mesmo time em campo neste campeonato. Hoje, com a suspensão do volante Narciso, expulso contra o Guarani (1 a 1), e a contusão do atacante Aristizábal, que sofrerá uma cirurgia no joelho direito e está fora do Campeonato Brasileiro, a equipe terá sua décima formação em dez jogos disputados.

Para suprir a ausência de Narciso, o técnico Leão decidiu fazer o volante Claudiomiro retornar à sua posição de origem. Ele vinha atuando improvisado como zagueiro, mas hoje formará com Élder a dupla de volantes.

Na zaga, Leão optou por escalar Jean, deslocando Argel, que normalmente atua pelo lado direito da defesa, para o lado esquerdo.

Na lateral esquerda, Athirson retornará, depois de cumprir suspensão pelo terceiro cartão amarelo. O novato Messias deverá ser mantido na equipe pela terceira partida consecutiva, com a função de armar jogadas para Lúcio e Viola na frente.

A intensidade dos treinamentos físicos dos jogadores do Santos vem sendo progressivamente reduzida desde antes da excursão à Europa, no final de agosto. Segundo o preparador físico Walmir Cruz, cujo planejamento até o final do Brasileiro é manter um trabalho preventivo, o objetivo é minimizar o risco de lesões.

Cruz garante que em 44 partidas neste ano, nenhum jogador, até agora, sofreu lesão muscular, apesar do excesso de jogos.

Luxemburgo esquece time

Os jogadores santistas não reconhecem, mas deixam escapar uma ponta de frustração pelo fato de o time não ter nenhum atleta entre os convocados por Wanderley Luxemburgo, ex-treinador do clube, para a seleção brasileira.

“É meio estranho ter um time em segundo lugar no campeonato, invicto, e não ter nenhum convocado”, declarou o meia Lúcio.

O zagueiro Argel, convocado cinco vezes por Zagallo quando ainda atuava pelo Inter e um dos destaques do atual time santista, admite que viveu a expectativa de ser chamado. “Tinha esperança de ser convocado, mas paciência. Não vou ficar desmotivado por causa disso”, disse.

Já o técnico Leão preferiu atribuir a ausência de santistas na lista de Luxemburgo à capacidade coletiva da equipe que comanda. “Se o Santos não teve nenhum jogador convocado e é o segundo colocado do campeonato é porque o conjunto do Santos é muito bom”, concluiu.

Longe da torcida, Sport mantém ataque em bloco

Apesar de jogar fora de Pernambuco, onde tem obtido grande apoio da torcida, o Sport deve manter hoje o mesmo esquema tático que o levou à terceira colocação no campeonato, apesar de não se encontrar entre os favoritos no início da competição.

A equipe vai atuar com cinco homens no meio-campo e atacar em bloco, em jogadas rápidas com até seis jogadores -um lateral, dois atacantes e três meias.

“Não podemos mudar nossas características porque vamos enfrentar esse ou aquele adversário”, afirmou o técnico Mauro Fernandes.

Apesar de afirmar que o time buscará a vitória, o técnico já adiantou que não considera um empate hoje contra os santistas um mau resultado.

Com esse estilo de jogo, o Sport conquistou 19 pontos em oito jogos. O time venceu seis partidas, empatou uma e perdeu apenas para o Goiás, em Goiânia, por 2 a 0.

A equipe pernambucana fez 15 gols e levou apenas cinco até agora. O atacante Leonardo é o artilheiro, com cinco gols.

Um desempenho que tem atraído a torcida recifense ao estádio da Ilha do Retiro. No Campeonato Brasileiro, o Sport tem a melhor média de público nos jogos disputados em casa, com média de 32,4 mil pessoas por partida.

Desfalque

O zagueiro Alexandre Lopes sentiu dores musculares na perna direita e deve desfalcar a equipe do Sport no jogo de hoje contra o Santos, na Vila Belmiro.

Esse é o principal problema do técnico Mauro Fernandes, que trabalha com duas opções para substituir o zagueiro. A primeira é promover o retorno de Márcio, que deixou o time titular por problemas técnicos.

Márcio já jogou ao lado de Ronaldo parte do segundo tempo da partida contra o Paraná, no último domingo, em Recife, e não decepcionou. O único gol do adversário saiu após falha de Alexandre Lopes e do meia Sangaletti.

A segunda opção, menos provável, é deslocar Sangaletti para a zaga. Nesse caso, o treinador seria obrigado a mexer também no meio de campo, setor considerado o mais estável da equipe.

“Sempre penso em manter o mesmo time em campo”, disse Mauro Fernandes. “Só faço alterações quando sou obrigado, por motivo de contusão ou suspensão”, afirmou.

O meia defensivo Lima, que não jogou contra o Paraná por estar suspenso, retorna à equipe no lugar de Leomar. Wallace e Jackson também estão confirmados.

O centroavante Cris, que até agora não fez nenhum gol no Campeonato Brasileiro, também vai jogar, apesar das boas atuações de Robson, que o substituiu em algumas partidas e já marcou dois gols na competição. “O Cris tem grande importância tática para o time e vai começar jogando”, afirmou Mauro Fernandes.

“Caso seja necessário, mudamos durante a partida”, ponderou o treinador.


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