Santos 1 x 0 Independiente Medellín
Data: 04/06/2003, quarta-feira, 21h40.
Competição: Copa Libertadores – Semifinal – Jogo de ida
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 16.824 pagantes
Renda: R$ 316.660,00
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Cartões amarelos: Diego (S); Molina, Montoya, Vasquez, Perea, Jaramillo (I).
Gol: Nenê (23-2).
SANTOS
Fábio Costa; Wellington (Nenê), Alex, Pereira e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Robinho e Fabiano.
Técnico: Emerson Leão
INDEPENDIENTE MEDELLÍN (COL)
Gonzalles; Calle, Baloy e Perea; Vasquez, Restrepo, Jaramillo, Montoya (Alvarez) e Roberto Carlos Cortes; Moreno.
Técnico: Victor Luna
Santos erra muito, mas vence na Vila e fica a um empate da final
A falta de pontaria do Santos quase frustrou os torcedores que compareceram à Vila Belmiro nesta quarta-feira. Mas o reserva Nenê conseguiu fazer o que nenhum titular foi capaz _o gol_ e garantiu a vitória por 1 a 0 sobre o Independiente de Medellín. Agora, para ir à final da Taça Libertadores depois de 40 anos, o atual campeão brasileiro precisa de um empate no próximo dia 18, na Colômbia.
A partida foi um verdadeiro sofrimento para a torcida santista, que ficou com o grito de gol entalado na garganta em várias oportunidades. No primeiro tempo o Santos criou diversas oportunidades, mas desperdiçou pelo menos cinco chances claríssimas de gol. Na segunda etapa os donos da casa encontraram mais dificuldades, mas conseguiram o gol da vitória com Nenê, que entrou no lugar do lateral Wellington.
As duas primeiras das inúmeras oportunidades perdidas estiveram nos pés de Robinho. Logo aos 2min, ele recebeu um belo passe de Léo e chutou com efeito, rasteiro. A bola saiu rente à trave esquerda do goleiro Gonzalles. Dois minutos depois, o camisa 7 errou uma cabeçada com o gol aberto. A bola acabou sobrando para Fabiano, mas o meia, que mais uma vez atuou improvisado no ataque, estava impedido, situação que se repetiu várias vezes durante o jogo.
Depois foi a vez do meia Renato. Ele aproveitou rebote da zaga do Independiente e chutou livre, mas para fora, perdendo uma chance incrível. Mas nos minutos iniciais foi o Independiente que teve a oportunidade mais clara. O zagueiro Alex errou na saída de bola, Molina chutou cruzado da esquerda e a bola sobrou para Moreno na área. Ele pegou de primeira, Fábio Costa defendeu com as pernas e a bola ainda tocou no travessão antes de sair.
Após o susto o Santos seguiu dominando a partida e pressionando os colombianos. Aos 27min, Pereira subiu mais que a zaga adversária, e o zagueiro Calle evitou o gol em cima da linha. No final do primeiro tempo, Elano conseguiu o que parecia impossível. Sozinho na pequena área, sem goleiro, o meio-campista bateu na bola com o joelho e perdeu o gol. Depois deste lance, o placar da primeira etapa não poderia ter sido outro: 0 a 0.
Na segunda etapa quem começou assustando foi o Independiente. Logo aos 2min, Molina chutou colocado de fora da área e obrigou Fábio Costa a espalmar para escanteio. Mas a partir daí só deu Santos novamente.
Como os colombianos pouco atacavam, o técnico Emerson Leão resolveu tirar o lateral-direito Wellington e colocou Nenê. O meia-atacante não demorou muito para fazer aquilo que seus companheiros não conseguiram em mais de uma hora. Aos 23min, 12 minutos depois de entrar, Nenê limpou uma jogada na área e chutou cruzado, rasteiro. Santos, enfim, 1 a 0.
Após o gol, o outro único bom momento esteve nos pés de Nenê novamente. Ele cobrou falta do setor esquerdo e acertou o travessão. E foi só. Uma vitória sofrida na Vila, como já vem se tornando comum pela Libertadores e também pelo Brasileiro.
“Tivemos no mínimo umas dez oportunidades criadas no primeiro tempo, e umas quatro no segundo. Um time que cria 14 oportunidades e faz só um está devendo”, afirmou o técnico Emerson Leão, em entrevista coletiva nos vestiários da Vila.
O meia Diego também não ficou satisfeito com o placar. “Por tudo o que fizemos no jogo, acabou sendo um resultado magro. Mas, se jogarmos da mesma forma como atuamos aqui, podemos sair com a classificação em Medellín.”
Contra o peso da história, Santos adota tática light (Em 04/06/2003)
Devido ao desgaste físico e emocional dos jogadores, Leão “alivia” para semifinal da Libertadores
Em vez de criar estratégias mirabolantes, o técnico Emerson Leão preferiu simplificar a preparação do Santos para a primeira partida da semifinal da Libertadores da América, hoje, às 21h40, contra o Independiente Medellín, da Colômbia, na Vila Belmiro.
O time tenta voltar depois de 40 anos à final do mais importante interclubes do continente, que foi conquistado pela lendária equipe de Pelé em 1962 e 1963.
Com a equipe fisicamente desgastada, embora em fase ascendente, Leão optou por dar uma espécie de trégua psicológica aos jogadores após três jogos que exigiram bastante do condicionamento atlético e emocional da equipe -as vitórias sobre Internacional (2 a 1) e São Paulo (3 a 2), pelo Brasileiro, e sobre o Cruz Azul (1 a 0), pela Libertadores.
Por isso, o grupo se concentrou na manhã de ontem após o único treinamento preparatório para o jogo sem excesso de reuniões e preleções -a exceção foi a habitual fala do presidente Marcelo Teixeira no vestiário na véspera de partidas importantes.
No meio de uma maratona de jogos, viagens, concentrações e com pouco tempo para folgas e treinos, o técnico aposta mais no entrosamento consolidado em 2002 do que em instruções de última hora para o confronto que pode ser visto como o mais importante do clube nos últimos anos.
“Não gosto de dar muita informação em pouco tempo. A cabeça não foi feita para aprender tudo em 24 horas. Então prefiro não encher a cabeça do atleta.”
Até ontem, o zagueiro Alex, por exemplo, desconhecia os atacantes com os quais vai se defrontar. “Hoje [ontem] é que ouvi falar de um atacante alto que eles têm. Mas não o conheço”, afirmou.
Segundo o zagueiro, o técnico iria estudar o adversário por meio de teipes, mas não iria exibir as fitas para os atletas. “Ele disse que vai assistir e depois passar as informações para a gente.”
Embora normalmente evite divulgar antecipadamente a escalação da equipe, desta vez Leão não deverá promover surpresas. No time que bateu o São Paulo por 3 a 2, nenhum jogador foi substituído durante o jogo, e agora a formação será repetida. “Treinamos à vista de todo mundo. Nosso segredo é não ter segredo”, disse.
O meia Fabiano, improvisado no ataque no clássico, será mantido no setor no lugar do artilheiro Ricardo Oliveira, que só deverá voltar a jogar na Libertadores se o Santos for à final. “Na primeira partida [no ataque], deu certo. Às vezes, sinto a falta de adaptação à posição, mas isso se compensa com a garra e a vontade.”
Os santistas reagiram às declarações dadas à imprensa colombiana pelo técnico do Independiente, Víctor Luna, e pelo presidente do clube, Javier Velázquez.
Luna qualificou o Grêmio, eliminado pelo próprio Independiente nas quartas-de-final, como “a mais forte” equipe brasileira.
“Quem tem boca fala o que quer. Nós vamos jogar futebol”, disse Léo, para quem as declarações dos colombianos representarão um estímulo adicional. “Mesmo que eles julguem o Grêmio melhor, terão de passar por nós se quiserem ir à final”, disse Renato.
Leão se disse satisfeito com o fato de o jogo ser na Vila Belmiro. “Se temos estádio, é para jogar nele, não em outro lugar”, disse.
Elano e Renato fazem frente a Diego e Robinho
Com base na regularidade, na disciplina tática e na qualidade técnica, uma nova dupla começa a fazer sombra aos astros Diego e Robinho como as mais importantes peças do time do Santos.
Os meias Renato e Elano são classificados pelos companheiros como “carregadores de piano”. São os que trabalham em dobro. Além de dar apoio ao ataque, executam tarefas de marcação.
“O Elano sempre termina os jogos muito cansado por ter de fazer o “vaivém” o tempo todo”, diz Alex. Esgotado, o meia pede por substituição ao final dos jogos.
Para o técnico Emerson Leão, Renato é um exemplo de jogador “múltiplo” e deverá se tornar nome certo nas futuras convocações da seleção brasileira. “Ele tem uma dinâmica que ajuda muito. Trabalha muito bem tanto na marcação quanto jogando ofensivamente.”
Elano, segundo Leão, é um “coordenador” que usa a habilidade com a bola nos pés e, sem ela, cumpre com perfeição as determinações táticas. O entrosamento entre os dois é tamanho que eles dizem nem precisar de palavras para se comunicar.
“É só na base do olhar. Se ele está lá na frente e olha para mim, já sei que não vai dar para voltar na marcação, e procuro ficar mais atrás”, diz Elano. “Temos afinidade desde os tempos do Guarani”, afirma Renato.
Por status, clube transforma Nicolás Leoz até em “peixeiro”
As relações entre Santos e Conmebol se estreitaram bastante desde o ano passado, o que teria ajudado nas vitórias do time paulista nos bastidores da Libertadores.
Além de ganhar o direito de usar a Vila Belmiro até as semifinais, mesmo o regulamento exigindo estádio com capacidade para 30 mil pessoas, o Santos tem um caminho caseiro até o título -o time decidiu nas oitavas-de-final e nas quartas-de-final em casa, o que será repetido se o clube passar à final.
O presidente do clube paulista, Marcelo Teixeira, ofereceu prêmios e homenagens a Nicolás Leoz, presidente da entidade que dirige o futebol sul-americano.
Teixeira, na companhia do embaixador do Brasil no Paraguai, deu em Assunção ao dirigente máximo do continente uma medalha e um diploma de “”Peixeiro Emérito”, além da faixa de campeão brasileiro de 2002.
O presidente santista salientou na ocasião que Leoz foi aceito pela Câmara Municipal de Santos como “cidadão emérito” da cidade.
O dirigente paraguaio, que viveu alguns anos em São Paulo, já fora homenageado na universidade que pertence à família de Teixeira.
“O Santos decidiu homenagear o dr. Leoz pela sua grande contribuição ao futebol mundial e especialmente pela sua humildade, que o faz grande”, disse Teixeira.
Por sua parte, Leoz agradeceu por “receber tantos títulos de um clube com o prestígio do Santos”. “Tive a sorte de assistir nos estádios ao nascimento da maravilha futebolística que foi o Santos de Pelé”, disse o paraguaio.
A aproximação de Teixeira e Leoz teria como objetivo a participação do Santos na Copa Sul-Americana, mas o time venceu o Nacional e quer a Taça Libertadores.
Rival reclama do tratamento santista
O Independiente Medellín está revoltado com a decisão da Conmebol de liberar a Vila Belmiro para a partida das semifinais da Libertadores, o que contraria o regulamento da competição.
“Se o Santos jogasse contra um time argentino, isso não iria ocorrer. Não creio que as equipes brasileiras precisem usar artimanhas como essa para ganhar uma partida”, disse Víctor Luna, técnico do clube colombiano, único dos semifinalistas que nunca foi à final.
Já o presidente do Independiente, Javier Velázquez, criticou o tratamento dado pelo Santos à sua delegação. “É muito estranho. Quando jogamos contra o Grêmio, eles foram muito cordiais. Mas nós somos educados. Na partida de volta, o Santos será bem tratado na Colômbia”, disse.
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