Santos 0 x 0 São Paulo
Data: 04/06/1995, domingo, 16h00.
Competição: Campeonato Paulista
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo, SP.
Público: 17.820 pagantes
Renda: R$ 180.928,00
Árbitro: Flávio de Carvalho
Cartões vermelhos: Bentinho (SP) e Maurício Copertino (S).
SANTOS
Edinho; Silva (Ronaldo), Maurício Copertino, Marcelo Moura e Marcos Paulo; Gallo, Cerezo, Carlinhos e Jamelli; Camanducaia (Rogério Trivelato) e Marcelo Passos.
Técnico: Joãozinho
SÃO PAULO
Rogério Ceni; Pavão, Júnior Baiano, Bordon e André Luis; Alemão, Donizeti, Palhinha e Aílton; Caio (Denílson) e Bentinho.
Técnico: Telê Santana
São Paulo domina, mas não vence Santos
O São Paulo dominou, mas não venceu o Santos ontem à tarde no Pacaembu. O empate, 0 a 0, deixou embolada a disputa pelo ponto extra na segunda fase do Campeonato Paulista. Faltam duas rodadas para o final da primeira fase. Na última rodada, São Paulo (54 pontos) e Portuguesa (52) se enfrentam no domingo, provavelmente no Canindé.
O domínio do São Paulo durou praticamente o jogo inteiro. Mas seus atacantes pouco incomodaram o goleiro Edinho, do Santos. O time do técnico Telê Santana poderia ter vencido se seus jogadores não errassem na finalização ou nos passes perto da área.
“O campo está muito ruim”, queixou-se no intervalo o centroavante Caio. “A bola bate no campo e escapa ao domínio. Mas o São Paulo está muito bem.”
O São Paulo, porém, não preocupou muito o goleiro Edinho. O goleiro santista só teve que fazer duas defesas no primeiro tempo, ambas em finalizações de Caio. Aos 2min, pôs para escanteio um chute de sem-pulo do atacante, após uma confusão na área. Aos 26min, o lateral-direito Pavão cruzou da ponta direita. Caio cabeceou no chão, Edinho defendeu e Maurício Copertino mandou para escanteio.
No segundo tempo, o jogo não mudou. O São Paulo atacava, mas insistia num “bombardeio aéreo” ineficaz. A maioria dos cruzamentos era feita de forma errada e passava pela área sem que ninguém tocasse na bola.
O Santos tentava contra-atacar, mas fracassava por seus erros -especialmente de Jamelli e Camanducaia.
A grande chance do Santos no jogo aconteceu num lance quase casual. Aos 18min, o atacante Camanducaia tentou uma jogada individual. Tropeçou na bola, que bateu em Júnior Baiano e foi em direção à área. Marcelo Passos, livre, conseguiu dominá-la com o calcanhar e tocou rente à trave de Rogério.
O jogo só esquentou um pouco quando Bentinho e Maurício Copertino trocaram empurrões e foram expulsos.
Depois disso, o meia Denílson, que substituíra Caio, ainda cruzou para Aílton marcar de cabeça, mas o juiz apontou impedimento.
Equipes culpam gramado por jogo ruim
Jogadores e técnicos de São Paulo e Santos culparam o gramado do Pacaembu pelo jogo ruim e a falta de gols no clássico. Segundo eles, o campo, em péssimo estado, acabou determinando o resultado do jogo.
“O campo não oferece as mínimas condições. É uma vergonha e um desrespeito aos atletas e aos torcedores, que pagam para ver maus espetáculos”, disse o técnico do São Paulo, Telê Santana. “O Brasil, país tetracampeão, tem os piores gramados do mundo.” Poupados das broncas do treinador, que preferiu criticar o campo, os jogadores são-paulinos puderam justificar o futebol apresentado no jogo de ontem.
“Em um gramado desses, não há jogo bom. Não dá para tocar a bola e prevalecem os chutões”, disse o meia Palhinha.
O zagueiro Júnior Baiano disse que a bola “parecia viva durante o jogo de tanto que ela pulava”.
“O gramado está muito duro e esburacado. Os jogadores correm risco de contusões. Meus joelhos, por exemplo, estão doendo muito”, disse o meia Donizete.
No Santos, as explicações eram as mesmas. “Se o gramado estivesse melhor, o Marcelo Passos teria aproveitado pelo menos um das duas chances que teve”, afirmou o técnico santista, Joãozinho.
“O campo está muito ruim e dificulta a troca de passes. É difícil dominar a bola. Os jogos tendem a ter muitos passes errados assim”, disse o meia Jamelli.
Como a fase final deverá ser disputada no Pacaembu, Joãozinho acha que as partidas não serão de bom nível.
“Os jogos certamente seriam melhores se fossem disputados num gramado bom, como o do Morumbi”, afirmou. O estádio do São Paulo continua fechado para reformas e não reabre este ano.
Para o zagueiro Júnior Baiano, o jogo de ontem deveria ter sido no Morumbi. “O público que veio ao Pacaembu caberia perfeitamente no Morumbi. Se os clássicos não estão sendo bons e o campeonato não vem agradando, a culpa é do gramado do Pacaembu.”
Joãozinho pôs time na defesa
O técnico Joãozinho, do Santos, acha que o empate foi justo e bom para as duas equipes. Para ele, o São Paulo foi melhor no primeiro tempo, mas o Santos equilibrou na segunda etapa.
Joãozinho afirmou que seu time foi obrigado a jogar na defensiva devido aos desfalques de Giovanni e Macedo e à falta de opções de ataque.
Repórter – O São Paulo foi superior ao Santos ontem?
Joãozinho – No primeiro tempo o São Paulo jogou melhor. O Santos não conseguiu sair rapidamente para o ataque. Na segunda etapa, a entrada de Ronaldo equilibrou a partida. Acho que o empate foi um resultado justo.
Repórter – O time jogou como você queria?
Joãozinho – Sim. O São Paulo atuou mais no ataque. O Santos procurou fazer uma marcação forte, no meio-campo e na defesa, e jogar no contra-ataque.
Repórter – Porque essa orientação defensiva?
Joãozinho – Em função do elenco e principalmente das ausências de Macedo e de Giovanni, que é o principal armador de jogadas de ataque. Sem esses dois jogadores, fiquei sem opções ofensivas. Sem o Giovanni, o time perde ofensividade e tende a se aplicar mais na marcação.
Repórter – O Santos deve manter esse esquema para a fase final do Paulista?
Joãozinho – Depende da convocação da seleção brasileira para a Copa América. Ainda não sabemos se poderemos contar com o Giovanni e o Narciso.
Repórter – Você pretende poupar alguns titulares nas próximas partidas?
Joãozinho – Sim. Alguns deles ficam de fora cumprindo suspensão, como o Copertino, o Edinho e o Gallo. Agora, que estamos fora da disputa pelo ponto extra, vamos nos concentrar em preparar o time para a fase final do campeonato.
Telê critica a ‘retranca’
Para o técnico Telê Santana, “o São Paulo mereceu vencer” o jogo de ontem contra o Santos.
Telê disse que o seu time foi o único a buscar o gol. “O Santos, apesar de não ter muito interesse pelo jogo, só quis se defender.”
Folha – Você ficou satisfeito com o desempenho do São Paulo na partida?
Telê Santana – Em parte. Não foi um grande jogo. O gramado, em péssimas condições, prejudicou a atuação das duas equipes, ambas muito técnicas.
Mas, pelo menos, buscamos sempre a vitória e fizemos por merecer o resultado.
Além de jogar melhor, o São Paulo criou várias oportunidades de gol, mas, infelizmente, desperdiçou. Só nós criamos nessa partida, principalmente o Palhinha.
Folha – O Santos foi um time retrancado?
Telê – Sim. Eles jogaram fechados na defesa, tentando os contra-ataques e ainda fizeram de tudo para retardar o jogo.
Folha – A conquista do ponto extra ficou mais difícil com esse empate?
Telê – Não. Temos dois pontos de vantagem sobre a Portuguesa e, faltando duas rodadas, podemos obter esse ponto na quinta-feira contra a Ferroviária.
Basta vencermos e a Portuguesa perder para a Ponte Preta. Pena que não poderemos contar com o Bentinho, que foi expulso por uma bobagem.
Folha – O que você achou da atuação do árbitro?
Telê – Ele teve medo de expulsar alguns jogadores do Santos que já tinham o cartão amarelo. Só expulsou quando pôde tirar um de cada lado.
Os nossos juízes têm medo de dar o cartão vermelho para um só jogador.
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