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03/12/1995 – Guarani 0 x 2 Santos – Campeonato Brasileiro

Guarani 0 x 2 Santos

Data: 03/12/1995, domingo, 19h00.
Competição: Campeonato Brasileiro – 2º turno – 12ª rodada (última)
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo, SP.
Público: 22.524 pagantes
Renda: R$ 259.295,00
Árbitro: Oscar Roberto de Godói (SP).
Cartões amarelos: Leo Percovich, Renato Carioca e Anderson Lima (G); Carlinhos, Vágner, Giovanni e Camanducaia (S).
Cartão vermelho: Valdeir (G)
Gols: Marcelo Passos (37-2) e Giovanni (44-2).

GUARANI
Léo Percovich; Ânderson, Davi, Renato Carioca e Júlio César; Sérgio Soares, Valdeir, Silvinho e Fernando Diniz; Alex e Leonardo Goiano.
Técnico: Nicanor de Carvalho

SANTOS
Edinho; Marquinhos Capixaba, Narciso, Ronaldo Marconato e Marcos Adriano; Gallo, Carlinhos (Camanducaia), Vágner e Robert (Marcelo Passos); Giovanni e Jamelli.
Técnico: Cabralzinho



Santos vence Guarani com 2 gols no final e se classifica

O Santos venceu ontem o Guarani por 2 a 0, em São Paulo, e garantiu a sua classificação para as semifinais do Campeonato Brasileiro.

Com o resultado, a equipe somou 27 pontos no Grupo B, um a mais que o Atlético-MG, que ontem venceu o Vitória por 3 a 0.

Os jogadores Carlinhos, Narciso e Camanducaia, que receberam ontem o terceiro cartão amarelo, estão suspensos e não enfrentam o Fluminense na próxima quinta.

O destaque da partida, no entanto, foi o goleiro Léo, do Guarani, que impediu que o time santista marcasse antes e levou o suspense até o final. Como o Atlético marcou cedo o seu primeiro gol, o Santos passou a jogar sob a pressão de ter de ganhar. Isso afetou a equipe. Os jogadores ficaram nervosos e afobados. Erravam muitos passes e se posicionavam mal.

O Guarani começou melhor. Aos 8min, Silvinho recebeu cruzamento sozinho, desmarcado, no meio da área. Mas ele cabeceou fraco e Edinho pegou.
Os atacantes santistas afunilavam o jogo pelo meio, setor congestionado pela defesa do Guarani, e encontravam dificuldade para armar as jogadas, especialmente Vágner, pela direita.

Mesmo assim, a equipe cresceu e passou a pressionar o Guarani. A grande chance do Santos ocorreu aos 35min.

Robert cruzou na área. O goleiro Léo saiu, pegou, mas acabou se chocando com um defensor e soltou a bola. Giovanni chutou, já dentro da pequena área, e Valdeir salvou na linha.

Na segunda etapa, o Guarani voltou mais recuado, saindo somente em contra-ataques.

Apesar de ter mais posse de bola, o time do Santos tinha dificuldade para furar o bloqueio adversário.

A equipe do técnico Cabralzinho pressionou e perdeu algumas boas chances de abrir o placar.

Até que finalmente, aos 39min, Marcelo Passos (que substituiu Robert) recebeu a bola no canto esquerdo da grande área e chutou cruzado, por cobertura, encobrindo o goleiro Léo.

O gol deu tranquilidade aos jogadores santistas, que passaram a tocar a bola esperando o final da partida.

Aos 44min, o meia Giovanni foi lançado na grande área e, livre de marcação, anotou o segundo gol, de cabeça.

Os jogadores do Guarani reclamaram impedimento, que não existiu. Valdeir acabou expulso por reclamação. Nos instantes finais, o Santos se limitou a tocar a bola.

Cabralzinho faz desafio aos críticos

O técnico do Santos, Cabralzinho, ficou muito emocionado com a classificação do time e fez um desabafo ao final do jogo.

“Missão cumprida. No início, todos duvidavam do Santos e diziam que o time não tinha condições de disputar o título. Só os jogadores confiaram em mim. Aí está a resposta. Quero ver alguém criticar agora. Vamos incomodar mais ainda”, disse.

Apesar da euforia, Cabralzinho reconheceu que o time fez uma má partida contra o Guarani.

“Foi um jogo muito tenso. Meus jogadores se deixaram levar pelo nervosismo. Por isso tudo, foi uma partida preocupante”, afirmou, após a classificação.

O treinador santista prometeu corrigir os erros antes da primeira partida da semifinal, contra o Fluminense.

Para esse jogo, Cabralzinho não contará com Narciso, Carlinhos e Camanducaia, suspensos, e, possivelmente, com Marcelo Silva, machucado.
O meia-atacante Giovanni, principal jogador da equipe, disse que foi “a partida mais difícil do Santos durante todo o campeonato.

“Tinha sempre pelo menos dois jogadores me marcando. Mas acho que eu consegui jogar bem sem a bola, abrindo espaços para os companheiros”, disse o autor do segundo gol.

Marcelo Passos diz que foi ‘malandro’

Herói da classificação do Santos, ao marcar o gol decisivo, aos 39min da segunda etapa, o meia reserva Marcelo Passos, 24, comemorou o gol junto ao “orelhão” do estádio do Pacaembu.

“Foi um modo de homenagear minha mulher, Renata, que está grávida. Nós vivemos pendurados no telefone”, afirmou Passos.

Sobre o lance do gol, o jogador disse que foi “malandro”.

Folha – Você acha que teve méritos ou sorte no lance do gol?
Marcelo Passos – Um pouco dos dois. No início, marcado por dois, pensei em entrar na área e cavar o pênalti.
Depois, vi que sobrava um buraquinho para eu bater com curva, por cobertura. Arrisquei e me dei bem. Fui malandro. Já havia feito um gol assim, no Paulista, contra o Palmeiras.

Folha – O que você sentiu quando a bola entrou?
Marcelo Passos – Fiquei assustado. Demorei para comemorar. Senti vontade de chorar. Talvez tenha sido o gol mais importante em 13 anos de Santos.

Folha – Você espera sair da reserva com esse gol?
Marcelo Passos – Vou ser sincero. Fiquei quase dois meses sem jogar, por contusão e problemas particulares. Por isso, ainda não estou 100%.
Prefiro ficar do lado de fora, torcendo.

Folha – Mas você era titular absoluto no último Campeonato Paulista…
Marcelo Passos – Era. Agora, o técnico é o Cabralzinho e eu respeito as suas decisões.

Samir dá prêmio por vaga

Eufórico com a classificação do Santos, o presidente do clube, Samir Abdul-Hak, disse que pagará um prêmio aos jogadores pela vaga conquistada. “Não havia nada combinado, mas o esforço deles será reconhecido”, afirmou Samir.

O presidente santista disse que vai pressionar a CBF para que o Santos mande seus jogos na Vila Belmiro e para que os cartões amarelos sejam zerados.
O clube tem três jogadores suspensos (Camanducaia, Narciso e Carlinhos) e oito “pendurados” (Vágner, Gallo, Jamelli, Robert, Marcelo Silva, Marcos Paulo, Marcos Adriano e Whelliton).

“O presidente Ricardo Teixeira (da CBF) prometeu que os cartões seriam zerados. Vamos ver se ele cumpre a palavra”, disse Samir.

“Acho que também podemos mandar nossos jogos na Vila Belmiro, afinal o Pacaembu também não tem os 30 mil lugares exigidos pelo regulamento”, acrescentou.

Segundo o presidente santista, a classificação do time é uma prova de que a política “pés no chão” da diretoria estava correta. “No começo, houve muita resistência. Até ameaças de morte eu sofri”, disse Samir.

Santos vence no fim e se classifica

Com dois gols nos últimos dez minutos, o Santos se classificou para as semifinais do Campeonato Brasileiro.

Marcelo Passos, aos 37min, e Giovanni, aos 44min, marcaram na vitória de 2 a 0 sobre o Guarani, ontem à noite, no Pacaembu.

Se o Santos tivesse empatado, a vaga teria ficado com o Atlético-MG, que venceu o Vitória em Salvador por 3 a 0.

O Santos vai enfrentar agora o Fluminense (RJ). O primeiro jogo é no Maracanã.

Na outra semifinal, jogam Botafogo e Cruzeiro, que tem o mando do primeiro jogo.

Como é o time de melhor campanha no Brasileiro (46), o Santos será campeão brasileiro se não perder nenhum dos próximos quatro jogos. O Botafogo tem a vantagem do empate na semifinal.

O Brasileiro chega à fase decisiva sem um favorito ao título, mas premia o futebol ofensivo. Botafogo, Santos e Cruzeiro conseguiram suas vagas jogando em busca do gol.

Santos e Botafogo (empatou ontem com o Fluminense, 1 a 1), que se classificaram no segundo turno, têm os melhores ataques do Brasileiro.

O Cruzeiro também foi ofensivo no primeiro turno, quando conquistou a vaga. No segundo, caiu de produção, trocou de técnico e só agora se reencontrou. Ontem, goleou o Bahia, 5 a 0.

O Fluminense, classificado no primeiro, apóia seu jogo na eficiência da defesa. Mas para ser campeão precisa, pelo menos, vencer um jogo nas semifinais e outro nas finais.

As semifinais reproduzem a reviravolta que atingiu o futebol brasileiro na virada do ano passado para este. Em 1993 e 94, houve um amplo domínio paulista. Em 93, à exceção do vice-campeão, Vitória (BA), os demais times que ficaram nos seis primeiros lugares eram paulistas.

No ano passado, além do (bi)campeão (Palmeiras) e vice (Corinthians), os paulistas tiveram mais quatro representantes entre os oito primeiros.

É gostoso vermos esse Santos em campo
por Alberto Helena Jr.

Pode até acontecer de o Guarani, esta noite, despedaçar as esperanças santistas. Já vi isso acontecer milhares de vezes no futebol. Mas nem a hipótese cruel de o Santos ceder sua vaga ao Atlético-MG haverá de furtar os méritos desse time, que, num breve tempo, nos deu o prazer de rever como o futebol ainda pode ser bonito e emocionante. Sim, porque, antes de tudo, é gostoso, é aprazível, vermos esse Santos em campo.

Sua defesa, é verdade, transmite certa insegurança, a partir de Edinho, que me faz lembrar do velho Manga. Não o Manguita do Botafogo e da seleção, mas o Manga dos primórdios do grande Santos. Negro como Edinho, alternava performances inesquecíveis com falhas grotescas, mas seguiu sob os três paus anos a fio, até que o grande Gilmar chegasse à Vila para desbancá-lo definitivamente.

Mas sei lá que mágicas e truques empreendeu o nosso Cabralzinho que a linha de zaga estabilizou-se, e isso já é um grande feito. Contudo, o que mais importa é ver como a bola rola leve, ágil, álacre, de pé em pé, a partir de Carlinhos em direção a Jamelli, Robert, Vágner e Giovanni. E aqui está o segredo: Carlinhos é um segundo volante, na nomenclatura do futebol de hoje, que sabe jogar com a bola nos pés, uma raridade, convenhamos, e Giovanni é um craque como não há outro igual no futebol brasileiro atual. Aos seus pés, combinam-se na dose exata habilidade, inteligência e presteza. Há quem o considere lento.

Mas pode ser lento um jogador que dispara naquela velocidade com que Giovanni chegou outra noite diante do goleiro Wagner para tocar no canto a bola do segundo gol contra o Botafogo? E a velocidade que imprime à bola, como no toque de calcanhar, na tabela com Robert, que germinou a disparada em direção ao gol? Foi um lance exemplar, que resume tudo o que se possa dizer do futebol desse rapaz. Um lance, aliás, que Giovanni repete a cada jogo, uma, duas, três vezes.

O fato é que o Santos até pode perder hoje sua classificação para as semifinais do campeonato. Mas já ganhou o coração dos que amam o verdadeiro futebol.

Clube contratará cinco emprestados

O Santos decidiu contratar, em definitivo, os cinco jogadores titulares do time que ainda não pertencem ao clube. São os casos de Marcelo Silva, Marcos Adriano, Ronaldo, Vágner e Robert. Todos estão emprestados até o final da temporada.

O clube deve gastar cerca de R$ 1,8 milhão nestas negociações ou optar pela inclusão de alguns jogadores para abater o custo.

“Os cinco aprovaram”, disse o diretor de futebol José Paulo Fernandes.

A contratação de Robert, que pertence ao Rio Branco, está praticamente definida por R$ 325 mil.

Vágner, do União São João, deve ser comprado por R$ 800 mil.

O passe de Marcelo Silva, que ontem não jogou devido a uma contusão no tendão de Aquiles, é do Remo e custa R$ 80 mil.

Marcos Adriano é do Flamengo e tem o passe estipulado em R$ 400 mil. Já o zagueiro Ronaldo, da Ferroviária, vale R$ 200 mil.

Já foram realizadas as eleições para o Conselho Deliberativo do Santos. O presidente do conselho será escolhido no próximo dia 11. Edmon Atik e Celso Sampaio Lopes são os candidatos.

O conselho elege, na primeira quinzena de janeiro, o presidente do clube para o biênio 96/97. O candidato único é o atual presidente Samir Abdul-Hak.

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1 comentário em “03/12/1995 – Guarani 0 x 2 Santos – Campeonato Brasileiro”

  1. Lembro que o Galo, que precisava vencer alguém (acho que era o Coxa), tinha oferecido um prêmio para os jogadores do Guarani para pararem o Santos. O Galo goleava, ou seja, ao Peixe só restava a vitória. Dali, daquela posição, Marcelo Passos faria vários gols com a camisa do Peixe. Sempre que ele parava com a bola naquela parte da área e olhava pro gol saía um golaço. Ele fez um assim contra o Palmeiras, se não me engano. E depois do segundo gol, o Santos deu um olé de 4 minutos no Guarani.

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