Coritiba 1 x 1 Santos
Data: 03/10/1998, sábado, 16h00.
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª fase – 16ª rodada
Local: Estádio Couto Pereira, em Curitiba, Paraná.
Público: 20.979 pagantes
Renda: R$ 192.477,00
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS).
Cartões amarelos: Gelson Baresi (C); Claudiomiro, Jean e Alessandro (S).
Gols: Viola (21-2) e Gelson Baresi (34-2).
CORITIBA
Adinam; Marcos Goiano, Gelson Baresi, Flávio e Rúbens Júnior; Struway, Luís Carlos, João Santos e Sandoval; Sinval (Brandão) e Macedo.
Técnico: Darío Pereyra
SANTOS
Zetti; Ânderson Lima, Argel, Jean e Athirson; Claudiomiro, Marcos Bazílio, Eduardo Marques e Lúcio (Élder); Alessandro (Adiel) e Viola.
Técnico: Emerson Leão
Santos empata e mantém a liderança no Brasileiro
Mesmo atuando mal, a equipe conseguiu um bom resultado contra o Coritiba; Viola marcou um gol e dispara na liderança da artilharia do torneio
Pressionado pelo adversário a maior parte do tempo, o Santos conseguiu empatar em 1 a 1 com o Coritiba, ontem em Curitiba.
Apesar da atuação apagada, Viola marcou, garantindo-se como artilheiro da competição com 14 gols. O atacante, com febre, quase ficou de fora do jogo.
Embalado por quase 21 mil torcedores, o Coritiba teve a primeira chance de gol aos 2min, mas Zetti interceptou a bola antes que Macedo pudesse aproveitar cruzamento de Rubens Júnior.
O Santos partia para cima, mas parava nas boas defesas de Adinam, que jogou no lugar de Régis, hospitalizado com problemas gástricos.
Aos 14min, o zagueiro santista Argel fez mau recuo de bola para Zetti, cedendo escanteio para o Coritiba.
O time paranaense atacava, aproveitando falhas dos zagueiros do Santos. Aos 17min, Macedo obrigou Zetti a fazer boa defesa.
O artilheiro Viola apareceu só aos 19min. Fez boa jogada na área, mas foi barrado por Gelson Baresi. Viola caiu e pediu pênalti, mas ganhou apenas advertência do juiz.
Um minuto depois, Macedo, depois de tabelar com Goiano e Sinval, voltou a testar Zetti, que espalmou para escanteio. Na sequência, Baresi cabeceou para fora.
Seguiram-se vários minutos de pressão do Coritiba. Aos 30min, Zetti quase largou a bola em falta chutada por Goiano.
No intervalo, Leão trocou Alessandro por Adiel, para dar mais velocidade ao time. Dario Pereyra não mexeu no Coritiba.
O Santos voltou tomando a iniciativa. Aos 3min, Viola teve boa chance, mas esbarrou na zaga.
O Coritiba logo voltou a acuar o adversário. Mas o ataque, principalmente com Macedo, esbarrava em seus próprios erros e na segurança de Zetti.
O gol santista saiu aos 21min. Aproveitando descuido do time da casa, Lúcio cruzou a meia altura. Adinam deixou passar, e Viola, no segundo pau, cabeceou fácil. Antes do jogo, Viola desejara “um pouco, mas não muita sorte” para o estreante Adinam. Era o fim dela.
Com Brandão no lugar de Sinval, o Coritiba partiu para cima. Zetti salvou enquanto pôde, mas, aos 34min, Baresi acertou um chute forte, de fora da área, sem chance de defesa. Depois do jogo, Zetti disse que teve a visibilidade da bola prejudicada no lance.
Líder, Santos busca ampliar vantagem ( Em 03/10/1998 )
Time compensa grupo reduzido com versatilidade para manter distância de rivais no topo do Brasileiro-98
Com um grupo que se resume a 25 jogadores, dos quais quatro são goleiros e outros quatro estão machucados ou suspensos, o Santos aposta na versatilidade para se manter na liderança do Brasileiro.
Pelo menos dez jogadores do grupo já atuaram ou têm capacidade em mais de uma posição: segundo o técnico Emerson Leão: Argel, Athirson, Claudiomiro, Lúcio, Adiel, Gustavo, Baiano, Élder, Narciso e Jorginho.
Hoje, no Paraná, Leão voltará a se valer desse expediente para montar a equipe que enfrentará o Coritiba. Com Narciso suspenso por mais dois jogos, ele decidiu fazer Claudiomiro, que vinha atuando como zagueiro, retornar à sua condição original de volante.
A mudança exigirá que Argel atue pelo lado esquerdo da defesa, embora sua posição natural seja a de zagueiro pela direita. Segundo o treinador, o objetivo é garantir consistência na marcação do meio-campo, sem perder qualidade na defesa.
“Com o Claudiomiro, vamos dar o auxílio ao meio-campo. O Argel está ajudando na quarta-zaga, mas não é específico da posição -o Claudiomiro seria o ideal. Mas, como perdemos o Narciso, teremos de contar com ele por ali”, declarou o técnico.
Os atletas se dizem acostumados com o quase permanente rodízio de posições. “Como nosso elenco é curto, essa qualidade ajuda bastante”, afirmou Claudiomiro.
Para o goleiro Zetti, a versatilidade é uma tendência do futebol mundial, e a necessidade está levando o Santos a se antecipar.
“O Leão está saindo na frente, pensando na frente. O grupo hoje está restrito, pelos acidentes de percurso. Mas estamos aproveitando bem a versatilidade de alguns jogadores para suprir a ausência de outros”, disse o goleiro.
O time é o líder isolado do Brasileiro, com 34 pontos (dois à frente do Corinthians), e, nas contas de Leão, necessita de mais quatro para garantir matematicamente a classificação para a próxima fase.
“Pela minha projeção, 38 pontos nos dão a classificação. Há quem diga que 35 são suficientes. Mas o importante é que agora, quando o campeonato começa a afunilar e a dificultar, estamos um pouquinho tranquilos”, disse o técnico.
As dores na região lateral do tronco que acometem o atacante Viola desde o último sábado não permitiram novamente ao jogador treinar ontem com bola.
Enquanto os companheiros participavam de um coletivo, Viola fazia tratamento e uma corrida leve em volta do gramado.
Para o médico Marco Aurélio Cunha, gerente de futebol do Santos, os exames indicaram que o atacante tem um edema, provavelmente resultado de uma pancada, que gerou inflamação e dor.
Apesar das dores e de uma semana afastado dos treinos, Viola jogará, usando uma cinta elástica.
Por seu lado, o Coritiba, que estréia o treinador Dario Pereyra, entra em campo disposto a derrotar o líder. Sétima colocada, a equipe já vê a classificação para os play-offs do campeonato como uma chance concreta. Substituindo Valdyr Espinosa, o uruguaio Pereyra, ex-zagueiro, elogiou a raça de seu novo time.
Equipe se supera, diz Leão
O técnico Emerson Leão aponta a simplicidade como a principal virtude que conduziu o Santos à condição de líder do Brasileiro. Segundo ele, a equipe vem se superando, porque conhece suas limitações.
Repórter – A posição que o Santos alcançou passou a gerar a expectativa de o time chegar à decisão. O Santos tem cacife para ser campeão?
Emerson Leão – É a pergunta que se fazia no início do campeonato: “Esse Santos tem cacife para fazer alguma coisa?”
Em dois torneios (Copa do Brasil e Rio-São Paulo), o Santos saiu sem perder. Não foi bem no Paulista porque foi um campeonato supercurto, não deu nem tempo para sonhar.
Fizemos uma boa metade de Brasileiro. Podemos sonhar com o título? Hoje, por mais pessimistas que possamos ser, o Santos já tem o direito de sonhar com alguma coisa, porque estamos praticamente classificados. Isso dá direito ao play-off, entre os oito melhores.
Logo, saberemos se vamos estar entre os quatro. Então, essa sensação está próxima.
Repórter – Qual é a principal razão para que um time desacreditado no início seja agora o líder do campeonato?
Leão – O principal é que o Santos é um time simples, e por isso tem conseguido as coisas.
Quando você aceita que é simples, começa a ganhar terreno. Quando você aceita que tem limitações, começa a ter uma especialidade, a executar bem aquilo que faz.
Aí, entra o aspecto coletivo -um trabalha ajudando o outro. Tem semana em que um jogador aparece mais, tem semana em que é outro.
De repente, sai um lá do fundo, que ninguém esperava, e aparece. Daqui a pouco, ele cai de novo e entra outro.
É o revezamento natural de quem joga no Santos. Não há nenhum jogador que não tenha atuado. Só não saiu o Zetti.
Repórter – Com um grupo “enxuto”, a capacidade dos jogadores de atuar em mais de uma posição tornou-se a principal qualidade do time?
Leão – Não é o ideal, mas eles têm se superado. Se precisar de um zagueiro, além dos que tenho, posso recorrer a Narciso e Claudiomiro (ambos volantes). Gustavo é lateral-esquerdo, mas atua na quarta-zaga. Baiano pode jogar no meio e na lateral. Élder pode jogar no meio e de zagueiro. Athirson pode ser lateral-esquerdo e meia-esquerda. Mas não é por isso que nós deixamos de requisitar (reforços), porque saíram muitos jogadores.
Repórter – Quais reforços foram pedidos?
Leão – Acho que precisamos de um centroavante nato, tradicional. Gostaria de ter um centroavante alto, mais trombador na frente, para me dar uma opção diferente. Não estamos achando no mercado.
Repórter – O Santos já está atuando como gostaria?
Leão – A maneira de jogar está ensaiada. Nós vamos com ela até o final. Ocorre que, de acordo com o atleta escalado, por ter característica diferente, há uma dinâmica diferente.
O time está jogando do jeito que nós treinamos, mas ninguém mantém um ritmo perfeito o tempo todo.
Japonês tenta visto no Paraguai
O meia-atacante japonês Maezono, 24, terá de viajar para o Paraguai a fim de regularizar sua documentação e ter condições legais para atuar pelo Santos.
Emprestado até o final do ano pelo Verdy, do Japão, Maezono está no Brasil como turista -treinou ontem pela primeira vez no clube.
Para obter visto de trabalho, terá de deixar o país e retornar na nova condição. Ao final da tramitação de processos nos ministérios do Trabalho e das Relações Exteriores, o jogador será levado para o Paraguai.
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