Data: 01/09/1974, domingo, 13h30 de Brasília.
Competição: Troféu Ramon de Carranza – Disputa de 3º lugar
Local: Cádiz, Espanha.
Árbitro: Gordon Kew (ING).
Auxiliares: Crispin e Aguillera.
Gols: Neeskens (22-1) e Asensi (34-1); Neeskens (17-2), Asensi (27-2) e Pelé (41-2, de pênalti).
BARCELONA (ESP)
Mora; Joaquim Rifé, Antoni Torres, Toño De La Cruz e Costas; (Albadelejo); Manolo Clares (Manolo Tomé) e Neeskens; Gallego, Asensi, Johan Cruyff e Marcial Pina.
Técnico:
SANTOS
Wilson; Vicente, Marinho, Carlos Alberto e Wilson Campos; Léo e Miffin (Nelsi); Mazinho, Clayton (Cláudio Adão), Pelé e Edu.
Técnico: Tim
Santos, 1 a 4
Com um goleiro inseguro, laterais sendo driblados facilmente, zagueiros de área muito lentos e um meio-campo sem forças para ajudar a defesa e apoiar o ataque, o Santos foi goleado em Cádiz, ficando em último lugar no Troféu Ramon de Carranza.
O entusiasmo durou apenas até sofrer o primeiro gol. Daí em diante, o Santos, não conseguiu em momento algum se impor em campo, vivendo 90 minutos com apenas duas boas jogadas: uma bola na trave, aos 28′ do primeiro tempo, em chute de Clayton, e o gol de Pelé, na cobrança de pênalti que ele mesmo sofreu.
Esse gol do Santos aconteceu depois que o time já tinha errado demais e sofrido quatro gols. Tentou atacar com os ponteiros Mazinho e Edu, mas não deu certo pois o Barcelona manteve sempre os coordenadores recuados, dando cobertura aos laterais, além de Pelé sofrer marcação intensa pelo meio, sem que Clayton abrisse espaços, limitando-se a ficar fixo entre os zagueiros adversários, sendo sempre dominado.
Neeskens abriu o placar aos 22′ do primeiro tempo e o Barcelona passou a envolver o Santos com passes rápidos, iniciados em tabelas entre Cruyff e Neeskens, encontrando sempre Asensi e Marcial correndo à frente de Marinho e Carlos Alberto, que não sabiam a quem marcar.
A confusão do time santista começava na defesa, passando pelo meio-campo e atingindo o ataque. E foi muito fácil para Asensi fazer 2 a 0 ainda no primeiro tempo e consolidar a goleada aos 27′ da fase final, quando fez o quarto gol. Antes aos 17′, subindo livre de marcação, Neeskens tinha feito o terceiro e o Santos só conseguiu amenizar a goleada com o gol de Pelé, tendo sorte de não sofrer outros gols.
O fracasso do Santos
Em apenas dois jogos, a maior derrota do Santos: ele deixou o Brasil com a esperança de manter seu prestígio internacional, expor Pelé pela última vez aos torcedores europeus e garantir, no Troféu Ramon de Carranza, bons contratos para novas excursões.
Com o cansado Pelé, jogadores inexperientes como Wilson, Wilson Campos, Léo, Nelsi, Clayton, Mazinho e Cláudio Adão, o Santos sem Cejas e Clodoaldo, mas com todas outras estrelas que com Pelé garantiram a frequência das excursões, foi um time em decadência, amostra de um futebol sem vibração e sem criatividade.
A goleada diante do Barcelona certamente irá refletir nos planos dos dirigentes, que viam no Torneio a grande oportunidade do Santos reviver seus melhores momentos. E saiu tudo ao contrário. Nunca o Santos foi tão inexpressivo, confuso e sem vida como neste final de semana, representados por 180 minutos e um gol de Pelé cobrado de penalti.
Neste time onde o goleiro sofre gol de escanteio, os laterais não sabem se devem marcar os ponteiros adversários ou apoiar o ataque, os zagueiros de área se mantém lentos e confusos, e o meio-campo renovado com Nelsi, Miffin, Brecha, Léo, não encontra forças para ajudar o ataque, que vive da boa vontade de Pelé e dos dribles inconsequentes de Edu, sem que Clayton ou Mazinho consigam completar as jogadas.
Nessa derrota do Santos surge em evidência a falta de padrão de jogo, a lentidão dominando todas as tentativas de reação e o técnico Tim tendo a participação ativa na falta de ritmo da equipe: ele faz mudanças sucessivas, aparentemente não tem determinado funções. Miffin é um exemplo disso. Entrou no time sem saber o que fazer, como Clayton, que apenas com boa vontade procura entender-se com Pelé. Vítima de seus erros, o Santos acabou em último lugar no Troféu Ramon de Carranza. Saiu para tentar a reabilitação e vai voltar mais derrotado ainda.
Não foi o Santos dos velhos tempos
Fonte: Jornal “A Tribuna” de Santos
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