Santos 4 x 1 Paysandu
Data: 24/04/2005, domingo, 18h10.
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª rodada
Local: Estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul, SP.
Público e Renda: Jogo com portões fechados.
Árbitro: Clever Assunção Gonçalves (MG)
Auxiliares: Helberth Costa Andrade e Flamarion Sócrates da Silva (ambos de MG).
Cartões amarelos: Zé Augusto e Jóbson (P).
Gols: Deivid (04-1), Robinho (20-1, de pênalti) e Leonardo (22-1, contra); Edmílson (24-2) e Deivid (45-2).
SANTOS
Henao; Paulo César, Leonardo, Ávalos e Léo; Fabinho, Bóvio, Zé Elias (Edmílson) e Ricardinho; Robinho e Deivid.
Técnico: Gallo
PAYSANDU
Ronaldo; Alemão, Tanajura, Alex Pinho e Renatinho; Donizete Amorim, Vânderson, Jobson (Lecheva) e Rodriguinho (Rodrigo); Robson e Zé Augusto (Balão).
Técnico: Paulo Campos
Sem torcida, Santos recomeça a defesa do título nacional
Sem incentivo, faltou brilho. Com portões fechados, o Santos venceu o Paysandu em silêncio ontem no Anacleto Campanella e iniciou sua defesa do título nacional com um 4 a 1 chocho.
O resultado deixou o time como líder do Brasileiro, com três pontos e o mesmo saldo do Atlético-MG, que venceu o Figueirense anteontem também por 4 a 1.
Em ritmo de treino, dado o vazio do estádio em razão da punição, o time do técnico Gallo começou a partida sem vontade. E foi exatamente assim que conseguiu seu primeiro gol no jogo.
Aos 5min, o goleiro Ronaldo recebeu uma bola recuada e errou ao tentar despachá-la para a frente. A bola acabou indo na direção da cabeça do atacante Deivid e voltando ao gol dos paraenses. O Paysandu desmantelava a sua própria atitude defensiva.
A comédia de erros dos belenenses voltou a beneficiar o time da Vila Belmiro quando Bóvio tentou dar um passe de primeira, e Flávio Tanajura desviou o rumo da bola com a mão.
Coube a Robinho a cobrança do pênalti, aos 21min, batendo com precisão à esquerda de Ronaldo. Sem suar, o Santos marcou 2 a 0.
A resposta do Paysandu, quando veio, foi provocada mais por um erro santista do que por méritos da equipe de Paulo Campos. O zagueiro Leonardo fez gol contra, ao desviar de cabeça uma falta cobrada da direita, aos 22min.
No que dependeu deles mesmos, Santos e Paysandu faziam um primeiro tempo sofrível. Foram cinco conclusões do time do litoral, com apenas duas certas -os dois gols.
Já o time de Belém só conseguiu acertar o gol com as próprias pernas aos 32min, num chute de Jobson. Finalizou depois mais quatro vezes, sem acertar nenhuma.
No segundo tempo, o Santos voltou sem nova disposição. Parecia realmente encarar o jogo como um coletivo, facilitado pelos erros de passe do Paysandu.
De interessante no reinício, só um chute de Robson, aos 11min, que o goleiro colombiano Henao defendeu matando no peito.
Donos da vantagem, os comandados por Gallo deixavam o tempo passar, sem ambições. Robinho estava mal na partida, ainda que tenha marcado um gol. Como não havia torcida para irritar, a situação tendia a seguir até o fim.
Na metade do segundo tempo, Gallo tentou acordar o time, tirando o volante Zé Elias e escalando o garoto Edmílson, 16. Sua ousadia acabou sendo premiada.
Aos 25min, na sua primeira bola no jogo, Edmílson, livre de marcação, completou de peixinho um belo cruzamento de Léo, ampliando a vantagem em 3 a 1.
Enquanto isso, o Paysandu tentava reagir, mas esbarrava na figura de Henao. O goleiro santista apareceu bem nos chutes perigosos de Robson e, principalmente, no de Lecheva, aos 37min.
O impulso de reação do Paysandu acabou morrendo na boa troca de passes dos santistas, que toureava o cansado time paraense à espera do apito final.
Aos 45min, veio a estocada final: o lateral Léo fez grande jogada pela esquerda, superando dois rivais e cruzando da linha de fundo. Deivid pulou, fez 4 a 1 de cabeça e se igualou a Tuta, na artilharia do Nacional, com dois gols.
“É difícil com casa vazia. A equipe sofreu uma pressãozinha, mas esperou o momento certo e matou o jogo”, disse o lateral, que se apresentará hoje ao técnico Carlos Alberto Parreira para o amistoso desta quarta-feira, contra a Guatemala, no Pacaembu.
No próximo domingo, o Santos volta a campo pelo Brasileiro contra o Coritiba, na capital paranaense. Já o Paysandu recebe o Fluminense em casa.
Deivid pede para ficar na Vila até o fim do ano
O atacante Deivid, autor de dois gols na vitória por 4 a 1 sobre o Paysandu, tem contrato por empréstimo com o time da Vila Belmiro até junho, mas ontem pediu para ficar mais.
“Eu pertenço ao Bordeaux [clube da primeira divisão da França], mas pretendo continuar no Santos até o final do Brasileiro. Só assim poderei conquistar meu objetivo, que é ser campeão novamente, mas desta vez como artilheiro”, disse Deivid.
Apesar de ter terminado o Campeonato Brasileiro de 2004 como campeão, o artilheiro da competição foi o atacante Washington, com 34 gols, que defendia o Atlético-PR e agora está atuando no futebol japonês.
Com dois gols logo de cara, Deivid está confiante para virar o goleador deste Nacional. “Quando você faz mais de um gol na estréia do time, acaba ganhando mais confiança para as partidas seguintes”, afirmou.
Outro jogador, porém, também mereceu destaque: o meia-atacante Edmilson, de apenas 17 anos, fez a segunda partida com a camisa santista e marcou seu primeiro gol. “Espero ter outras chances”, disse Edmilson.
Já o técnico Gallo, invicto na equipe, preferiu a cautela. “O placar engana. O jogo não foi fácil. Tivemos muitas dificuldades.”
Para ninguém, Santos começa busca do bi ( Em 24/04/2005 )
O Santos inicia a defesa do título nacional diante do Paysandu, no ABC paulista, com os portões do estádio Anacleto Campanella fechados -nova modalidade de punição na Série A, que também será vista em Fortaleza.
No ano passado, uma partida da segunda divisão do Paulista entre Bragantino e São Bento não teve público porque o estádio de Bragança não atendia às exigências do Estatuto do Torcedor.
O Santos cumpre decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva referente ao jogo com o Corinthians de 2004 -na ocasião, o time perdeu dois mandos de jogo porque um torcedor atirou objetos no goleiro Fábio Costa. O clube recorreu, mas a nova sentença não só manteve a perda dos dois mandos anteriores como acrescentou a perda de mais um, que deveria ser paga neste ano.
Diferentemente do regulamento válido no ano passado, em que o clube punido deveria jogar em um estádio a 150 km de casa, agora ele pode jogar em qualquer estádio (exceto o próprio), mas sem público, com os portões fechados. A decisão atende ao 1º parágrafo do artigo 12 do novo Regulamento Geral de Competições.
A situação, nova em Nacionais, incomoda os atletas e a comissão técnica. “É estranho até porque nunca passei por uma situação como essa. Acredito que seja ruim, o jogador sempre gosta de jogar com torcida, mas, se o regulamento diz isso, temos que respeitar”, disse o treinador Gallo.
“É a primeira vez, acho que para todos nós: atletas, torcedores, que não vão poder participar, e jornalistas também”, disse Ricardinho.
Apesar do estádio vazio, Gallo não pretende se descuidar em sua a estréia no torneio. “A gente joga sempre pensando no adversário. O Campeonato Brasileiro não é feito de 42 rodadas, são 42 decisões. Por enquanto a idéia é usar todo mundo em todos os jogos.”
Ele não irá poupar os titulares do grupo para disputar a Libertadores, como fez Vanderlei Luxemburgo no ano passado. Mas não terá o atacante Basílio nem os meias Tcheco e Fábio Baiano. Os três foram poupados pela comissão técnica por estarem se recuperando de lesões. Devem jogar na próxima rodada.
O zagueiro Leonardo, convocado para o amistoso da seleção com a Guatemala, na quarta-feira, disse que o Santos, além de defender o título, deve ditar o torneio. “A gente sempre é cobrado pelo que fez. Agora, temos que manter o que fizemos no ano passado para que todo mundo continue falando da gente neste ano.”
Para Ricardinho, sanção é injusta, mas pode ser útil
Capitão da equipe, o meia Ricardinho disse que o torcedor fará falta no jogo de hoje, mas afirmou também que a situação não mudará a postura do Santos dentro de campo contra o Paysandu.
“Só lamento porque estamos começando um campeonato novo. Mas nós apenas recebemos a comunicação, então isso não muda em nada nossa preparação nem nosso trabalho em relação ao primeiro jogo do campeonato. Independentemente se o estádio está cheio ou vazio, se é um amistoso ou uma decisão”, afirmou.
Ricardinho diz discordar da decisão. “Se fosse a primeira punição, tudo bem, mas era do ano passado, sendo que em 2004 tivemos inúmeras punições. Espero que neste ano isso não continue.” Por outro lado, o meia santista também cogita a utilidade do silêncio do estádio no plano tático. A quietude poderá ser útil para que os técnicos de ambas as equipes passem as instruções mais facilmente aos atletas.
“Mas não sei como será a comemoração do gol sem o grito da torcida”, lamentou Ricardinho, um dos líderes santistas, que ainda ironizou a situação. “É até cômico comentar. Agora a gente vai poder ouvir até qual é o repórter que nos critica ou elogia”, completou.
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