Santos 1 x 0 Palmeiras
Data: 15/08/1998, sábado, 16h00.
Competição: Campeonato Brasileiro – 1ª fase – 5ª rodada
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 12.000 pagantes
Renda: R$ 129.100,00
Árbitro: Cláudio Vinícius Cerdeira (RJ).
Cartões amarelos: Jorginho, Alessandro e Sandro (S); Júnior Baiano, Rogério e Pedrinho (P).
Cartão vermelho: Galeano (P, 37-2)
Gol: Argel (16-1).
SANTOS
Zetti; Ânderson Lima, Argel, Sandro e Athirson; Élder, Narciso, Jorginho (Baiano) e Lúcio (Adiel); Alessandro (Aristizábal) e Viola.
Técnico: Emerson Leão
PALMEIRAS
Velloso; Arce, Roque Júnior, Galeano e Júnior; Pedrinho (Ferrugem), Rogério, Alex e Thiago (Magrão); Darci (Neném) e Oséas.
Técnico: Luis Felipe Scolari
Clássico inaugura “alçapão’ reduzido
Com problemas de segurança, Vila Belmiro teve a capacidade diminuída para abrigar Santos e Palmeiras
A força do “alçapão da Vila”, apelido que o estádio do Santos ganhou devido à pressão exercida pela torcida sobre os adversários, estará reduzida a menos da metade no clássico de hoje à tarde contra o Palmeiras.
Por razões de segurança, a Polícia Militar decidiu limitar em 12 mil a quantidade de ingressos disponíveis para o jogo. Segundo informação do clube, o estádio tem capacidade para 26 mil torcedores.
Para o gerente de futebol Marco Aurélio Cunha, com a limitação, o Santos perde o diferencial que a torcida estabelece a seu favor quando atua em casa.
“Quando existe a possibilidade de se ter uma torcida maciça, com o estádio lotado, queira ou não há uma inibição do adversário.”
Entre os palmeirenses, o discurso é diferente.
“A pressão sobre o Palmeiras continua igual. Nós estamos vindo de derrota (Sport, por 2 a 1) e temos que reverter a situação. A torcida deles não vai entrar em campo”, afirma o atacante Oséas.
O técnico Luiz Felipe Scolari chega a defender que a limitação é até desfavorável a seu time.
“Sempre que o Palmeiras jogou com o estádio cheio, jogou melhor. Os jogadores se sentem mais prestigiados. Por mim, jogaria um clássico a cada três dias.”
O comandante da Polícia Militar na Baixada Santista, coronel Fernando de Paula Lima Júnior, disse ontem que a limitação da capacidade do estádio é decorrente da falta de saídas de emergência.
Segundo ele, há seis meses o Corpo de Bombeiros realizou uma vistoria no estádio e emitiu um laudo provisório que estipulava um prazo para o clube instalar equipamentos de segurança.
Parte desses equipamentos foi instalada, como corrimões e luzes de emergência, mas, de acordo com o comandante, o prazo de validade do laudo venceu e ainda é necessária a construção de escadas que funcionem como “rotas de fuga” em caso da necessidade de desocupação rápida.
“Com 12 mil pessoas, há condições totais de segurança. Até que o clube se amolde às regras, essa será a capacidade máxima”, afirmou o coronel.
O diretor de Obras do Santos, engenheiro Luiz Fernando de Paiva Vella, disse que o clube enviou em março ao Corpo de Bombeiros um projeto arquitetônico de instalação de cinco escadas externas para saída de público.
Segundo ele, depois da aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros, um projeto estrutural será encaminhado à prefeitura. Após a autorização municipal, a obra poderá ser executada.
Atualmente, de acordo com o diretor, há 11 saídas no estádio. As novas escadas, segundo afirmou, serão estruturas metálicas situadas atrás da arquibancada principal (três), da arquibancada do gol de fundo (uma) e na altura de um dos portões de entrada (uma).
Scolari ‘raspa’ time juvenil para compensar contusões
Com sete desfalques, Scolari não consegue formar banco de reservas
Para formar a delegação palmeirense para a partida contra o Santos, hoje, às 16h, na Vila Belmiro, o técnico Luiz Felipe Scolari teve que recorrer a sobras do time de juniores para completar o grupo.
Com sete jogadores impedidos de enfrentar o Santos de Emerson Leão, Scolari não conseguiu nem sequer formar um banco de reservas completo para a partida.
Assim, apenas 17 jogadores foram relacionados para o jogo. Entre eles, três juvenis: Daniel, 18, Ferrugem, 17, e Thiago, 18.
“Eu completei o time com o que dava de garotos, pois eu também não quero descaracterizar a equipe júnior”, afirmou o treinador palmeirense.
A equipe de juniores do Palmeiras disputa hoje a 2ª rodada do Campeonato Paulista da categoria, contra o C.A. Sorocaba.
Descaracterizado, na verdade, ficou o Palmeiras com a série de problemas que o técnico tem para escalar o time, principalmente no setor defensivo.
Paulo Nunes, Arílson, Zinho, Almir e Agnaldo fazem parte do grupo dos contundidos. Roque Júnior e Cléber, dos suspensos.
Assim, o zagueiro Júnior Baiano terá como companheiro de zaga Daniel, 18, originalmente volante, mas que vem atuando improvisado na zaga na equipe de juniores.
Além disso, como solução tática para o problema, o técnico optou por povoar o meio-campo palmeirense, formando a equipe em um 4-5-1 (quatro zagueiros, cinco meias e um atacante).
Quem não gostou muito da opção foi o atacante Oséas, que jogará isolado na frente.
“Com apenas um atacante, aumenta a dificuldade. A diferença é que agora eu vou atuar como pivô, mais dentro da área. Quando jogam o Paulo Nunes, ou o Almir, eu posso sair mais da área adversária e buscar o jogo”, reclamou.
O treinador, por sua vez, procura minimizar os desfalques.
“Aqueles que têm entrado, têm correspondido. Não dá para passar a imagem de que os desfalques é que fazem o Palmeiras perder”, disse o técnico sobre a partida de quarta-feira, quando o time perdeu para o Sport, no Parque Antarctica por 2 a 1.
Com duas vitórias, um empate e essa derrota, o Palmeiras ocupa a nona colocação no torneio.
Alerta
Já o técnico do adversário desta tarde não lamenta tanto os desfalques de seu time, mas a boa campanha que o Santos desenvolve no início do torneio.
O terceiro lugar na tabela, com dez pontos em quatro jogos, na concepção do técnico Emerson Leão, está alertando precocemente os adversários para o Santos.
Ele afirmou que preferia ver o time “correndo mais por fora” do que “pelo meio”, o que, segundo seu raciocínio, leva as outras equipes a redobrarem a atenção quando enfrentam o Santos.
“Quem corre pelo meio corre pelo barro, porque ali tem muito cavalo correndo. É preciso ir por fora. Infelizmente, a descoberta (do Santos pelos adversários) está acontecendo muito cedo”, lamentou o técnico.
Para Leão, o bom desempenho é decorrente do “volume” de jogo que a equipe vem apresentando, o que permite ao time manter uma regularidade de bons resultados mesmo quando apresenta falhas.
“Isso nos dá até condição de errar. No último jogo (3 a 0 sobre a LDU, pela Copa Conmebol), erramos demais no primeiro tempo, mas tivemos um volume de jogo que assustou o adversário. Com aquele volume, ganhamos no segundo tempo”, disse o treinador.
Na partida de hoje, o time atuará com todos os titulares, à exceção do volante Claudiomiro (suspenso), que será substituído por Élder, Marcos Basílio ou Baiano.
O meia Lúcio, do Santos, está com sua participação ameaçada no jogo contra o Palmeiras. Ele sofreu uma pancada durante o treino de ontem. Caso não possa jogar, seu substituto deve ser Adiel.
O atacante colombiano Aristizábal, recém-contratado, poderá estar no banco de reservas. O clube conseguiu inscrevê-lo a tempo para o jogo.
Viola quer aparecer com regularidade de gols
O atacante Viola tentará manter hoje a regularidade que o transformou no principal destaque do Santos no Campeonato Brasileiro.
Viola marcou gols em todos os quatro jogos da equipe na competição. Fez um gol por partida contra Bragantino, Atlético-PR e Cruzeiro, e contra o Vitória, dois.
“Hoje, a fase é muito boa. Estou bem fisicamente, e na parte técnica também. Com isso, a gente aparece”, declarou.
O técnico Leão elogia o atacante, mas atribui aos demais jogadores o desempenho positivo de Viola.
“O resultado do Viola é fruto de um trabalho dos seus companheiros. É claro que ele está no lugar certo, no momento certo, mas tem grandes assistentes que colaboram para que ele faça os gols.”
Viola diz não guardar ressentimento do técnico Luiz Felipe Scolari por ter deixado o Palmeiras -ele está emprestado ao Santos até julho do ano que vem.
“Cada um tem uma maneira de pensar. Trabalhei honestamente no Palmeiras e nunca fiz corpo mole. Mas o treinador tem o direito de escalar quem quiser, e a gente tem de acatar”, afirmou o jogador.
Fonte: Estadão
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