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02/06/1996 – Palmeiras 2 x 0 Santos – Campeonato Paulista

Palmeiras 2 x 0 Santos

Data: 02/06/1996, domingo, 19h00.
Competição: Campeonato Paulista – 2º turno – 14ª rodada (penúltima)
Local: Estádio do Parque Antarctica, em São Paulo, SP.
Público e renda: não divulgados.
Árbitro: Oscar Ruiz (COL)
Cartões amarelos: Galeano, Amaral, Djalminha, Luizão e Júnior (P); Narciso, Baiano, Giovanni, Gallo e Macedo (S).
Cartão vermelho: Edinho (S).
Gols: Luizão (06-1) e Cléber (33-2).

PALMEIRAS
Velloso; Cafu, Sandro, Cléber e Júnior (Elivélton); Galeano, Amaral (Marquinhos), Rivaldo e Djalminha; Müller e Luizão.
Técnico: Wanderley Luxemburgo

SANTOS
Edinho; Cláudio, Sandro, Narciso e Marcos Adriano; Gallo, Baiano, Jamelli e Robert (Camanducaia); Macedo (Nando) e Giovanni.
Técnico: Orlando Amarelo



Palmeiras é campeão

O Palmeiras derrotou o Santos por 2 a 0 e conquistou o Campeonato Paulista, vencendo os dois turnos da competição.

Dessa forma, o quadrangular final previsto no regulamento do campeonato, com campeões e vices de cada turno, foi cancelado.

O Palmeiras completou 80 pontos nos dois turnos, com 92% de aproveitamento nos pontos. O São Paulo foi o vice com 55 pontos.

O Palmeiras precisava apenas de um empate ontem para ficar com o título. O primeiro gol, de Luizão, o 100º do time no campeonato, deu tranquilidade à equipe. Cléber marcou no segundo tempo.

Tetracampeão

O técnico Wanderley Luxemburgo comemora seu quarto título paulista nos anos 90. Venceu com o Bragantino em 1990 e com o mesmo Palmeiras em 1993-94, já trabalhando na co-gestão do time com a multinacional Parmalat.

O Palmeiras consagra seu treinador num campeonato que fica na história marcado pela “dança” de técnicos de seus principais rivais.

O Santos, que vinha do vice-campeonato brasileiro, fez um primeiro turno ruim, comandado por Candinho. O time só melhorou na fase final, com Orlando Amarelo como técnico.

O Corinthians disputou três campeonatos ao mesmo tempo (Paulista, Libertadores e Copa do Brasil), sem priorizar um deles. Quando perdeu as chances em todos, trocou o técnico Eduardo Amorim por Valdyr Espinosa.

No São Paulo, sem Telê Santana, por problemas de saúde, a campanha irregular do time sob o comando de Muricy Ramalho fez a diretoria contratar o tetracampeão Carlos Alberto Parreira.

Desmanche

A conquista do título não deve impedir uma “operação desmanche” no Palmeiras. A Parmalat quer levar Cafu e Rivaldo para jogar no Parma, da Itália.

Flávio Conceição e Amaral, titulares da seleção olímpica brasileira, também receberam sondagens de clubes europeus e japoneses.

A Parmalat tenta renovar esta semana o contrato do jogador Müller, que tem proposta para voltar a jogar no São Paulo.

A rodada final do campeonato vai servir para definir a artilharia da competição. Luizão e Giovanni estão empatados, 22 gols cada.

As três equipes rebaixadas para a série A-2 em 1997 já estão definidas antes da última rodada: Ferroviária, Novorizontino e XV de Jaú.

Campanha já tem 26 vitórias

O Palmeiras conquistou seu 21º título estadual com uma das mais brilhantes campanhas da história do Campeonato Paulista.

Faltando ainda uma rodada, a equipe de Wanderley Luxemburgo disputou 29 partidas até agora. Conseguiu 26 vitórias, dois empates (União São João e Corinthians) e apenas 1 derrota (Guarani).

Metade das vitórias foram com goleadas, jogos em que a equipe marcou mais de quatro gols. A equipe marcou 101 gols e sofreu 19. Tem três jogadores entre os quatro goleadores do Paulista.

Mas, além dos números, a campanha palmeirense consagrou homens e estilos. A conquista estabeleceu uma verdadeira “era Luxemburgo” no futebol paulista. Dos últimos oito campeonatos, ele disputou seis e ganhou quatro (três com o Palmeiras e um com o Bragantino).

O técnico mostrou que uma equipe pode ser ofensiva sem ser vulnerável na defesa. Sua fama o credenciou como garoto-propaganda e palestrante para empresários e executivos.

O meia defensivo Amaral, com seu bom humor e preparo físico sem igual, projetou-se e se tornou titular da seleção brasileira.

O meia-atacante Rivaldo disputa com Giovanni a condição de melhor jogador do país na atualidade.

Outro mérito do clube foi recuperar o melhor futebol do atacante Müller, que atravessava má fase até aportar no Parque Antarctica.

Palmeiras explora ‘tabelas’ e velocidade para vencer

Time domina Santos, que, em nenhum momento, ameaçou o título

O Palmeiras não mudou seu estilo de jogo para vencer o Santos por 2 a 0 e conquistar o título paulista.

Mesmo precisando apenas de um empate, a equipe palmeirense pressionou o adversário desde o início, explorando as “tabelas” em velocidade pelo meio do ataque e se aproveitando da falha marcação santista.

Deste modo, o Palmeiras marcou logo aos 6min. Rivaldo chutou, Edinho rebateu e Luizão, no rebote, fez o centésimo gol palmeirense no Paulista.

O Santos continuou marcando muito mal após o gol, o que irritou o técnico Orlando Pereira. “Estamos dando muito espaço no meio-campo”, afirmou.

Além disso, o Santos mostrava pouca criatividade. O time não incomodou o goleiro Velloso.

Preciosismo

Mesmo com o adversário completamente dominado no primeiro tempo, o técnico Wanderley Luxemburgo reclamou do “preciosismo” do time.

“Estamos tentando muitas jogadas de efeito em vez de procurar o gol”, disse. Luxemburgo mostrou que estava com a razão.

No segundo tempo, logo aos 8min, Rivaldo perdeu um “gol feito”, após driblar o goleiro Edinho. Ele tentou mais uma finta antes de bater e deu chance para Baiano salvar o gol em cima da linha.

O Palmeiras continuou insistindo na troca de passes pelo meio e cansou de perder chances. Aos 18min, Müller acertou o travessão.

Aos 25min, o goleiro Edinho, que vinha bem na partida, foi expulso por reclamação.

Oito minutos depois, Cléber, com categoria, garantiu a vitória e o título, marcando o segundo.

Ataque santista não funciona

Mesmo com a necessidade de vencer o Palmeiras por uma grande diferença de gols, as ações ofensivas do Santos foram pouco efetivas na partida de ontem.

A principal dificuldade da equipe do técnico Orlando Pereira foi fazer uma ligação rápida entre sua defesa e ataque.

Quando tomava a bola em seu campo de defesa, os jogadores do Santos sempre tinham três, às vezes quatro, jogadores do Palmeiras na sua marcação.

O técnico santista tentou aumentar a presença ofensiva do Santos e resolveu substituir Robert por Camanducaia, no início do segundo tempo.

O principal jogador do Santos, o meia-atacante Giovanni, ficou isolado no ataque santista durante a maior parte do jogo.

Outra dificuldade do Santos foi na sua marcação no meio-de-campo, que não conseguia destruir as jogadas ofensivas do time de Wanderley Luxemburgo.

Os meias Baiano e Gallo não conseguiram fazer uma marcação eficiente em Djalminha e Rivaldo, os principais articuladores das jogadas palmeirenses.

Supertime não surpreende a ‘era Pelé’

Faltaram adversários para o supertime do Palmeiras se mostrar à altura do supertime do Santos da era Pelé.

Essa é a opinião de três ex-jogadores do mítico Santos dos anos 60. A convite da Folha, Pepe, Lima e Mengálvio assistiram ao jogo de ontem no Parque Antarctica.

Reconhecidos nas numeradas do estádio por torcedores palmeirenses, especialmente os mais velhos, os craques santistas eram respeitosamente saudados.

Mesmo reconhecendo a boa fase do Palmeiras, não se rendem ao time de Wanderley Luxemburgo.

“O Santos não foi o Santos só porque venceu um Paulista. Venceu duas Libertadores e dois Mundiais. Só não venceu mais porque a diretoria do clube deixou de lado essas competições. Esse Palmeiras terá de repetir isso”, afirmou Pepe.

Lima resume bem a dificuldade de comparação. “O Santos foi o supertime da década, e não só de um Paulista.”

Outro fator que dificulta a comparação, segundo os ex-craques santistas, é a falta de adversários para o Palmeiras neste ano.

“O Santos era um supertime, mas o Palmeiras era grande, o São Paulo era grande, o Corinthians ia bem, até jogar contra nós. O Palmeiras não teve adversários neste ano”, declarou Lima.

Isso sem falar nos times do interior. Na épocas dos campeonatos sem TV, a pressão e a violência em campo contra os times grandes no interior era muito grande.

“Era muito difícil ganhar da Ferroviária, do América, do Botafogo na casa deles”, disse Lima.

Além disso, lembram que esta é a primeira vez que esse Palmeiras faz cem gols num Paulista. “Nós fizemos isso umas quatro vezes”, afirmou Lima.

Mengálvio acha difícil comparar os dois times pois o futebol de hoje é muito diferente do dos anos 60. Para Lima, “hoje, a preparação física é mais importante”.

Para eles, a arbitragem hoje em dia também facilita a vida das equipes técnicas e dos bons jogadores, principalmente os atacantes. “Os juízes de atualmente são muito mais severos com a violência em campo”, disse Lima.

Questionados sobre qual jogador do Palmeiras de hoje teria lugar no Santos de 1961, surge a primeira dúvida: “Como titular?”, questionou, ironicamente, Pepe.

“Acho que Djalminha disputaria posição”, completou Lima. “O problema é quem sairia.”

Mas Pepe colocou o ponto no qual o Palmeiras de hoje talvez mais lembre o antigo Santos. “Você senta para ver e sabe que vai assistir um bom espetáculo. Dá gosto de ver.”

‘Palmeiras era o único time que beliscava’

Palmeiras e Santos era sempre um grande jogo. “O Palmeiras era o único que beliscava alguma coisa contra nós”, diz Mengálvio.

Mas nem ele, nem Pepe, nem Lima se lembram da derrota por 3 a 2 do supertime santista para o Palmeiras no Paulista-61.

“Lembro bem da final de 59. O Lula (técnico do Santos) disse: ‘Vamos ganhar só com o nome’. Ele acabou escalando dois sem condições físicas. O Pagão foi chamado na lua-de-mel. Depois de 15 minutos, estávamos em nove jogadores. Perdemos”, disse Pepe.

Lima diz que a partida mais emocionante que fez contra o Palmeiras foi um jogo-exibição para o príncipe Philip. “Metemos 5 a 3.”

Pepe tem predileção especial por um jogo de 1958, pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa. “No intervalo, ganhávamos de 5 a 2. Acabamos ganhando por 7 a 6.”

O duelo das superequipes

SANTOS 1961:

– Time-base: Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe
– Jogadores formados em casa: Dalmo, Coutinho, Pelé e Pepe
– Colocação: bicampeão paulista

média de gols
4,18**

gols marcados
113

artilheiro:**
Pelé
45 gols

aproveitamento de pontos
92,6%

Campanha***
Jogos: 27
Vitórias: 24
Empates: 2
Derrota: 1

– Time perdeu a invencibilidade após 22 jogos: derrota para o Palmeiras por 3 a 2

PALMEIRAS 1996:

– Time-base: Velloso; Cafu, Sandro, Cléber e Júnior; Amaral, Flávio Conceição, Djalminha e Rivaldo; Muller e Luizão
– Jogadores formados em casa: Velloso e Amaral
– Colocação: líder até o momento

média de gols
3,53

gols marcados
99

artilheiro:
Luizão
21 gols

aproveitamento de pontos
91,7%

Campanha
Jogos: 28
Vitórias: 25
Empates: 2
Derrota: 1

– Time perdeu a invencibilidade após 24 jogos: derrota para o Guarani por 1 a 0

* não computado o jogo de ontem
** em 1959 o Santos conseguiu 155 gols no Campeonato Paulista, recorde da competição
*** nesta época a vitória valia 2 pontos, contra 3 de hoje



Palmeiras espera por ofensiva do Santos ( Em 02/06/1996 )

Empate dá o título ao time de Wanderley Luxemburgo; só goleada mantém esperanças da equipe santista

Empate. Este é o resultado que o Palmeiras necessita na partida de hoje contra o Santos para obter o título do Campeonato Paulista.

O jogo será disputado no estádio do Parque Antarctica, a partir das 19h. A partida será transmitida ao vivo pela TV, inclusive para a cidade de São Paulo. O empate vai confirmar o título do segundo turno da competição para o Palmeiras.

O clube paulistano está com 34 pontos no segundo turno e saldo de 27 gols. O Santos tem 28 pontos e saldo de 19 gols.

Como já ganhou o primeiro turno, o Palmeiras será o campeão paulista sem a necessidade da disputa de um quadrangular final.

Para impedir o título do time do técnico Wanderley Luxemburgo, o Santos precisa vencer hoje e torcer para o Palmeiras perder para o XV de Jaú na última rodada do campeonato.

O Santos também precisa vencer o Botafogo e descontar uma diferença de oito gols de saldo a favor do Palmeiras. Por isso, os jogadores do Palmeiras acreditam que o Santos deva jogar ofensivamente.

“Se o Santos atacar o Palmeiras será ótimo para nós, pois vamos poder aproveitar os contra-ataques”, disse o lateral-meia Cafu.

O meia Djalminha acredita que o Santos tem possibilidade de jogar no ataque contra o Palmeiras, pois “possui jogadores habilidosos, como o Giovanni e o Jamelli”.

Desfalques

O meia defensivo Flávio Conceição, suspenso, desfalca o Palmeiras. Galeano será seu substituto. “É uma grande responsabilidade. Tenho que jogar com muita atenção”, disse o reserva.

Pelo Santos, o meia defensivo Vágner está contundido e não joga. Carlinhos, seu substituto natural, voltou a se machucar e ficará cerca de 30 dias em recuperação.

Com isso, o meia Baiano, 17, será o titular do setor ao lado de Gallo. “O que faltar em experiência eu compenso na saúde e correria”, declarou o mais jovem jogador do Santos em campo hoje.

Revanche

No primeiro turno, o Palmeiras goleou o Santos por 6 a 0, na Vila Belmiro.

“Aquele era outro time. Jogamos totalmente desfalcados (dos titulares, atuaram apenas Sandro, Gallo, Giovanni e Jamelli). Mas não existe clima de vingança”, afirmou o volante Gallo.

O diretoria e os torcedores do Palmeiras vão distribuir bandeiras de plástico para os torcedores que forem ao Parque Antarctica.


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