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10/04/1994 – Santos 0 x 0 São Paulo – Campeonato Paulista

Santos 0 x 0 São Paulo

Data: 10/04/1994, domingo, 17h00.
Competição: Campeonato Paulista – 2º turno – 21ª rodada
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo, SP.
Público: 33.344 pagantes
Renda: CR$ 147.890.000,00
Árbitro: João Paulo Araújo
Cartão vermelho: Gilmar (SP).

SANTOS
Edinho; Índio, Júnior, Maurício Copertino e Piá (Silva); Dinho, Gallo, Ranielli (Zé Renato) e Paulinho Kobayashi; Macedo e Demétrios.
Técnico: Serginho Chulapa

SÃO PAULO
Zetti; Vitor, Válber, Gilmar e Ronaldo Luís; Doriva, Cafu, Juninho (Caio) e Leonardo; Euller (Axel) e Palhinha.
Técnico: Telê Santana



Santos e São Paulo empatam no Morumbi

Santos e São Paulo empataram em 0 a 0 ontem à tarde no Morumbi. O resultado foi ruim para o time são-paulino, que agora está a quatro pontos do Corinthians (31), líder da Série A1 do Campeonato Paulista. O São Paulo é o 3º colocado com 27 pontos e o Santos soma 22, na 6ª posição.

O clássico apresentou poucos lances de emoção, pois os dois ataques chutaram pouco a gol. No primeiro tempo, os goleiros Edinho e Zetti praticamente não fizeram defesas.

Zetti fez sua primeira defesa somente aos 27 minutos, num chute do lateral Índio, do Santos. Já Edinho só precisou se antecipar em dois lances para evitar uma ameaça maior por parte dos atacantes contrários.

Com os ataques inoperantes, os dois meios-campos prevaleceram. O do Santos, formado por Dinho, Gallo, Ranielli e Paulinho Kobayashi, ficou mais na marcação.

Isso isolou o centroavante Demétrios e o time santista viveu das arrancadas isoladas de Macedo.

Já o meio-campo do São Paulo, com Doriva, Cafu, Juninho e Leonardo, tocou mais a bola e tentou vencer a zaga adversária com lances pelas laterais, com Vítor e Ronaldo Luiz. A tentativa são-paulina não funcionou.

No segundo tempo, o jogo ficou mais corrido, com o Santos tentando se impor pela vontade e pela garra.

Nesse período, os goleiros trabalharam um pouco mais, com três defesas importantes de Zetti e uma de Edinho. Muito pouco para um clássico.

O lateral Índio, pelo Santos, e o meia Cafu, pelo São Paulo, foram os que mais tentaram vencer os goleiros.

O zagueiro Gilmar, do São Paulo, sentiu a fraqueza do seu ataque e várias vezes foi à frente, mas sem sucesso.

Coube ao Santos produzir o melhor lance da partida, aquele que levantou a torcida no Morumbi. Aos 8 minutos, Macedo avançou pela ponta direita do seu ataque, nas costas do zagueiro Ronaldo Luiz. O ponta realizou o cruzamento. Demétrios subiu e cabeceou forte, para o chão. A bola ia entrar no canto direito do gol do São Paulo. Zetti conseguiu se esticar e impediu a passagem da bola. O rebote ainda ficou com Demétrios, que chutou para fora.

A outra oportunidade santista aconteceu aos 16 minutos, quando Macedo chutou cruzado e Zetti quase desviou a bola para seu próprio gol.

Aos 20 minutos, Telê, que estava em um camarote do Morumbi, cumprindo suspensão imposta pela Federação Paulista de Futebol, ordenou sua primeira substituição. Tirou Euler, que correu muito e fez pouco, e colocou Axel. Com isso, Cafu foi deslocado para a ponta direita, na tentativa de abrir a zaga santista.

Cinco minutos depois, Serginho Chulapa também mudou o Santos. Tirou Ranielli e colocou Zé Renato.

O jogo estava equilibrado, com domínio das defesas, quando Vítor perdeu a bola em um dos ataques do São Paulo, aos 28 minutos. Isso propiciou o contra-ataque santista. Demétrios escapou rápido, com a bola dominada. Quando passava pelo meio-campo, foi derrubado por Gilmar. Com já tinha levado cartão amarelo no primeiro tempo, o zagueiro do São Paulo foi expulso.

Com um jogador a mais, o Santos poderia tentar avançar mais, deixando de lado seu jogo defensivo. Tentou, mas sem êxito.

Ainda assim, teve uma boa chance com Dinho cobrando uma falta, que Zetti defendeu com dificuldade.

O São Paulo ainda teve uma chance, com Leonardo também cobrando uma falta, que propiciou a Edinho a sua melhor defesa na partida, aos 45min.

Defesa supera ataque em partida medíocre

As defesas não deixaram os atacantes jogar, no clássico de ontem no Morumbi. O jogo truncado foi favorável ao Santos, com uma equipe menos criativa.

A equipe santista começou o jogo com um pouco mais de iniciativa. Ranielli controlava bem seu setor, a meia esquerda. Por esse lado do campo, foram criadas as melhores jogadas do Santos.

O São Paulo, por sua vez, conseguiu recuperar o domínio da partida na segunda metade do primeiro tempo. O time do técnico Telê Santana privilegiava o lado direito, mas Cafu e Vítor não conseguiam furar o bloqueio de Piá, Dinho e Maurício Copertino. Quando Piá saía para o ataque, Dinho (23 desarmes) e Gallo (18) ajudavam na cobertura do lateral.

Apenas uma vez, aos 39min do primeiro tempo, uma jogada são-paulina pela direita levou perigo ao gol de Edinho: Palhinha lançou Cafu, que cruzou. A bola cruzou a grande área, sem que ninguém a aproveitasse.

O lado esquerdo do ataque do São Paulo foi abandonado. O lateral Índio, do Santos, tirou proveito disso para apoiar o ataque. Mas as jogadas santistas esbarravam sempre na falta de habilidade de seus atacantes. Pelo meio, Paulinho Kobayashi era totalmente inoperante, anulado por Doriva. Kobayashi errou 11 dos 25 passes que deu na partida.

As coisas não iam melhor do outro lado: Euller e Palhinha não conseguiam receber uma bola em condições de finalizar. Nos 65 minutos em que esteve em campo, Euller só conseguiu dar oito passes certos, o menor número de sua equipe.

O São Paulo conseguiu apenas uma finalização certa em toda a partida. O Santos teve cinco.

No segundo tempo, Palhinha e Euller recuaram um pouco, procurando a bola. Não adiantou. Ronaldo Luís e Leonardo tentaram atacar mais pela esquerda, também sem sucesso.

O Santos se fechou e passou a jogar nos contra-ataques, com lançamentos para a dupla de ataque Macedo e Demétrios. A tática quase surtiu efeito. Desse tipo de jogada saíram as duas chances santistas –a cabeçada de Demétrios e a cobrança de falta de Dinho. Nas duas vezes, Zetti salvou o São Paulo.

A entrada de Axel no lugar de Euller pouco mudou. Telê decidiu, então, pôr Caio em campo. O atacante ficou perdido dentro da área e deu apenas dois passes em 11 minutos.

Santos de Serginho falha nas finalizações

O Santos só não venceu o São Paulo ontem à tarde no Morumbi porque falhou nas finalizações, permitindo que a partida terminasse em 0 a 0. O diagnóstico foi do técnico da equipe santista, Serginho Chulapa. “Faltou tranquilidade nas finalizações”, disse ele.

O Santos conseguiu conter a velocidade do ataque são-paulino durante o primeiro tempo. Nessa etapa, o São Paulo levou mais perigo ao gol de Edinho, principalmente por meio de Cafu, que comandou as jogadas ofensivas do time.

Cafu explorou bem o setor esquerdo da defesa santista. O lateral Piá falhou sistematicamente na marcação. Mas o técnico Serginho percebeu a deficiência da equipe e substituiu Piá por Silva aos 38min. A partir daí, a defesa obteve um melhor posicionamento e permitiu os contra-ataques santistas.

O lateral-direito Índio e o atacante Macedo foram as principais figuras do ataque do Santos. Índio ligava a defesa e o ataque, com Macedo caindo pela direita.

Foi assim que, aos 42min, Índio aproveitou uma boa sequência de passes do Santos e chutou forte para o gol de Zetti. Mas a pontaria não ajudou e a bola passou à esquerda do goleiro.

No segundo tempo, Serginho colocou o time no ataque. Assim, logo aos 8min, Macedo cruzou da direita para Demétrios cabecear no canto inferior direito do gol. Zetti tirou a bola em cima da linha.

Aos 13min, foi a vez de Índio arriscar, novamente, de fora da área. para Zetti defender.

Com a entrada de Zé Renato, o Santos passou a usar também o setor esquerdo de seu ataque, forçando o zagueiro Gilmar a cometer duas faltas violentas e ser expulso de campo aos 28min.

Mas o Santos não aproveitou a vantagem numérica. Atacou desorganizadamente e, quando acertou, parou nas defesas de Zetti.

Macedo e Índio comandam ataque santista

O atacante Macedo e o lateral-direito Índio foram os destaques do ataque do Santos no empate de ontem à tarde no Morumbi, em 0 a 0, contra o São Paulo. Exceto em duas ocasiões no segundo tempo da partida, em que o atacante Paulinho Kobayashi e o meia Zé Renato articularam jogadas pela esquerda, o Santos só usou o setor direito para atacar.

Durante o primeiro tempo, a habilidade de Macedo proporcionou ao Santos a oportunidade de contra-atacar o São Paulo, num momento em que o time do Morumbi era superior na partida.

Mas foi só na segunda etapa que os ataques do Santos, comandados por Macedo e Índio, levaram perigo de fato ao gol de Zetti. Logo aos 8min, Macedo cruzou, da direita, para Demétrios cabecear. O goleiro são-paulino foi buscar em cima da linha.

Depois, aos 13min e aos 23min, foi a vez de Índio arriscar dois chutes fortes contra o gol são-paulino, ambos de fora da área. No primeiro, Zetti defendeu. No segundo, após o passe de Macedo, Índio bateu para fora, à esquerda do gol.

O uso quase exclusivo do setor direito do ataque chegou até a irritar alguns jogadores santistas. O centroavante Demétrios lamentou que a equipe não tivesse atacado pela esquerda. “Se tivéssemos trabalhado mais por ali, teríamos mais chances de vencer. Nas duas vezes que usamos a esquerda, o Gilmar teve de fazer faltas e acabou expulso”, disse o jogador.

Mesmo assim, o atacante gostou do resultado. “Um ponto está de bom tamanho para um clássico”, disse Demétrios.

O volante Dinho também achou positivo o empate. “Não é qualquer time que vence o São Paulo”, afirmou.

Faltou calma, diz Dinho

O volante santista Dinho concordou com o técnico Serginho quando ele afirmou que faltou calma para finalizar as jogadas de ataque na partida contra o São Paulo.

“Quando o outro time fica sem um jogador, a nossa equipe começa a atacar sem organização. É tanto esforço para marcar o gol que até nos atrapalhamos”, disse o jogador.

Para ele, não é o fato do técnico Serginho gritar muito com a equipe que tira a calma dos jogadores. “Ele nos ajuda, pois está vendo o jogo de fora e nos orienta. Nós é que nos atrapalhamos a nós mesmos”, afirmou.

Dinho achou que a boa marcação sobra a equipe do São Paulo foi fundamental para segurar o adversário. A marcação chegou até a ser violenta, principalmente no primeiro tempo. O próprio Dinho confessou que abusou da força ao barrar a progressão de Cafu num contra-ataque são-paulino.

“Coloquei o braço na frente dele porque vi que Cafu iria ganhar de mim na corrida”, afirmou.



Serginho deixa a cautela de lado e exige time ofensivo ( Em 10/04/1994 )

Serginho resolveu abandonar o lado cauteloso do seu esquema tático. Hoje, contra o São Paulo, o treinador promete surpreender. “Vamos para cima, quero a vitória”, afirmou.

Até esta rodada, Serginho adotava o que chamou de “esquema cauteloso-ofensivo”. Com ele, alçou o time da última para a quinta posição na tabela. Em dez jogos, o treinador obteve seis vitórias, quatro empates e uma derrota.

O time será o mesmo que empatou em um gol no último domingo contra o Palmeiras. O centroavante Guga foi vetado pelo departamento médico. Demétrios continuará no comando do ataque.

Serginho insistiu esta semana no que classificou de “concentração total”. Reclamou que o número de passes errados vem aumentando. Segundo o técnico, o time “costuma dar umas desligadas”.

Para melhorar o entrosamento, pediu calma. Ele quer, principalmente no meio-campo, que a equipe valorize a posse de bola.

Para o meia-esquerda Ranielli, o momento certo para ligar o ataque santista “é sempre que o (atacante) Macedo estiver desmarcado ou correndo para receber o lançamento nas costas dos zagueiros”.

Mas Ranielli afirmou que novas jogadas, ensaiadas durante a semana, surpreenderão o São Paulo. As descidas dos laterais Piá e Índio fazem parte desse novo arsenal ofensivo da equipe.

Contra o Palmeiras, o lateral-direito Índio marcou seu primeiro gol no Paulista. “Sempre gostei de jogar atuando no ataque. Com o esquema do Serginho, alguém do meio cobre minhas descidas.”

Dinho aconselha time a partir para o ataque

Para o volante Dinho, um dos jogadores responsáveis pelo setor de marcação do Santos, é impossível segurar o ataque do São Paulo do técnico Telê Santana. A saída, diz, “é partir para o ataque”.
Sobre sua saída do São Paulo no início do Campeonato Paulista, o jogador diz que a questão é “assunto encerrado”.
Quanto ao resultado do clássico, Dinho afirma que “dá para devolver a derrota do primeiro turno”, quando o time, ainda sob o comando do técnico Pepe, perdeu por 2 a 0.

Repórter – Você já ensinou ao técnico Serginho o ponto fraco do seu ex-time?
Dinho – A gente conversou sobre o nosso esquema tático. O São Paulo todo mundo sabe como joga. Eu não preciso falar nada para o Serginho.

Repórter – É impressão ou você ainda se aborrece quando se fala no São Paulo?
Dinho – Não, isso é assunto encerrado.

Repórter – Como segurar o ataque do São Paulo?
Dinho – Segurar não dá. O que o Santos precisa é não cometer grandes erros e partir para o ataque.

Repórter – Mas enfrentar abertamente o São Paulo não é perigoso?
Dinho – Não. Acho que o pior é recuar. Por isso, combinamos de atuar na frente. Hoje, o Santos é outro, muito diferente daquele que perdeu para o São Paulo no primeiro turno. Hoje nós podemos devolver a derrota.

Repórter – Você encara esse jogo como uma revanche?
Dinho – Não, mas todos nós gostaríamos muito de sair com uma vitória.

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