Santos 5 x 1 Portuguesa Santista
Data: 11/04/1999, domingo, 11h00.
Competição: Campeonato Paulista
Local: Estádio da Vila Belmiro, em Santos, SP.
Público: 5.063 pagantes
Renda: R$ 52.385,00
Árbitro: Flávio de Carvalho
Cartão vermelho: Argel (S).
Gols: Narciso (32-1); Narciso (17-2), Marcos Assunção (20-2), Rodrigão (25-2), Fernandes (28-2) e Aristizábal (36-2).
SANTOS
Zetti; Michel (Ânderson Lima), Argel, Andrei e Gustavo Nery; Marcos Assunção, Narciso, Jorginho e Rodrigo Fabri (Eduardo Marques); Alessandro (Aristizábal) e Rodrigão.
Técnico: Emerson Leão
PORTUGUESA SANTISTA
Wilson Júnior; Jorge Luis, Biluca, Cristiano e Marcos Aurélio (Fernandes); Jadson, Embu, Daniel Frasson e Claudinho (Régis); Curê e Cláudio Millar (Shizo).
Técnico: Varley de Carvalho
Santos goleia no clássico do litoral e continua líder
A Portuguesa Santista resistiu no primeiro tempo, mas no segundo o Santos necessitou de pouco esforço para golear o adversário por 5 a 1 ontem pela manhã no estádio da Vila Belmiro, em Santos.
Com o resultado, o Santos manteve a liderança do Grupo 4, agora com 14 pontos ganhos.
Na etapa inicial, funcionou a estratégia do técnico Varlei de Carvalho, da Portuguesa, de retrancar sua equipe e provocar nervosismo nos jogadores do Santos.
Em um jogo monótono, o time da casa só deu o primeiro chute a gol aos 17min. Aos 30min, a torcida santista já vaiava a sua equipe.
Nem mesmo o primeiro gol do Santos, marcado de cabeça pelo volante Narciso aos 32min, após cobrança de escanteio de Rodrigo, diminuiu a marcação rígida dos jogadores da Portuguesa Santista, que timidamente tentava ameaçar o adversário em contra-ataques.
O caminho para a goleada foi aberto aos 16min do segundo tempo, quando o Santos conseguiu novamente furar o bloqueio da Portuguesa, outra vez por meio de uma cobrança de escanteio de Rodrigo. Argel desviou de cabeça para o gol, mas antes que a bola entrasse, Narciso apareceu para completar de pé direito.
Perdendo por 2 a 0, o sistema de marcação da Portuguesa desmoronou, e o Santos ganhou liberdade para tocar a bola e articular as jogadas de ataque.
“A Portuguesa é um time difícil de enfrentar, mas, depois que eles tomam o primeiro e o segundo, parece que não têm mais ânimo para conseguir se recuperar”, disse o meia Jorginho, autor da jogada do terceiro gol, aos 20min.
Em um lance pelo lado direito do ataque santista, ele invadiu a área e apenas rolou a bola para o volante Marcos Assunção marcar.
Aos 24min, uma falha do goleiro Wilson Júnior permitiu ao Santos ampliar o placar. Ele saiu da grande área para interceptar uma jogada, dominou a bola no peito, mas chutou fraco. Rodrigão se aproveitou do erro e, da intermediária, concluiu para o gol.
O único gol da Portuguesa aconteceu em uma jogada do atacante Curê. Na linha de fundo, pelo lado esquerdo, ele entrou na área, passou pelo zagueiro Argel e cruzou para Fernandes completar.
Quando Aristizábal fez o quinto do Santos, aos 36min, concluindo na saída do goleiro após receber lançamento de Eduardo Marques, o Santos já atuava com dez jogadores -Argel deu um pontapé por trás em Curê e foi expulso.
O técnico Leão disse que o zagueiro será punido com multa. “Ele foi expulso merecidamente. Não precisava bater por trás como ele bateu”, disse o treinador.
Após a partida, indignado com mais uma derrota da equipe -a sexta em sete jogos na segunda fase-, o atacante Curê decidiu abandonar a Portuguesa Santista. “Não tenho mais condições de jogar. Recebi uma proposta da Ponte Preta e quero me transferir.”
Divergência com Leão faz gerente pedir demissão
O conflito com o técnico Emerson Leão levou o gerente de futebol do Santos, Marco Aurélio Cunha, a pedir demissão anteontem, dois dias depois de o ex-jogador Clodoaldo Tavares Santana ter sido indicado para co-ocupar o cargo.
Cunha presenciou a partida de ontem na Vila Belmiro, mas deixou para explicar hoje à tarde, no CT do clube, os motivos de sua saída. Ontem, disse apenas que “desmandos, falta de critério, dificuldades de relacionamento e menosprezo” eram fatores que tinham influenciado na sua demissão.
Leão não quis entrar em detalhes sobre o caso após o jogo. “É um problema administrativo”, limitou-se a declarar. Na semana passada, o técnico havia criticado Cunha por sua ida ao CT do São Paulo para tentar a prorrogação do empréstimo do atacante Aristizábal.
Cunha já tinha sido alvo das queixas do técnico no episódio da partida contra o São Paulo, quando a Federação Paulista transferiu o jogo da Vila Belmiro para o Pacaembu, contra a vontade de Leão. Na época, Cunha se manifestou em favor da FPF, por achar que o regulamento dava poderes à entidade para que adotasse a medida.
Santos vê “clássico da dengue” na Vila (Em 11/04/1999)
Santos e Portuguesa Santista se enfrentam às 11h de hoje na Vila Belmiro, em Santos, preocupados com a mais grave epidemia de dengue que já atingiu a cidade (72 km a sudeste de São Paulo).
Pelo segundo ano consecutivo, Santos lidera o ranking estadual da dengue. Até anteontem, a estatística oficial apontava 2.008 casos confirmados neste ano, o equivalente a 48,5% do total de doentes em todo o ano passado (4.134).
A preocupação com a epidemia levou a Comissão Técnica do Santos a alertar os jogadores. Um funcionário do clube, além de um jornalista e um cinegrafista que frequentam o Centro de Treinamento Rei Pelé, já contraiu dengue.
“Que sirva de exemplo para os jogadores. Isso não acontece só com os outros. Nós também moramos na cidade e corremos o mesmo risco”, afirmou o preparador físico Walmir Cruz.
O clube pretende solicitar aos órgãos públicos que combatem a doença que seja realizada uma pulverização de inseticida na área do CT, onde, devido às frequentes chuvas, formam-se muitas poças de água, ambiente ideal para a procriação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Outro fator de risco no cotidiano dos jogadores das duas equipes é o bairro da Vila Mathias, que registra a maior quantidade de ocorrências de dengue na cidade (159).
A Vila Mathias é vizinha aos bairros do Jabaquara -onde estão o CT do Santos e o estádio Ulrico Mursa, da Portuguesa- e da Vila Belmiro, sede do estádio santista.
O clássico santista também será marcado por iniciar a segunda centena de jogos entre as duas equipes na história. Nos cem primeiros confrontos, o Santos levou ampla vantagem -venceu 65 vezes, empatou 22 e perdeu 13.
No Paulista-99, o Santos é líder, e a Portuguesa é última colocada do Grupo 4 da competição. Mesmo com esse retrospecto, os santistas adotaram um discurso com o objetivo de neutralizar o clima de favoritismo.
“Não há favoritismo. A Portuguesa vai dificultar ao máximo”, disse o atacante Rodrigão.
“O Santos tem superioridade? Tem. Mas anos atrás também tinha e sempre encontrou a mesma dificuldade para vencer a Portuguesa”, declarou o técnico Leão.
Técnico Leão não quer “bando” dentro de campo
O técnico Emerson Leão insistiu durante os treinos da semana com os jogadores do Santos para que eles não se comportem como um “bando” dentro de campo.
Bando, na definição do treinador, “é um time sem comando, que corre para tudo quanto é lugar”.
Segundo ele, isso aconteceu no treino coletivo de anteontem. De acordo com o técnico, em 70% do tempo o treino foi “maravilhoso”. Nos outros 30%, prevaleceu o comportamento de “bando”. “Aí, já não era mais treino”, disse.
Na avaliação de Leão, nos momentos em que isso ocorre, a equipe se deixa levar pela “correria” do adversário e não consegue manter um ritmo de jogo uniforme e impor seu domínio na partida.
O técnico da Portuguesa, Varlei de Carvalho, disse que vai aplicar um esquema tático para bloquear as ações ofensivas do Santos. O objetivo é conseguir irritar o adversário, jogar a torcida contra o time da casa e explorar o eventual nervosismo dos santistas.
Para isso, ele escalou o time com quatro volantes -um deles, Jadson, ex-júnior emprestado pelo Santos, atuará na lateral esquerda, para reforçar a marcação.
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