Dorival Júnior não é mais técnico do Santos. A derrota para o Corinthians, em Itaquera, foi a gota d’água para a cúpula santista, que resolveu interromper o trabalho do treinador para buscar um novo profissional. Modesto Roma Júnior, presidente do clube, seguia com o pensamento de manter o treinador no comando da equipe, mesmo com o mau momento do time, mas acabou ficando isolado e cedeu à pressão de dirigentes, conselheiros e torcedores. Em uma reunião na tarde desse domingo, Dorival foi comunicado oficialmente e pessoalmente de sua demissão. Levir Culpi, sem clube atualmente, é um nome que agrada a diretoria do Peixe, mas ainda não houve qualquer contato. Por enquanto, Elano comandará o time de forma interina.
Desde o apito final no clássico deste sábado, o clima de instabilidade e incertezas passou a pairar na Vila Belmiro. Cartolas e pessoas influentes na rotina do clube passaram a trocar mensagens e ligações e até uma reunião chegou a ser feita na Baixada Santista durante a noite para avaliar qual postura seria adotada.
No CT Rei Pelé, o elenco foi recebido com muito protesto de torcedores que aguardaram a viagem da equipe de volta a Santos. A subsede do clube na Capital Paulista também amanheceu com pichações nos muros e portões, assim como já havia ocorrido durante o Campeonato Paulista, em reflexo a uma derrota para o Palmeiras.
Dorival Júnior não tinha qualquer problema com o elenco para desenvolver seu trabalho e contava com a confiança de Modesto Roma Júnior. O que pesou foi a pressão externa, que diante dos resultados insatisfatórios na temporada, se tornou insustentável para o mandatário santista. Mesmo contra vontade, Modesto foi convencido a demitir Dorival Júnior.
Em 2017, o Peixe conseguiu 15 vitórias, quatro empates e oito derrotas sob o comando do agora ex-treinador. Apesar do Santos ser o único clube brasileiro invicto na Libertadores da América e estar classificado na Copa do Brasil, a queda nas quartas de final do Campeonato Paulista, o início ruim no Campeonato Brasileiro e principalmente o fato de não ter vencido nenhum clássico no ano culminaram para um descontentamento quase que generalizado com o trabalho que vinha sendo feito.
Dorival despede-se do Santos e lamenta ‘trabalho interrompido’ (Em 04/06/2017)
Após ser demitido na tarde deste domingo, o técnico Dorival Júnior divulgou uma carta despedindo-se do Santos. No comunicado, o treinador fez questão de destacar os 65% de aproveitamento que teve no clube e também lamentou o fato de ter o trabalho interrompido no meio da temporada.
Um dia depois de perder o clássico para o Corinthians, em Itaquera, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro, o treinador foi convocado para uma reunião com a diretoria, onde foi informado da demissão.
Antes de despedir-se por completo, Dorival ainda agradeceu o apoio da torcida em parte dos dois anos que ficou no alvinegro. Ele também exaltou o fato de ter pego um time perto da zona do rebaixamento em 2015 e ter conseguido disputar finais e conquistar dos títulos.
Confira na íntegra o pronunciamento do agora ex-técnico do Santos:
“Hoje fui comunicado pela direção do Santos Futebol Clube sobre meu desligamento.
No fundo, quando decidi permanecer treinador do Santos em 2017, eu sabia que seriam dois caminhos: a glória ou pressão. Faz quase dois anos que retornei ao clube e pouco existe da realidade que encontrei.
De um time que flertava com o rebaixamento, hoje saio com título conquistado e tendo estado na parte de cima da tabela em todas as competições.
Deixo com orgulho os quase 65% de aproveitamento em dois anos, mas não é isso que ficará marcado. Levo na memória a busca por jogar bem, por tentar criar um time que proponha um futebol mais bonito de ser visto, como é o DNA do Santos.
Bacana ver os filhos que essa passagem deu. Zeca e Thiago Maia, campeões olímpicos. Gabriel vendido depois de recuperar o futebol. Sair de opção no banco para ser titular. Depois para a seleção e para o futebol europeu. É gratificante retomar o projeto da base, e ter, além deles, o Lucas Veríssimo como realidade; e os meninos Artur e Matheus ganhando corpo.
Sem esquecer do Vitor Bueno, que não é exatamente da base. Mas que foi contratado novo, por tão pouco e é um dos artilheiros do time desde que virou titular.
Foram muitas as possibilidades de sair do clube no final do ano passado, mas a vontade de fechar esse ciclo com um grande título falou mais forte. Infelizmente o trabalho foi interrompido antes que pudesse ocorrer.
De toda forma, muito obrigado ao Santos e à torcida. Meu carinho e respeito aos funcionários do clube, em especial aos que convivia todos os dias no CT, todos vocês me ajudaram muito.
E mais que tudo, obrigado aos jogadores. Todos: aos mais novos que sempre quiseram aprender. E aos mais velhos, os que já tinha trabalhado e os que conheci aqui. Foi muito gratificante trocar experiências com todos, ouvir e falar de futebol em busca de constante melhora.
Todos vocês, durante esses quase dois anos, foram leais e acreditaram que era possível jogando bem.”
Dorival cita “fofoqueiros” e diz que demissão de dirigente causou problema sério (Em 07/06/2017)
Depois de 22 meses à frente do comando do Santos, o técnico Dorival Junior foi demitido da posição no último domingo, após uma derrota para o Corinthians, na Arena, por 2 a 0. Em entrevista à ESPN, o treinador revelou problemas internos dentro do time da Baixada. Além de ter citado confusões envolvendo a diretoria, o treinador também afirmou que existem “fofoqueiros” dentro do clube e explicou o problema que a demissão do ex-gerente de futebol Sérgio Dimas causou no vestiário.
“No Santos tem muita fofoca. Muita gente fofoqueira. Tem muitas pessoas que não querem o bem do clube, querem apenas o bem de si próprio. Eles olham apenas para os objetivos deles (…) É como uma pessoa que esteja sendo investigada na política, um deputado federal, um presidente, que tem foro privilegiado. O conceito de não exigir que a fonte de determinada pessoa seja divulgada, isso, na minha visão, é um foro privilegiado”, disse o treinador, após as acusações de que seu filho Lucas Silvestre teria sido um fator para que o comandante perdesse o “controle” do vestiário.
Durante a entrevista, o treinador lembrou da demissão do dirigente Sérgio Dimas, durante a campanha do Campeonato Paulista. Dorival chegou a afirmar que este episódio causou sérios problemas dentro do elenco. “O presidente me chamou um dia antes da demissão do Dimas e eu pedi encarecidamente que ele não tomasse aquela decisão. O Dimas era um gerente de futebol, uma das mais competentes, acima da média em todos os sentidos, que eu já trabalhei”, ressaltou.
“Os jogadores tinham um grupo com ele e confiavam muito. A todo momento eles faziam colocações e o Dimas sempre ajudava. Era uma pessoa que quase não deixava chegar as coisas para a diretoria, apenas as situações um pouco mais problemáticas. Teve um problema interno, eu tentei faze-lo mudar de ideia, até alertei que a gente teria uma quebra muito grande naquele momento, uma quebra muito grande”, completou.
Levir Culpi chega com a missão de fazer o Santos ‘deslanchar’ em 2017
Mesmo ainda sem ter sido anunciado oficialmente, Levir Culpi já é o novo técnico do Santos. Após a demissão de Dorival Júnior, no último domingo, o treinador chega com a responsabilidade de dar ‘chacoalhão’ no elenco e fazer o Peixe finalmente engrenar em 2017. Afinal, apesar das classificações para as oitavas da Libertadores e quartas da Copa do Brasil, o alvinegro não vinha convencendo e era alvo de críticas por parte dos torcedores
“É preciso chacoalhar a roseira”, resumiu o presidente Modesto Roma Júnior sobre o que pretende ver do Santos com a chegada do novo comandante, em entrevista à TV Globo.
Com 64 anos, Levir estava desempregado desde novembro de 2016, quando foi demitido do Fluminense. Nos últimos anos, o técnico ficou marcado por barrar Fred no time carioca e também por ter um atrito com Ronaldinho Gaúcho no Atlético-MG.
Apesar da extensa carreira, com passagens por diversos clubes do futebol brasileiro, Culpi vai dirigir o Peixe pela primeira vez. Seus títulos de maior expressão são os da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, em 1996, e pelo Galo, em 2014.
O primeiro ato de Levir no Peixe será já no próximo domingo, em Curitiba, em duelo contra o Atlético-PR, às 19h (de Brasília), pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. Mas nesta quarta-feira, o comandante deve ir ao Pacaembu para acompanhar o embate diante do Botafogo. Ainda sem o anúncio do novo técnico, o alvinegro pegará o Fogão sob o comando do interino Elano.
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