Time terá US$ 35 milhões à disposição logo no 1º ano; fundo norte-americano banca investimento
O Conselho Deliberativo do Santos aprovou nesta noite, por unanimidade, autorização para que a diretoria do clube feche acordo de parceria por dez anos com o consórcio formado pela empresa mexicana CIE (Corporação Interamericana de Entretenimento) e pela agência de marketing esportivo Octagon-Koch Tavares.
A vitória do consórcio significa uma derrota para a empresa de Pelé, a Pele Sports & Marketing, que intermediava proposta da ISL, a maior empresa de marketing esportivo do mundo.
O diretor-presidente do consórcio vencedor, Fernando Silva, disse que o montante a ser aplicado no Santos durante os dez anos será de, no mínimo, US$ 250 milhões. “Esse montante virá de um fundo de investimentos norte-americano. Nós só fizemos a intermediação. Não vamos divulgar o nome do fundo para não acontecer o que houve com o HMTF (que gere o Departamento de Futebol corintiano), que ficou visado pela mídia”, disse Silva.
Para ele, as chances de o contrato, que já está sendo preparado, não ser assinado são mínimas. “Só não vai dar certo se encontrarmos um esqueleto no armário ou se a dívida do Santos for monstruosa”, declarou, pouco antes de participar de uma comemoração na sede da CIE, em São Paulo, pela aprovação da proposta.
O investimento inicial previsto é de US$ 15 milhões, dos quais US$ 2 milhões serão destinados às obras do centro de treinamento.
Os outros US$ 13 milhões referem-se à venda dos direitos de exploração da marca Santos.
“Outros US$ 20 milhões estão à disposição do Santos em uma linha de crédito para a contratação de jogadores. Eles usarão esse dinheiro quando e como quiserem”, afirmou Silva.
Os passes dos jogadores contratados pertencerão ao clube e à empresa, na proporção do investimento de cada um.
A parceria implicará a criação de duas empresas: a Santos Futebol, administradora do Departamento de Futebol do Santos, cujo controle pertencerá totalmente ao clube, e a Santos Licenciamentos, de propriedade do consórcio.
Esta última será responsável pela exploração comercial do negócio. Pelo contrato, o clube terá direito a 30% do lucro líquido. Como garantia mínima de lucro, o Santos receberá US$ 5 milhões em cinco anos.
Fernando Silva afirmou que a Santos Licenciamentos não terá nenhum tipo de ingerência sobre o futebol do Santos. “Nossa parte é gerir a parte financeira. Não vamos nos intrometer no futebol, mas não vamos admitir interferências na nossa área”, disse Silva, que informou que a Unicór não será mais a patrocinadora de camisa do clube. “Temos a melhor marca do mundo nas mãos. Vamos buscar parceiros mais fortes nessa empreitada.”
A Santos Licenciamentos ficará com todas as receitas decorrentes do futebol -placas de publicidade, cotas de TV, patrocínio de camisa, Internet-, mas será responsável por todas as despesas, entre as quais os salários de todos os jogadores e a infra-estrutura do futebol santista.
Os passes dos atuais jogadores profissionais continuarão pertencendo ao Santos, mas as empresas ficarão com parte dos direitos sobre os futuros passes dos atuais juniores (20%), juvenis (40%) e infantis (50%).
A parceria do Santos
A Parceira:
CIE/Octagon Koch Tavares
Quem são os parceiros:
– A CIE (Corporation Interamericana de Entretenimento) é uma empresa mexicana de entretenimentos mexicana com ramificações em toda a América Latina. A empresa firmou parceria com o Colo-Colo, do Chile, com o Cruz Azul, do México, e com o Atlético-MG
– A Octagon Koch Tavares é uma empresa de marketing esportivo, que tem clientes como Coca-Cola, McDonalds, GM e Master Card.
Duração: 10 anos
Investimentos
Em reforços:
– US$ 20 milhões só no primeiro ano.
Para quitar dívidas e pagar salários:
– US$ 15 milhões no primeiro ano;
– US$ 10 milhões nos próximos anos.
Em obras:
– US$ 2 milhões para terminar o CT Rei Pelé.
No estádio:
– O plano do grupo é aumentar a capacidade da Vila Belmiro para até 40 mil pessoas. Caso não haja possibilidade de compra dos terrenos vizinhos à Vila, o grupo estuda construir um estádio novo em Cubatão ou São Caetano.
Controle do departamento de Futebol: 100% do Santos
Os passes: O Santos tem direito sobre 100% dos passes dos atuais jogadores
A frase:
“Não estamos preocupados com a nova lei. Nossa parte é apenas financiar o clube e explorar a marca Santos. Nosso contrato é como o do Vasco, não controlamos o futebol.” (Fernando Silva, presidente do consórcio CIE/Octagon-Koch Tavares, que também gere o Atlético-MG, sobre a lei que pode impedir que uma mesma empresa tenha o controle sobre dois clubes no Brasil).
Time pode ter estádio em outra cidade
O Santos poderá ter um estádio em outro município. Caso o clube não consiga comprar os imóveis vizinhos à Vila Belmiro para aumentar sua capacidade, a CIE/ Octagon Koch Tavares planeja construir um estádio em São Caetano ou Cubatão.
“Vamos estudar as possibilidades para ampliar a Vila, que é a nossa prioridade. Mas, se não for possível, vamos construir um estádio moderno em Cubatão ou São Caetano, para poder atender aos interesses dos torcedores que moram em Santos e em São Paulo”, afirmou Tomaz Jarussi, gerente de marketing da CIE.
“Temos parceiros que fizeram arenas nos EUA”, disse o presidente do consórcio, Fernando Silva. O prazo para a conclusão das obras na Vila é de três anos. Para o novo estádio, cinco.
Brunoro é reforço de parceiros
O empresário e dirigente José Carlos Brunoro assinou contrato de parceria com a CIE/ Octagon-Koch Tavares. O ex-técnico de vôlei, de acordo com a CIE, não será aproveitado no futebol do Santos.
“A empresa dele assinou um contrato de parceria com a gente para dar consultoria na área de esportes amadores. Eu garanto que o Brunoro não será nosso representante no Santos”, disse Fernando Silva, presidente do consórcio encabeçado pelos mexicanos.
De acordo com Silva, o novo homem forte do Santos não será uma pessoa ligada ao esporte. “Quero implantar uma outra filosofia. Não quero ninguém do futebol. Nosso objetivo é contratar um executivo.”
Procurado pela Folha, Brunoro limitou-se a confirmar a assinatura de contrato com a CIE/Octagon Koch Tavares.
O dirigente esportivo foi pressionado a deixar, nesta semana, o consórcio que administrava o Botafogo-SP.
O presidente do clube, Ricardo Cristiano Ribeiro, estava insatisfeito com os resultados obtidos pelo time do interior paulista no Brasileiro-99. Após fraca campanha, o time acabou rebaixado para a Série B.
A primeira incursão de Brunoro como dirigente de futebol aconteceu em 92, quando da assinatura da co-gestão Palmeiras-Parmalat.
Comentários