O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, afirmou que os principais jogadores do clube estão sendo chamados pela diretoria para receber uma proposta de redução nos seus salários.
Em entrevista à Agência Folha, Teixeira afirmou que aqueles que não concordarem terão seus passes colocados em disponibilidade.
“Caso não haja uma conscientização, logicamente procuraremos fazer com que esses atletas sejam negociados”, declarou.
Esse é o motivo, segundo o presidente, pelo qual o volante Rincón deixará o Santos.
O jogador colombiano, que ganha cerca de R$ 350 mil mensais, não aceitou o rebaixamento salarial e foi liberado para acertar sua transferência para outra equipe.
De acordo com Teixeira, além do Flamengo, primeiro clube com o qual Rincón negociou, e o Vasco, há outras equipes interessadas na contratação do volante.
Marcelo Teixeira afirmou que a convocação das estrelas do clube está sendo feita pelos gerentes do Santos, com os quais os atletas estão conversando.
Segundo ele, jogadores como Edmundo, Valdo e Carlos Germano foram chamados e já estão discutindo o assunto.
O presidente santista disse não acreditar que a proposta de redução salarial vá provocar insatisfação no grupo de jogadores. Segundo Teixeira, na atual conjuntura, esses atletas não conseguirão receber em outros clubes do país os valores que atualmente ganham no Santos.
“Se nós mantivermos esses níveis (de salários), em menos de dois anos haverá um colapso no futebol brasileiro”, afirmou.
Para reduzir as pressões sobre a folha de pagamento dos clubes, ele defende que os presidentes se articulem para estabelecer conjuntamente faixas salariais de acordo com a qualificação técnica dos jogadores.
“Deveria existir, como na NBA (a liga norte-americana de basquete profissional), um tipo de teto para cada nível de jogador.”
Embora desde o início do ano tenha contratado a peso de ouro jogadores como Rincón, Márcio Santos, Valdo, Galván, Edmundo e Carlos Germano, o dirigente santista nega ter sido, ele próprio, um dos responsáveis pela explosão dos salários de jogadores no mercado brasileiro.
Para Teixeira, o problema começou com o acordo de co-gestão assinado entre Palmeiras e Parmalat em abril de 92 e foi posteriormente agravado com as parcerias de Flamengo, Cruzeiro, Grêmio e Corinthians. “Isso possibilitou que os níveis salariais crescessem às loucuras.”
Para o presidente, o principal erro cometido pela atual diretoria desde que assumiu, no começo do ano, foi acreditar que conseguiria firmar uma parceria com o consórcio CIE-Octagon.
Depois de uma longa negociação, o consórcio anunciou em agosto que havia desistido do projeto com o clube.
Apesar disso, e da tentativa de reduzir a folha de pagamento, Teixeira afirmou que, devido à necessidade de ser campeão, não renunciará a ter um time em condições de conquistar títulos de importância, o que o Santos não alcança há 16 anos.
De acordo com o presidente santista, por esse motivo, não se justifica a chamada política “pés no chão”, adotada na administração anterior, quando Pelé era o homem-forte do clube.
“O Santos não pode se dar ao luxo de fazer outras opções, como outros clubes, porque precisa de um título”, disse Teixeira.
Para ele, o próprio grupo de Pelé só teve os “pés no chão” em 94, “quando o Santos alcançou os piores resultados da sua história”.
Após 94, essa linha administrativa foi abandonada, segundo o presidente, porque a empresa Unicór passou a patrocinar o clube e ajudou a investir na contratação de jogadores.
Mas, apesar de as contratações que fez não terem proporcionado títulos, Teixeira não admite ter sido negativo o desempenho do Santos nesta temporada.
Para o presidente, a mídia está analisando “somente o momento” do Santos, devido ao fracasso na Copa João Havelange, e esquecendo que em 2000 a equipe foi vice-campeã paulista e terceira colocada na Copa do Brasil.
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