A renúncia do presidente Miguel Kodja Neto ocorreu às 21h05, por meio de carta enviada ao Conselho Deliberativo do Clube. A renúncia foi feita 25 horas após Kodja ter sido reconduzido ao cargo por meio de uma liminar.
Eliminado do Campeonato Brasileiro, o Santos tinha ontem (29/11) dois dirigentes exercendo a presidência do clube. Miguel Kodja Neto e Samir Abdul-Hak.
Isso porque o presidente eleito Miguel Kodja Neto, afastado pelos conselheiros do clube desde o dia 10 de outubro por escândalo no Telebingo, retornou ao cargo por meio de uma liminar obtida na Justiça.
Mas a reunião do Conselho Deliberativo do Santos dia 29/11, com a participação de Pelé, decidiu manter Kodja afastado ao aprovar a auditoria da Trevisan e Associados feita em julho deste ano sobre as contas do presidente. A auditoria constatou irregularidades, apontou R$ 1,3 milhão de prejuízo referente ao Telebingo e Kodja pode ser excluído dos quadro associativo santista.
“A Trevisan descobriu inúmeras irregularidades. Existem despesas estranhas, como o pagamento de 838 outdoors para publicidade do Telebingo”, disse ex-presidente santista, Antônio Aguiar, representante do clube junto à Trevisan Associados.
A Folha apurou que um cheque no valor de US$ 100 mil, emitido pelo Santos durante a gestão de Kodja Neto, não teve o seu beneficiário encontrado.
O prejuízo pode ser maior. Segundo o presidente em exercício, Samir Abdul-Hak, “as dívidas com a divulgação do Telebingo na televisão giram em torno de US$ 2 milhões”.
Pelé, que participou da reunião como conselheiro, disse que, se ficar provado o prejuízo, Kodja deve ressarcir o clube. “Se não puder, que seja preso”, afirmou.
Resultado: o vice-presidente, Samir Abdul-Hak, se considerava no direito de exercer o cargo. “Estatutariamente, eu sou o presidente”, disse Abdul-Hak.
O impasse poderia ser resolvido em cinco dias. Este era o prazo que o Conselho tinha para recorrer da liminar concedida a Kodja. O presidente do Conselho, Edmon Atik, disse que iria recorrer.
Mas o impasse terminou hoje, com a renúncia de Miguel Kodja, que foi aconselhado por José Rubens Marino e outros diretores a fazê-lo.
Referências:
– “Santos pode expulsar presidente por irregularidades financeiras”. (Folha de S. Paulo, Caderno Brasil, p. 1-4, 15 nov. 1994).
– “Santos define futuro dentro e fora de campo”. (Folha de S. Paulo, Caderno Esporte, p. 4-3, 29 nov. 1994).
– “Permanece disputa por presidência do Santos”. (Folha de S. Paulo, Caderno Esporte, website, 01 dez. 1994).
– “Kodja renuncia à presidência.” (Folha de S. Paulo, Caderno Esporte, p. 4-1, 01 dez. 1994).
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