Clube investe US$ 250 mil para avaliar jogadores
O Santos conclui neste mês a montagem de um dos mais completos e modernos centros de fisiologia do exercício do futebol brasileiro.
O clube e sua patrocinadora, a Unicór, importaram equipamentos (US$ 250 mil) para realizar avaliação e a reabilitação das condições atléticas dos jogadores.
“Como os aparelhos chegaram aos poucos, o ano que vem será o ano-chave. Teremos uma avaliação individual de todos os jogadores do clube, do infantil ao profissional”, afirma o fisiologista Fábio Mahseredjian, que coordenou a montagem do departamento.
Dentre os equipamentos, um dos mais sofisticados é o dinamômetro isocinético, que avalia a força e o equilíbrio muscular do atleta e reabilita grupos musculares ou articulações com deficiências.
Segundo o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan, o equipamento ajuda a promover um equilíbrio entre a musculatura do lado direito e a do lado esquerdo do corpo.
“Hoje, é básico ter potência e resistência nos membros dos dois lados. O jogador tem de saber chutar com as duas pernas”, diz.
À medida que o atleta realiza os movimentos, o aparelho registra e fornece os indicadores físicos, permitindo criar gráficos, tabelas e um banco de dados do desempenho de cada atleta.
Com base nisso, Rosan prepara programações específicas para desenvolvimento muscular ou recuperação dos jogadores.
O centro também é dotado de esteiras e bicicletas ergométricas, um sistema de análise de metabolismo, aparelho de bioimpedância (para avaliação da quantidade de gordura corporal) e pulsímetros (avaliação de frequência cardíaca durante as atividades).
O Santos também adquiriu um analisador de lactado, que mede a concentração de ácido lático (produto da degradação dos carboidratos) no organismo dos jogadores após uma partida.
A necessidade do aparelho decorre do calendário do futebol, que tem muitos jogos.
“Quanto maior a velocidade de remoção do lactado, melhor. Se o atleta não tiver acúmulo de ácido lático, estará mais descansado e com maior reserva energética para o próximo treino”, afirma Rosan.
Segundo Mahseredjian, o novo departamento deu autonomia e rapidez ao Santos para realizar as avaliações de seus atletas.
“Agora, a gente não precisa mais sair daqui (de Santos para São Paulo) para fazer qualquer tipo de avaliação, exame ou teste.”
Montagem da estrutura é exigência de treinador
A montagem do centro é resultado da contratação, em 96, do técnico Wanderley Luxemburgo e do gerente Marco Aurélio Cunha.
A criação do departamento foi uma das exigências de Luxemburgo e de Cunha. Luxemburgo, além de treinar o time, trabalha como um diretor técnico do Santos.
Ele foi o responsável pela formação de uma comissão técnica multidisciplinar, que inclui auxiliar técnico, preparador físico, treinador de goleiros, médicos, fisiologista, massagistas, fisioterapeutas e psicólogas. Está prevista ainda a contratação de uma nutricionista.
“O Luxemburgo é um profissional que valoriza o desenvolvimento de departamentos médicos e de fisiologia”, diz Fábio Mahseredjian, que realizou trabalho semelhante no Vitória e no Atlético-PR.
Ele faz parte de um grupo de fisiologistas vinculados ao Cemafe (Centro de Medicina de Atividade Física e do Esporte), órgão da Escola Paulista de Medicina.
Pertencem ao órgão os fisiologistas dos chamados “grandes” times paulistas -Turíbio Leite de Barros (do São Paulo), Renato Lotufo (Corinthians) e Paulo Zogaib (Palmeiras).
Fonte: Jornal Folha de SP
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